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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 30-09-2017 - 12:04 -   Notícia original Link para notícia
Desemprego cai, e há mais vagas formais

Taxa recua para 12,6%, graças, principalmente, aos informais. Mas postos com carteira voltam a crescer



O desemprego voltou a cair, para 12,6%, e pela primeira vez houve abertura de vagas também no mercado formal. Economistas dizem que a recuperação está sendo mais rápida que o previsto. O desemprego voltou a cair puxado pela informalidade - para 12,6% no trimestre encerrado em agosto -, mas o mercado formal também já dá sinais de recuperação. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados ontem pelo IBGE, pela primeira vez em três anos cresceu o número de pessoas empregadas com carteira assinada na passagem de trimestre. De junho a agosto, 153 mil trabalhadores foram contratados formalmente.



Ao cair para 13,1 milhões de pessoas, o grupo de desempregados encolheu 4,8% ou menos 658 mil pessoas em relação ao trimestre anterior. Na comparação com igual trimestre do ano passado, quando havia 12 milhões de pessoas sem emprego, o grupo teve alta de 9,1% ou mais 1,1 milhão de pessoas à procura de uma vaga. Economistas, no entanto, avaliam que o mercado e a qualidade dos empregos gerados estão se recuperando mais rapidamente que o previsto, e que isso pode ajudar a criar um ciclo virtuoso na economia.



- Historicamente, o emprego responde bem depois da atividade. Mas o mercado está respondendo mais rapidamente do que o esperado. É a melhora da atividade fazendo efeito no mercado de trabalho, e ele ajudando a economia, empregando. Temos os dois pilares do consumo melhorando: o emprego e o crédito. Isso é ótimo para a economia e, consequentemente, para a geração de mais empregos - analisa Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados.



Apesar de quase 70% do 1,4 milhão de empregos criados no trimestre terem sido gerados na informalidade (sem carteira, domésticos, conta própria e trabalhador familiar auxiliar), áreas com maior incidência de vagas com carteira, como a indústria, também estão reagindo. O número de ocupados no setor cresceu 1,9% na passagem de trimestre e 3,2% em relação aos três meses encerrados em agosto de 2016.



- Devemos continuar vendo aumento de emprego na indústria e queda cada vez menor na construção. E os serviços devem começar a registrar uma contratação um pouco maior. Na virada do ano, já devemos ter melhora considerável na qualidade dos empregos gerados - comenta Thaís.



A indústria criou 365 mil novas vagas; e o ramo de alojamento e alimentação, outras 603 mil. Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, também destacou o "primeiro respiro" dado pela construção, que voltou a contratar depois de muitos trimestres em queda. Gerou 191 mil vagas.



- A recuperação da construção está ligada à estabilidade. É um sinal muito positivo de que o mercado evolui para gerar postos com carteira - diz Azevedo.



Após os números do terceiro trimestre, economistas já projetam taxas médias de desemprego para 2017 na casa dos 12%, em vez dos 13% estimados no início do ano. O Banco Itaú prevê 12,2%; e a FGV e a Rosenberg, 12,8%. Segundo eles, a taxa não deve voltar a explodir porque o mercado tem respondido com a criação de vagas, ainda que informais.



- Há uma melhora do ambiente como um todo - ressalta Bruno Ottoni, economista do Ibre/ FGV, afastando a hipótese de a taxa de desemprego voltar a explodir quando a melhora do mercado levar mais pessoas a procurarem emprego.



O coordenador do IBGE lembra, porém, que o arrefecimento da taxa de desemprego tem sido puxado pela contratação de empregados sem carteira e de funcionários públicos - este último grupo devido à troca de prefeitos na virada do ano, o que acarreta contratação de novos funcionários pelas administrações municipais.



- Tivemos queda na desocupação, aumento da ocupação, mas quase 70% dessas vagas se deram na informalidade, o que é comum em períodos pós-crise, como em 2008 e 2003. Mas ainda é muito cedo dizer que o pior passou, porque vivemos uma crise política que pode botar a perder essa retomada do mercado - pondera.



Para Azevedo, o mercado de trabalho só poderá ser considerado recuperado quando estiver gerando vagas de qualidade, formais, e com rendimentos que façam a massa salarial crescer. O rendimento médio real habitual, estimado em R$ 2.105, ficou estável em relação ao trimestre anterior (R$ 2.116) e em relação a um ano antes (R$ 2.066). Na passagem entre trimestres, todas as atividades ficaram com o rendimento estável. Na comparação anual, somente os empregados no setor privado e na agricultura viram seus salários crescerem, 3% e 9,4%, respectivamente.


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