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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 23-05-2017 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Recessão teima no rastro das delações

Nem dólar, nem ações. É sobre os indicadores de produção, vendas, empregos e contas a pagar que as empresas e as entidades dos setores produtivos da economia começam agora a trabalhar na difícil tarefa de rever as projeções de crescimento neste ano. Em Minas, já não se descarta um novo ano de recessão ou letargia mais forte do que aquela enfrentada durante o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff, diante do terremoto provocado pelas delações dos donos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer e aliados.

A convulsão na bolsa de valores foi só o impacto mais imediato do conteúdo das delações. As novas projeções surgem num cenário mais desconfortável do que o do Brasil, afinal o estado fechou 2016 no vermelho (-2,6%) pelo terceiro período. Os recuos haviam sido de 0,7% em 2014 e 4,3% em 2015.

"Achávamos que o caso da Odebrecht era o fim do mundo. Agora descobrimos que há degraus no fim do mundo", reage Flávio Roscoe, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas do Estado de Minas Gerais (Sindimalhas), numa comparação das propinas que teriam sido pagas pela JBS e pela construtora investigada na Operação Lava-Jato.

O ambiente de negócios e a competitividade da indústria começavam a melhorar, num contexto de mais confiança e de redução do custo do dinheiro. A indústria têxtil vinha trabalhando com expansão de pelo menos 1% em 2017.

Se as dúvidas ainda teimavam, mas cada vez um pouco menos, agora voltam a todo fôlego e generalizadas, dos rumos do câmbio aos juros. "O ambiente de negócios melhorava até porque a crise política se distanciava da crise econômica e a agenda da economia estava avançada", resume Mário Campos, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). O setor vinha apostando em expansão de 0,5% do consumo de álcool e etanol em 2017.

Se o país para, de novo o sinal é de adiamento dos investimentos e sacrifício do emprego e da renda da população." Tende também a adiar as reformas, à medida que vai despencando a popularidade do presidente e isso afeta a capacidade de articulação no Congresso", lembra o economista Guilherme Velloso Leão, superintendente de Ambiente de Negócios da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). A indústria mineira trabalhava com a perspectiva de elevar a produção em 1,9% neste ano.

Mais conservadora, a taxa de crescimento prevista pelo comércio de Belo Horizonte é de 1,1%. No entanto, se alcançado o percentual, de acordo com a de BH (-BH), terá tirado o setor de uma sequência que acumula dois anos de encolhimento - 4,34% em 2015 e 1,49% no ano passado. Em comum, o tom das revisões para 2017 depende das reformas no Congresso, consideradas uma preparação para o retorno do dinheiro que financia a produção. Se houver desdobramentos suficientes do terremoto em Brasília para abalar esses projetos, o impacto tende a ser devastador e superar a paralisia como o impedimento da ex-presidente Dilma.

SEM OCUPAÇÃO

15,9%

Foi a taxa de desemprego medida entre as mulheres em Minas Gerais durante o primeiro trimestre, informou o IBGE. O percentual para os homens foi de 11,9%.

Quem confia?

Apurado de 2 a 12 de maio, portanto antes do vazamento das delações dos donos da JBS, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) alcançou 52 pontos, ficando acima da linha de confiança do indicador. O comportamento foi determinado, na prática, pelas grandes empresas do setor, com Icei de 55,3 pontos.

Baixas na construção

O nível da atividade da construção em Minas atingiu 44,8 pontos em março, maior nível desde julho de 2014, segundo a sondagem feita regularmente pelo Sinduscon-MG. Embora tenha havido aumento de 12,8 pontos frente a março de 2016,o índice de expectativa de emprego, de 43,3 pontos, indicou queda para os próximos seis meses.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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