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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 14-10-2017 - 06:57 -   Notícia original Link para notícia
A estratégia do multinegócio

Redes de varejo e indústria ampliam suas áreas de atuação em busca de novos clientes









Redes varejistas como Magazine Luiza e Habib's decidiram utilizar a expertise em logística e distribuição para vender novos produtos, que em nada lembram suas origens. Estratégia comum no exterior, o multinegócio visa a ampliar o leque de clientes. Com a recuperação gradual da economia brasileira, o varejo também começa a retomar projetos engavetados e a entrar na era dos "multinegócios". Numa espécie de vale-tudo pelo cliente, grandes redes começam a desbravar áreas em que não atuavam. A Magazine Luiza começou a vender, este mês, produtos de supermercado. O Habib's, rede de fast-food árabe, abriu há duas semanas seu primeiro posto de combustível em São Paulo. Mesmo quem não atua diretamente com o consumidor está diversificando para ter o melhor portfólio de produtos nas prateleiras do comércio: a Unilever, dona das marcas Omo, Knorr e Helmann's, entrou no mercado brasileiro de alimentos naturais e orgânicos com a compra de 100% do capital da Mãe Terra.









EDILSON DANTASMultiplataforma. Tradicional varejista de móveis, eletros e utensílios, a Magazine Luiza passou a vender comida e artigos de supermercado, nas lojas físicas, no site e por aplicativo









- Essa é uma tendência do varejo global. Grandes redes que já têm muito conhecimento em distribuição de produtos, oferta de crédito e e-commerce começam a entrar em novos setores. Como já conversam com muitos consumidores, ampliam esse relacionamento para outros segmentos - explica Marcos Gouvêa de Souza, diretorgeral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, especializado em varejo.









No exterior, a busca pelo cliente começou há mais tempo. Em Portugal, a rede de supermercados Sonae também tem petshops, restaurantes, lojas de eletrodomésticos, celulares, farmácias e até clínicas médicas. Na Inglaterra, a rede varejista Tesco possui de agência de viagem a loja de conveniência e postos de combustível. A americana Amazon, que começou como livraria, hoje vende de roupas a alimentos.









No começo deste mês, a Magazine Luiza passou oferecer, pelos seus canais de e-commerce, produtos como fraldas, leite, shampoos, lenços umedecidos, cervejas, produtos de limpeza, cápsulas de café, entre outros. Hoje, são 3 mil itens, que devem dobrar para 6 mil em seis meses. O projeto tem como alvo o grande número de visitantes que acessa os canais digitais. O e-commerce da rede já responde por cerca de 30% do faturamento.









- Somos varejistas tradicionais dos segmentos de móveis, utilidades domésticas, eletreletrônicos. Mas esses são itens que não trazem recorrência. Uma pessoa troca de televisor a cada dez anos. Na categoria supermercado, buscamos a recorrência. Queremos ter nossos clientes todo dia, levando o Magazine Luiza no bolso e comprando pelo aplicativo - diz Julio Trajano, diretor comercial de e-commerce da rede.









Os produtos de supermercado ficam em estoque e são entregues entre três e cinco dias, em grandes centros como São Paulo. Mas o cliente pode fazer a compra nas lojas físicas. Ele escolhe os produtos também por um aplicativo e pode retirá-los no próprio estabelecimento ou receber em casa. Em algumas lojas de São Paulo, a entrega já está sendo feita em 24 horas.









Para o consumidor, a vantagem é ter um leque maior de produtos em canais em que ele já costuma comprar, inclusive com acesso facilitado ao crédito, dizem os especialistas. Além disso, aumentam as promoções, os programas de fidelidade que dão descontos e vantagens.









- O Magazine Luiza fez uma promoção com uma marca importada de shampoo, condicionador e máscara de hidratação baixando o preço do conjunto para R$ 33. Vendeu 20 mil kits em apenas um dia pelos canais digitais - diz Trajano.









MANTER QUALIDADE É UM DESAFIO









As varejistas também tentam associar características próprias, já conhecidas do consumidor, a esses novos negócios.









