Apaixonados por cães e gatos fazem movimentar um mercado bilionário no Brasil. Segundo dados da Abinpet, esse segmento gera cerca de R$ 19 bilhões por ano

Negócios diferenciados e criativos se alastram e conquistam os apaixonados por cães e gatos, entre outros animais de estimação. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais (Abinpet), o mercado pet movimenta cerca de R$ 19 bilhões anuais. E em 44% dos lares brasileiros, ou seja, cerca de 29 milhões de residências, há algum tipo de animal doméstico, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No rastro dos números, o segmento comporta mais de 52 milhões de cachorros e 21 milhões de gatos, tornando o Brasil o segundo maior país em total de cães, felinos e aves de estimação, segundo a Abinpet.

Para Renato Filhusi Mariano e Ronaldo Abras Rajão - médicos veterinários e sócios da Clínica Veterinária Anchieta, o mercado deixou de flutuar mesmo em tempos de incerteza econômica, assim como funciona a saúde humana. "Os hospitais não ficam vazios em crise financeira e o pet é um membro da família. Vários jovens casais optam por ter um pet e não filhos", garante Renato. "Nos serviços de estética animal, a queda é muito menor do que já foi. Quando o animal dorme na cama de uma pessoa, banho e tosa deixam de ser itens supérfluos", emenda Ronaldo.

A clínica existe há nove anos e hoje conta com 12 colaboradores. "Temos um centro veterinário com completa estrutura de atendimento clínico e de estética animal, pet shop e farmácia. Com atendimento 24 horas, oferecemos serviços de endoscopia, raio X, eletrocardiograma e ultrassonografia, entre outros. Contamos com laboratório próprio e serviço de internação, bloco cirúrgico completo, vacinas e atendimento a planos de saúde", descreve Renato.

"Na loja, contamos com grande linha de guias, coleiras, peitorais, camas, comedores e bebedouros, roupas, rações, brinquedos, produtos de higiene para o pet, além da farmácia veterinária e produtos preventivos para carrapatos, pulgas, leishmaniose e vermífugos. A estética animal conta com serviços de banho, tosa, hidratação, branqueamento, tonalização, queratinização e banhos terapêuticos supervisionados", ressalta Ronaldo.

Ele explica que no atendimento veterinário a demanda de diagnóstico de imagem cresce, assim como os cuidados preventivos, como consultas de rotina e acompanhamento com especialistas. "Cada vez mais o tutor quer prevenir e isso é um sinal de maturidade com relação à saúde animal, além do fato de o pet, muitas vezes, ser considerado membro da família."

Renato, que está no ramo há 10 anos, lembra que com ele ocorreu algo muito comum no segmento. "O motivo de querer ser veterinário é, inicial e fundamentalmente, emotivo. Carinho e cuidado por animais são, muitas vezes, aflorado por algum pet que tivemos. No meu caso, tive um pastor-alemão chamado Thor, que morreu quando eu tinha 15 anos. Como foi especialmente importante para meu amadurecimento e meu desenvolvimento de responsabilidades, quando ele faleceu prometi a mim mesmo que seria veterinário e que me dedicaria ao máximo para evitar que outras pessoas sofressem como estava sofrendo. Hoje, digo sem receio que meu trabalho é meu hobby."

Ronaldo já está há 17 no ramo. "Sempre trabalhei na área. Na realidade, eu e Renato perseguimos nosso objetivo e hoje almejamos a excelência no atendimento", diz o médico. "Acredito que o diferencial da nossa clínica esteja no carinho, dedicação e acolhimento que nossa equipe não perde, mesmo com o grau de profissionalismo e de qualidade técnica que temos. Normalmente, isso se perde quanto mais profissional e técnico, comumente mais fria e distante costuma ser a relação com o cliente. Nos preocupamos muito com isso, pois faz parte dos valores de equipe. Diria que nosso ponto forte e diferencial é este: carinho e dedicação para manter a saúde do animal em equilíbrio. A Clínica Anchieta também está sempre em contato com os donos dos animais. Sabemos o nome da maioria dos nossos animais e tutores", garante Ronaldo.

DEDICAÇÃO Para vencer neste ramo Renato avalia que é preciso responsabilidade e carinho. "Brinco dizendo que o cuidado com que as pessoas escolhem a creche, berçário ou escola é o mesmo que as pessoas escolhem hoje o centro veterinário animal. E o mesmo ocorre no serviço veterinário em paralelo com a pediatria". Ele acredita que vale a pena continuar investindo no setor e justifica. "É um dos mercados que mais crescem no mundo. No Brasil, o número de pets irá superar o de crianças até 14 anos, segundo projeções. E tem demanda e espaço no mercado". Os dois sócios revelam que pretendem abrir, num futuro próximo, mais dois centros veterinários.

"Para entrar neste ramo é preciso que a pessoa tenha, primeiramente, um pet. Que tenha um cão ou um gato e estreite relação com esse público antes para entender a demanda. No meu caso, meu trabalho é meu hobby. Encanto-me com brincadeiras, com latidos, com inocência, me comovo com a vontade de superar e a capacidade de perdoar que os animais têm. São uma fonte de carinho, amor e personalidade ambulante. A vantagem em termos de negócio é trabalhar em um setor de demanda e reconhecimento crescentes", completa Renato.

Sobre as dificuldades do setor, Ronaldo diz que é arcar com as responsabilidades. "A atualização deve ser constante. Não se diagnostica uma doença que não se conhece e, por isso, a dedicação e a necessidade de estudo e aprimoramento é exponenciais. O mercado de produtos também está em expansão. Pessoas gostam de novidades e buscam issto o tempo todo, é um desafio."

Rossana Magri é especializada em imagens de cachorrinhos e gatinhos, com técnicas especiais para o registro fotográfico
No álbum de recordações

Rossana Magri é uma experiente fotógrafa corporativa. É formada em comunicação social pela PUC Minas na turma de 2008, tem especialização em gestão estratégica da comunicação e é pós-graduada em fotografia, arte e cultura pelo Instituto de Educação Continuada (IEC), da PUC Minas. Disposta a entrar para o mercado pet, resolveu criar a Sessão Retrato Pet Book. "O serviço consiste na produção de fotos de cachorros e gatos para lojistas e marcas de produtos especializados neste setor, durante ações promocionais e de relacionamento dessas empresas com seus públicos-alvo. As fotos se tornam brindes personalizados como ímãs de geladeira, porta-retratos e lembranças virtuais", explica.

Ela ressalta que o que parece simples, que é manter o pet quieto diante da câmara, é algo que requer técnicas próprias, pois a concentração do animal dura poucos segundos. "Esta é uma experiência única para os donos, que se sentem presenteados ao ver seu pet se tornar um verdadeiro modelo, como os de propaganda", garante Rossana, que se orgulha de nunca ter encontrado um cãozinho que não se deixasse fotografar. "Desde que me especializei em um curso com o argentino Leonel Falcon, no ano passado, foram mais de mil cliques bem-sucedidos", orgulha-se a fotógrafa.

"As ações nas lojas e fabricantes têm custo variado, conforme o formato do evento, mas os donos de cachorros e gatos podem adquirir o serviço de Pet Book pagando de R$ 550 a R$ 900. Normalmente, o ensaio dura em torno de uma hora e faço cerca de 100 fotos", explica Rossana. