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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 13-06-2017 - 07:08 -   Notícia original Link para notícia
Temor com risco político faz dólar ter alta de 0,65%, a R$ 3,31

Bolsa recua 0,82%, com influência negativa do mercado externo



A avaliação do mercado financeiro de que o presidente Temer saiu enfraquecido do julgamento do TSE, apesar da decisão favorável do tribunal à sua permanência no cargo, fez o dólar subir 0,63%, chegando a R$ 3,312. A Bolsa caiu 0,82%. Para analistas, Temer terá dificuldades para levar adiante a agenda de reformas. A preocupação com o cenário político, que deixa os investidores mais avessos a risco, e o mercado externo, marcado por forte queda das ações de tecnologia americanas, fizeram com que o dólar comercial encerrasse ontem com alta de 0,63%, cotado a R$ 3,312, e a Bolsa recuasse 0,82%, aos 61.700 pontos. Na sexta-feira, os investidores haviam operado atentos ao quarto dia de julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas a absolvição do presidente Michel Temer, apesar de esperada, não acalmou os ânimos dos investidores.



RICHARD DREW/APEm baixa. Na Bolsa de Valores de Nova York, o Dow Jones perde 0,17%: papéis de empresas de tecnologia recuam pelo segundo pregão consecutivo



Parte do mercado acredita que Temer saiu enfraquecido do julgamento, o que dificulta a aprovação das reformas desejadas pelo setor financeiro. Também há o risco de maior desintegração da base, especialmente por parte do PSDB.



- O principal tema no mercado é a aprovação das reformas. Dados os movimentos que temos visto nos últimos dias, e isso inclui o imbróglio político e a debandada da base aliada, a probabilidade de aprovação de reforma diminuiu muito. Estamos indo na direção contrária ao grau de investimento - afirmou Pablo Spyer, da Mirae Asset.



Em relatório divulgado na noite de sexta-feira, o diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, afirmou que, apesar da decisão do TSE, poderá haver "uma deterioração irreversível nas condições políticas e uma perda de capital político do governo Temer". Por isso, Ramos considera que "o cenário para as reformas, especialmente a da Previdência, ficou mais incerto".



Entre as ações, os bancos continuaram sob pressão negativa, devido à preocupação com uma eventual delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. O Banco do Brasil caiu 2,37%, enquanto o Bradesco recuou 1,61%. O Itaú encerrou estável.



A JBS teve mais um dia volátil e fechou em queda de 3,98%. Na sexta-feira, a companhia foi rebaixada em dois degraus pela agência de classificação de risco Moody's. Também há a revelação de que os controladores da JBS venderam R$ 9,9 milhões em ações na véspera de o colunista do GLOBO Lauro Jardim divulgar as gravações de Joesley Batista envolvendo Temer.



Segundo formulário da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram vendidas 984.900 ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia em 16 de maio, ao preço de R$ 10,11. Em 17 de maio, O GLOBO revelou em seu site detalhes da delação. No dia seguinte, os papéis desabaram quase 10% na Bolsa.



Já a Petrobras registrou estabilidade nos papéis ON, cotados a R$ 13,78, e alta de 0,39% nos preferenciais (PN, sem direito a voto), a R$ 12,90.



- A diminuição de tomada de risco no exterior pode afetar o fluxo para ativos de emergentes como os brasileiros. Assim, o cenário interno, que já era uma interrogação, é ainda mais questionado pelos investidores - avaliou Rogério Freitas, sócio na Teórica Investimentos. - A tendência é que Temer fique no cargo como um lame duck ("pato manco", expressão usada pelos americanos para descrever presidentes em fim de mandato), fraco. Mas o pior é que, seja ele ficando ou saindo, é grande a probabilidade de que qualquer reforma aprovada seja aguada e insuficiente.



Lá fora, as principais Bolsas encerraram em queda, com os papéis de empresas de tecnologia americanas despencando pelo segundo pregão consecutivo. Na sexta-feira, o tombo repentino dessas ações, que vinham sustentando a valorização dos índices de Wall Street este ano, provocou a perda de mais de US$ 140 bilhões em valor de mercado.



As razões para a queda desses papéis ainda não está clara para os investidores, mas ele coincidiu, segundo a agência Bloomberg, com a declaração do chefe global de investimentos do Goldman Sachs, Robert Boroujerdi, de que a baixa volatilidade das ações de tecnologia poderia estar escondendo riscos importantes para os aplicadores.



Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,17%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq - que concentra papéis de tecnologia - teve baixa de 0,52%. A Apple, empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, perdeu 2,39%. A Microsoft recuou 0,77%. A Alphabet, dona da Google, perdeu 0,86%.



Na Europa, Londres caiu 0,21%, enquanto Frankfurt recuou 0,98%. Paris teve perda de 1,12%, apesar da vitória do presidente Emmanuel Macron nas eleições legislativas, no domingo, que lhe garantirão apoio parlamentar. FOCUS VÊ CRESCIMENTO MENOR No primeiro boletim Focus após a divulgação do índice oficial de inflação de maio, cujo resultado em 12 meses, de 3,6%, é o menor em dez anos, os analistas ouvidos pelo Banco Central revisaram para baixo a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017, de 3,90% para 3,71% - a segunda semana seguida de queda -, e de 2018, de 4,40% para 4,37%. As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) também recuaram: passaram de 0,50% para 0,41% este ano e de 2,40% para 2,30% em 2018.



A expectativa para a taxa básica de juros (Selic) para o fim deste ano e 2018 foi mantida em 8,5%. Atualmente, a Selic está em 10,25% ao ano, o menor nível desde janeiro de 2014. Para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês que vem, a expectativa é de um corte de 0,75 ponto percentual.



Não houve alteração das previsões para o dólar, que deve chegar ao fim deste ano e de 2018 um pouco acima do que se imaginava inicialmente. Segundo o Focus, a moeda americana deve encerrar 2017 cotada a R$ 3,30, atingindo R$ 3,40 no fim do ano que vem.


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