Montadora fará aporte de R$ 2,6 bi, mas não prevê contratações

A Volkswagen anunciou que vai investir R$ 2,6 bilhões em sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para produzir dois novos modelos. -SÃO PAULO- A Volkswagen do Brasil anunciou ontem que vai investir R$ 2,6 bilhões na sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Os recursos serão aplicados na modernização da unidade que passará a produzir dois novos modelos da marca: o compacto Polo e o sedã Virtus. O novo Polo chega ao mercado provavelmente em novembro deste ano, e o Virtus ao longo do primeiro trimestre de 2018.

DIVULGAÇÃOCarros. Fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo: Polo e Virtus serão produzidos no país

De acordo com a montadora, os R$ 2,6 bilhões integram o pacote de R$ 7 bilhões que a empresa pretende investir no Brasil até 2020, e na fábrica do ABC serão aplicados também o desenvolvimento local de autopeças, qualificação de pessoal, testes de certificação e validação e ações para o lançamento dos novos modelos, além da modernização das linhas de montagem para produzir os dois novos modelos.

O presidente da Volkswagem do Brasil e América Latina, David Powels, afirmou que a empresa deverá realizar outros lançamentos este ano:

- Além do Polo e do Virtus, vamos lançar um SUV (veículo utilitário esportivo) e uma picape completamente novos. Uma renovação total de nossa linha de produtos ocorrerá até 2020 - afirmou Powels ontem na fábrica Anchieta, no ABC, que contou com a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira. ADAPTAÇÃO AO MERCADO LOCAL O Novo Polo é uma versão adaptada para as condições brasileiras do Polo alemão. A suspensão do modelo nacional será 20 milímetros mais alta que a do carro europeu, além de ter um design frontal desenvolvido aqui.

Os investimentos contemplarão ainda inovações em todas as etapas produtivas da fábrica Anchieta: da estamparia, pintura à montagem final informou a montadora.

Embora parte dos recursos contemple a qualificação de mão de obra, Powels descartou a possibilidade de contratações, mas disse que os funcionários da unidade que hoje estão afastados, em regime de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho), deverão ser chamados de volta em três meses, com a retomada do segundo e terceiro turnos de trabalho na fábrica. Hoje, a unidade de São Bernardo opera em apenas um turno, o da manhã.

- Vamos voltar para três turnos (de trabalho). Transferimos toda a nossa produção do Gol para (a fábrica de) Taubaté (no interior de São Paulo). Nessa planta aqui, nós vamos produzir o Polo, o Virtus e a Saveiro. Temos entre 200 e 300 (trabalhadores) em layoff - calculou Powels.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, são 687 trabalhadores afastados em layoff neste momento.

Para o presidente da VW do Brasil, os aportes marcam uma "virada de página":

- A Volkswagen está se reinventando com diversas ações que construirão esta nova marca - disse, sem mencionar os escândalos de fraudes em testes de emissões de poluentes em diferentes mercados que abalaram globalmente a imagem da montadora nos últimos anos.

O ministro do Desenvolvimento afirmou que uma nova política para o setor será anunciada até o fim do ano:

- Os técnicos do ministério, juntamente com representantes do setor produtivo, têm se reunido para que, no máximo daqui a dois ou três meses, a gente possa anunciar a nova política da indústria automobilística - disse, referindo-se ao programa Rota 2030, novo regime automotivo que deverá suceder o Inovar Auto, cuja vigência termina no fim do ano.

Entre as iniciativas em discussão, está a de recuperação da cadeia de autopeças com um programa de refinanciamento de dívidas. A legislação do novo programa deverá ter duração de 15 anos.