- O Habib's tem como marca o preço baixo de suas esfihas. A tendência é que o consumidor associe essa característica também ao preço do combustível - diz o coordenador executivo de Marketing do Insper, Silvio Laban.









O empresário Alberto Saraiva, fundador do Habib's, diz que a estratégia de preços baixos também já está sendo usada no primeiro posto da rede. A gasolina comum sai por R$ 3,39 o litro, enquanto o álcool custa R$ 2,29, preços abaixo da média do mercado. Além disso, em determinado horário do dia, há uma promoção em que o cliente ganha descontos entre R$ 0,10 e R$ 0,20.









- O objetivo é atrair o consumidor que já conhece nossa marca. Pelas mais de 540 unidades do Habib's e Ragazzo que existem no país, passam por ano 200 milhões de consumidores e 19 milhões de carros. É essa base que queremos aproveitar - afirma Saraiva.









Ele lembra que o combustível do posto será fornecido pela BR Distribuidora para garantir a qualidade do produto. Mais quatro postos serão abertos nos próximos seis meses, e, até 2020, serão 30 unidades, alguns como franquia.









A onda multinegócios também vem impulsionando fusões e aquisições. Além de adquirir no Brasil a Mãe Terra, a Unilever comprou, em setembro, a empresa de chás Pukka Herbs, na Inglaterra. Os valores das duas transações não foram revelados, mas o objetivo é o mesmo: ampliar a oferta de produtos e alcançar novos públicos. Dados da Euromonitor mostram que, no Brasil, o mercado de orgânicos já movimenta cerca de € 8 bilhões ao ano (mais de R$ 30 bilhões).









O risco dessa expansão para setores tão diversos, afirma a consultora especializada em varejo Ana Paula Tozzi, presidente da AGR Consultores, é não conseguir se tornar um jogador relevante nesse universo dos multinegócios:









- Como passam a lidar com mais fornecedores, existe o risco de não conseguirem manter o padrão de qualidade construído por essas marcas.





Comércio acelera investimento em máquinas de autoatendimento





Lojas Americanas e Bob's estão entre as lojas que apostam no serviço no Rio





camila.zarur@infoglobo.com.br Em outra tendência do varejo, começa a crescer no Brasil o serviço de autoatendimento em supermercados, lojas de departamento e cadeias de fast-food. A proposta é simples: o próprio cliente passa e paga as suas compras em um caixa automático, dispensando o atendente. Mais difundido em São Paulo, o autoatendimento começa a aparecer no Rio.





FERNANDO LEMOSPraticidade. A neta Ana Clara iniciou a avó Helena no autoatendimento





As Lojas Americanas, por exemplo, já instalaram máquinas na loja do Shopping Rio Sul e têm no Rio um dos mercados de expansão do serviço. E o Bob's instalou, no Barra Shopping, sua primeira lanchonete a funcionar 100% por autoatendimento. O McDonald's informou que a marca espera que 70% das suas unidades ofereçam novas formas de atendimento até 2019.





Para ajudar os clientes, o Bob´s mantém uma funcionária ao lado dos caixas automáticos orientando os clientes sobre o funcionamento. Mas os jovens também ensinam os mais velhos. Caso da estudante Ana Clara, de 9 anos, e da avó, Helena de Sá, de 61.





- A Ana usa bastante essas caixas. Ela que faz as compras para mim. Essa foi a primeira vez que usei o totem e ela me ensinou tudo. Achei prático, vou usar mais - conta Helena.





Para o consultor de varejo Marco Quintarelli, vai demorar para que os serviços de autoatendimento tenham uma grande adesão no país.





- É uma questão cultural. O brasileiro ainda prefere ser atendido por funcionário. Há também a questão de credibilidade, é preciso ter certeza de que o cliente passará todos os produtos. Então, é um processo lento, ainda haverá muitas tentativas e erros, mas vejo que, em alguns anos, o autoatendimento pode se tornar comum para a gente.



'É preciso encantar o cliente'



Presidente das Lojas Renner diz que, com a compra da Camicado, rede estendeu a moda para dentro de casa



Há 40 anos no varejo, o presidente das Lojas Renner, José Galló, decidiu contar sua experiência no livro "O poder do encantamento", lançado há duas semanas.



