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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 09-09-2017 - 05:52 -   Notícia original Link para notícia
Itens mais baratos puxam retomada dos eletrodomésticos

Vendas do setor avançam com liquidificadores, fritadeiras e aspiradores de pó verticais


"O custo médio dos eletroportáteis é de R$ 120. A pessoa pode adiar a compra da lava-roupa, mas consegue adquirir um liquidificador" Giovanni Marins Cardoso Presidente da Mondial


Liberação de contas inativas do FGTS ajuda a recuperar o setor, com destaque para os eletroportáteis Liquidificadores, fritadeiras e aspiradores de pó verticais estão na linha de frente da retomada das vendas de eletrodomésticos no país. Vêm seguidos de televisores e, bem mais atrás, fogões e lavadoras, segundo varejistas e fabricantes do setor. A recuperação ganhou fôlego no primeiro semestre do ano, acionada pela liberação das contas inativas do FGTS. Com a melhora na economia, a previsão é de um segundo semestre melhor.


FERNANDO LEMOSPrioridade. A mineira Cristina Torres pesquisa preços de eletroportáteis para o filho: "são mais fáceis de comprar"


- Na crise, as pessoas restringiram e adiaram o consumo de eletrodomésticos. Com a liberação do FGTS, foi possível pagar dívidas e voltar a comprar, priorizando produtos de melhor custo e benefício e que não resultassem em novas dívidas. Os eletroportáteis têm preço médio mais baixo, o que pesa na decisão - explica Rogério Soares, sócio da consultoria Eneas Pestana Associados (EPA).


Foi o segmento de móveis e eletrodomésticos que sustentou o resultado do comércio de janeiro a junho, segundo o IBGE. No período, o varejo encolheu em 0,1%. Mas os móveis e eletrodomésticos ampliaram as vendas em 5,9% no semestre, sobre igual período do ano passado. O crescimento está concentrado, sobretudo, em maio e junho, quando as vendas dos eletrodomésticos subiram 17,3% e 16,9%, respectivamente.


A Eletros, que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos no país, registrou aumento de 18,5% nas vendas de eletrodomésticos de janeiro a junho. O segmento de eletroportáteis avançou 23%, e a linha marrom (TVs, som e vídeo), 30,3%. Já a linha branca (fogões, refrigeradores e lavadoras) recuou 2,97%.


- Mas mesmo a linha branca já demonstra recuperação. Caiu 10% em 2016 e, agora, só 3%. As vendas de refrigeradores e lavadoras caíram em 7%, mas as de fogões subiram em 3%. Isso mostra que a linha branca pode encerrar o ano com desempenho positivo - diz Lourival Kiçula, presidente do Eletros.


João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina, dona das marcas Consul e Brastemp, pondera que, para a linha branca, os resultados ainda não são animadores:


- Esperamos que aconteça algum momento, mas não cair (em vendas) também é importante. Como as vendas pararam de cair, então pode haver certo crescimento no fim do ano, embora a melhora significativa deva vir só em 2019.


BUSCA POR PRATICIDADE


Brega destaca que há espaço para diversas categorias de eletrodomésticos crescerem:


- Lava-louças, por exemplo, traz uma economia incomparável de água e tem apenas 2% de penetração (nos lares) do país.


Neste segundo semestre, as marcas da Whirlpool terão mais de 50 lançamentos em seis categorias, como a lavadora da Consul que promete economia de até 40% da água e do sabão em pó, além de permitir que a água que seria desperdiçada no processo seja reaproveitada em casa.


O salto nas vendas de eletroportáteis tem a ver com o preço mais acessível dos itens, sublinha Giovanni Marins Cardoso, presidente da Mondial no Brasil:


- O custo médio dos eletroportáteis é de R$ 120. A pessoa pode adiar a compra da lavaroupa, mas consegue adquirir um liquidificador - diz ele, que espera que a Mondial feche 2017 com alta de 26% a 30% nas vendas.


No monitoramento de mercado feito pela Eneas Pestana, eletroportáteis para o preparo de alimentos e limpeza e cuidados do lar venderam 15% e 13% mais, respectivamente.


- As pessoas compram o que cabe no bolso. A indústria inovou, principalmente, em eletroportáteis, para ativar as vendas. Na linha branca, menos, onde a inovação acaba voltada à classe AB, de maior poder aquisitivo, mas que é uma fatia menor do mercado consumidor - diz Sérgio Noia, sócio da EPA.


A Arno, por exemplo, lançou um liquidificador com sistema que facilita a limpeza, separando copo, base e faca.


- O consumidor procura por produtos que unam melhor custo-benefício e uma marca consolidada, que gere segurança - observa Roger Ahlgrimm, gerente de Marketing de Food do Groupe SEB, dono da Arno.


Cardoso, da Mondial, cita a mudança no perfil de consumo:


- Há uma tendência maior de consumo de processadores de alimentos. A crise fez as pessoas deixarem de ir a restaurantes, dispensarem a empregada doméstica, buscando praticidade na hora de cozinhar ou limpar.


A aposentada mineira Cristina Torres, de Belo Horizonte, acompanha a mudança do filho Guilherme para o Rio:


- Comprei uma TV para ele. Agora estou pesquisando preços de itens como liquidificador e batedeira, que são mais fáceis de comprar. Fogão, geladeira e lavadora, ele vai trazer os que já tem.


DEMANDA REPRIMIDA PELA CRISE


A tendência para este segundo semestre é de crescimento, mas lento, já que a incerteza político-econômica persiste, dizem os especialistas. O desligamento do sinal analógico de TV - na Região Metropolitana do Rio, o cronograma prevê a migração completa para o digital até 25 de outubro - impulsionou a venda de televisores, diz a Eletros.


- O consumidor busca tecnologia e se mostra interessado em antecipar a troca de sua TV. No Estado do Rio, em julho, a venda desse produto subiu dois dígitos na comparação com 2016, agosto mostrou a mesma tendência - diz Fabio Catarinozi, diretor regional da Via Varejo, dona de PontoFrio e Casas Bahia.


O varejo vem se adequando para estimular o consumo. Promoções, aposta em canais digitais e outras estratégias impulsionam resultados. A Via Varejo elevou em 10,8% suas vendas no segundo trimestre. Afatia com pagamentoà vista chegou a 37,1% do total, ante 27,7% em 2016.


-A moda lida deàvistaé bem considerada para o consumidor, principalmente no momento da negociação com o vendedor. O parcelamento diferenciado que oferecemos nos cartões próprios os ajudam a ter acessoa crédito e escolher um produto de tíquete mais elevado - diz Catarinozi.


Para o Magazine Luiza, o último trimestre foi o melhor da história da companhia, com lucro de R$ 72 milhões e alta de 26% nas vendas.



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