Copom reduz ritmo, mas volta a cortar taxa básica de juros
Brasília - Na nona redução seguida do juro básico, o Banco Central confirmou a expectativa do mercado e diminuiu, ontem, a intensidade do corte da Selic, que caiu de 8,25% para 7,5% ao ano. A última vez em que a taxa esteve neste patamar foi em maio de 2013.
A decisão foi unânime. O corte, de 0,75 ponto percentual, veio em linha com a expectativa dos 37 economistas consultados pela agência internacional Bloomberg - nenhum via decisão diferente. Desde fevereiro, o Banco Central vinha aplicando reduções de 1 ponto percentual na Selic.
No comunicado divulgado junto com a decisão, o Banco Central informou que o exterior tem se mostrado favorável, sem que a recuperação da economia global diminua o apetite a risco em relação aos emergentes.
Segundo o Copom, o comportamento da inflação "permanece favorável". Porém, seu cenário para a evolução dos preços envolve riscos, como "possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos" e que a possível propagação, por inércia, do nível baixo de inflação.
Por outro lado, diz o Comitê, a frustração com a aprovação das reformas e ajustes necessários para a economia brasileira "pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária".
Os membros do Copom indicaram ainda que, na próxima reunião, em dezembro, se o cenário evoluir conforme esperado e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, será adequada "uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária". No entanto, destacou que o processo de corte "continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
Ritmo - A intensidade menor do corte já havia sido sinalizada pelo BC no comunicado da última reunião do Copom. Na ocasião, a autoridade monetária disse que, se o cenário evoluísse conforme esperava, poderia ser adequada "uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária".
A expectativa do mercado é que a Selic encerre o ano em 7%. Isso significa que os economistas calculam que o BC vai diminuir novamente a intensidade do corte da taxa básica, para uma redução de 0,50 ponto percentual na última reunião do Copom, que ocorrerá nos dias 5 e 6 de dezembro.
A tendência de queda deve levar os juros básicos ao menor nível em 60 anos. Para 2018, a projeção é que a Selic termine a 7%, em linha com o atual cenário de inflação sob controle na economia brasileira.
Em setembro, o IPCA subiu 0,16%, após alta de 0,19% no mês anterior, informou o IBGE. No ano, o avanço é de 1,78% -menor resultado registrado pelo IBGE desde 1998 para o mês de setembro. Em 12 meses, a alta é de 2,54%.
Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, o IPCA deve encerrar o ano a 3,06%, levemente acima do piso de 3% ao ano.
Decisão do comitê do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual foi unânime/Divulgação
Anúncio do BC é bem avaliado em Minas
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) foi bem avaliada pelo setor produtivo em Minas Gerais. Porém, o avanço de reformas para a recuperação da economia ainda preocupa.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, elogiou a decisão do Copom em reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto percentual. Na avaliação do presidente da entidade, o caminho para a recuperação é longo e ainda ocorre em ritmo lento.
Segundo ele, em nota, há indicadores econômicos animadores (a produção física cresceu 2% em Minas e 1,5% no País) e outros que pedem cautela (o faturamento da indústria caiu 1,1% em Minas Gerais e 3,5% no Brasil). "Esperamos que o Copom mantenha o ritmo de redução de juros para recuperarmos o nível de atividade de anos atrás", disse.
O presidente da de Belo Horizonte (/BH), , também faz uma avaliação positiva da decisão. Porém, ele ressalta que governo tem que ser realista e promover uma redução que não comprometa a recuperação da atividade econômica e gere um impacto negativo na inflação esperada no ano que vem.
Ele explica, em nota, que a redução dos juros tem que vir acompanhado da aprovação das reformas e de um controle da inflação, que aliadas a medidas que fomentem a atividade produtiva e a geração de emprego, comecem a alavancar a economia. "Isoladamente, a queda dos juros ainda não é suficiente para o Brasil navegar, definitivamente, em águas calmas, Para deixarmos a recessão para trás, a recuperação tem que se manter sólida e não pode deixar-se contaminar pelo ambiente político. Assim conseguiremos melhorar a confiança dos empresários e investidores", afirma.
Investimento na poupança ficou mais atrativo, aponta a Anefac
São Paulo - A queda da taxa básica de juros para 7,5% ao ano tornou a poupança mais atrativa que a maioria dos fundos de investimento de renda fixa, em especial aqueles com taxa de administração elevadas, de acordo com simulações feitas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
A Anefac estima o rendimento mensal da poupança em 0,43% com a Selic a 7,5% ao ano. Pelas contas da associação, a caderneta perde para fundos com taxa de administração de até 0,5% ao ano, qualquer que seja o prazo de resgate considerado. A caderneta ganha de fundos com taxa de 1% se os recursos forem sacados em até seis meses e empata se o dinheiro for resgatado entre seis meses e um ano. Acima disso, perde.
A poupança perde também para fundos com taxa de administração de 1,5% se o resgate for feito em mais de dois anos. Em prazos inferiores, a caderneta ganha. Já fundos com taxas acima de 2% ao ano perdem para a caderneta, em qualquer prazo considerado.
Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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