A Renner comprou a Camicado, de produtos do lar. Também vai se tornar 'multinegócios'?



Nosso negócio é o varejo de moda, e a Camicado é moda para casa. Outros varejistas criaram plataformas de venda e podem ter vários tipos de negócio.



Qual é o diferencial da Renner para ter bons resultados?



É superar a expectativa do consumidor. Oferecer a melhor coleção, o maior conforto nas lojas, o melhor treinamento para os colaboradores. É preciso encantar o cliente. Quem não tem proposta de valor para seu público não é competitivo neste mercado dinâmico.



Com a recuperação da economia, o varejo viverá um novo ciclo?



Vejo todas as condições para um desempenho positivo este ano, depois de dois anos negativos. Mas o crescimento será gradual.



Por que decidiu contar sua experiência em livro?



Quero ajudar as pessoas na escolha da carreira. O varejo é um setor dinâmico, em que não é fácil fazer escolhas.


Vendas crescem 2,7% no Dia das Crianças após 2 anos de quedas


Alta, porém, foi abaixo do previsto; na Saara, movimento até encolheu


A expectativa de crescimento nas vendas do Dia das Crianças se confirmou, e o volume aumentou 2,7% em todo o país na comparação com o ano passado, informou ontem o Boa Vista SCPC. Foi o primeiro avanço após dois anos de quedas. A alta, porém, veio abaixo das previsões do setor - a Federação do Comércio do Estado do Rio (FecomércioRJ) projetava expansão de 7%- e não foi sentida no comércio popular do Rio, cujo movimento até encolheu frente a 2016.


CRIS FAGA/10-10-2017Surpresa. Na Rua 25 de Março, em São Paulo, faturamento surpreendeu lojistas graças ao uso do cartão de crédito


De acordo com o Boa Vista SCPC, a melhora nas vendas segue a tendência de aumento do comércio e de recuperação da atividade econômica. Em 2016 e 2015, os anos mais afetados pela recessão, o varejo teve quedas, respectivamente, de 4,2% e 3,4% no Dia das Crianças. O IBGE informou esta semana que o varejo brasileiro cresceu 3,6% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado.


- O acesso ao crédito mais difícil e os juros elevados ainda limitam o poder de compras dos brasileiros, mas, com o arrefecimento da crise política e a economia dando primeiros sinais de retomada, os consumidores foram às compras de forma menos tímida que nos últimos anos e também nas outras datas comemorativas de 2017 - afirmou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.


Na Páscoa, as vendas haviam crescido apenas 0,93%, enquanto que, no Dia das Mães, houve queda de 5,50%.


No mercado popular da Saara, porém, a maioria dos lojistas ouvidos pelo GLOBO tinha a percepção de queda nas vendas na comparação com 2016.


- Em geral, os maiores consumidores nesta época são os professores. Eles compram uma grande quantidade de brinquedos para dar aos alunos. Mas, como nem todos estão recebendo regularmente, tivemos uma queda significativa nas vendas. Este ano foi muito fraco - contou Manuel Armando, que estimou em 40% a redução do faturamento este ano na loja de brinquedos que gerencia.


EM SP, EXPECTATIVA SUPERADA


Em uma loja de roupas infantis da Saara, as vendas só se mantiveram no mesmo nível de 2016 graças a promoções.


- Muitas pessoas estão se segurando para comprar somente o necessário. O que esperamos é um movimento bem maior no Natal, para compensar as poucas vendas de agora - explicou a gerente Roberta Cardoso.


Se no Rio o movimento foi fraco, na capital paulista o cenário foi o oposto. Na tradicional Armarinhos Fernandes, termômetro de vendas do comércio popular da Rua 25 de Março, as vendas cresceram 8,5% este ano, muito acima das expectativas. O desempenho teve um empurrão vindo do crédito:


- O cartão de crédito foi o meio de pagamento mais utilizado pelos consumidores, e a maioria optou por dividir a compra em até três vezes. Para compras acima de R$ 300, parcelamos em três vezes, sem juros - disse o gerente Ondamar Ferreira, acrescentando que os itens mais vendidos foram carrinhos, bonecas e skates.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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