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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 20-07-2017 - 07:04 -   Notícia original Link para notícia
Livraria Cultura compra rede da Fnac Brasil

Com aquisição, empresa deve fortalecer vendas pela internet e diversificar produtos, com eletrônicos


Grupo apostará na venda de novos produtos e no comércio eletrônico. A Livraria Cultura anunciou, ontem, a compra da Fnac Brasil, numa operação que abre caminho para equilibrar suas finanças e dar um salto no comércio eletrônico. Na avaliação de analistas, a aquisição permitirá a adição de novos produtos e serviços ao negócio, principalmente eletroeletrônicos. Além disso, veem perspectiva de maior eficiência operacional, com ganhos nas áreas de distribuição e gestão. Juntas, as duas redes ganhariam robustez para disputar a liderança do mercado nacional com a Saraiva em unidades físicas e na internet.



- A Fnac tem uma operação estruturada, com e-commerce forte, que corresponde a 48% das suas vendas no país. Na Livraria Cultura, esse percentual é de 22%. Juntas, elas terão sinergias que vão garantir maior eficiência operacional, além de complementariedade na oferta de produtos - avalia Ana Paula Tozzi, à frente da AGR Consultores, acrescentando que ainda é cedo para dizer o que uma marca vai incorporar da outra. MARCA FNAC CONTINUA E RECEBERÁ RECURSOS A aposta na diversificação da oferta de produtos e dos eletroeletrônicos está dada. Em outubro de 2016, a Livraria Cultura incluiu itens como máquinas da Nespresso em seu portfólio e, desde o mês passado, passou a vender iPhones. O comércio eletrônico de empresas que vendem livros e outros itens movimentou R$ 4,31 bilhões ano passado, segundo números preliminares compilados pela consultoria Euromonitor. A previsão é bater R$ 5,4 bilhões em 2021. A Saraiva é líder no segmento, com 1,8% das vendas digitais, seguida pela Amazon (1,4%) e Fnac (0,5%). Ao comprar a filial do grupo francês no Brasil, a Cultura entra nessa briga.


- As vendas de livros encolheram com a crise e, no e-commerce, sofreram impacto com a entrada da Amazon no Brasil. Mas a Livraria Cultura tem um posicionamento diferenciado e é competitiva no on-line. Faz sentido comprar a Fnac, pelo sortimento complementar. Com a oferta de eletroeletrônicos, a Fnac garante um tíquete médio mais alto no canal digital - pondera Pedro Guasti, presidente do Ebit.


Em 2016, 12,2% dos pedidos do comércio eletrônico no país, ou 13 milhões de unidades, foram no segmento de livros, assinaturas e apostilas. Dois anos antes, a fatia foi de 8%, ou 8,2 milhões de itens.


Também no varejo de livros em lojas físicas, a concorrência com a Saraiva vai esquentar. Ano passado, a companhia registrou R$ 1,26 bilhão em vendas, segundo a Euromonitor, alcançando 6,8% de participação de mercado. A Fnac e a Livraria Cultura, em segundo e terceiro lugares no ranking, respectivamente, batem juntas uma fatia de 5,8% de mercado, com faturamento superior a R$ 1 bilhão.


O valor e os termos da operação, prevista para ser concluída nas próximas semanas, não foram divulgados. Em comunicado, a Livraria Cultura afirma ter comprado a Fnac Brasil que, por sua vez, diz ter cedido sua filial brasileira à concorrente. E que vai autorizar "a continuação do uso da marca Fnac e realizará uma capitalização na operação brasileira".


As informações podem ser explicadas por uma negociação cruzada em que o braço do grupo francês estaria colocando R$ 150 milhões no negócio, segundo informou o colunista do GLOBO Lauro Jardim. De acordo com o colunista, a Cultura tem dívida de R$ 60 milhões com os bancos e usaria o aporte para renegociar débitos.


No Brasil desde 1999, a Fnac buscava reestruturar sua operação no país desde o fim de 2016, ano em que as vendas da rede no mercado brasileiro recuaram 7,5%. Em março, a matriz francesa chegou a anunciar que deixaria o Brasil. Em seguida, a Fnac Brasil negou o encerramento da operação, afirmando que tinha iniciado um processo para buscar um parceiro e reforçar a atuação local.


Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), fusões e aquisições serão mais constantes este ano:


- Os segmentos de livros e de eletroeletrônicos perderam vendas nos últimos três anos de crise. Neste ano, já mostram recuperação. Então, existe uma janela de oportunidade aberta para negociações como a da Cultura com a Fnac. A Livraria Cultura vai ganhar massa para crescer, complementar a oferta de produtos.


A janela de oportunidade vem em linha com a recuperação do mercado de livros no país. No primeiro semestre, as vendas subiram 5,62%, e o faturamento, 6,81%, na comparação com igual período de 2016, segundo dados do Nielsen Bookscan, que monitora o comércio de livros no Brasil. No ano passado, o tombo chegou a um recuo de 10,8% em volume e de 3,1% em faturamento.



- Neste ano, já há desenho sólido de recuperação, com aumento de vendas bem acima da inflação e que tende a permanecer - diz Ismael Borges, gestor da Bookscan Brasil.


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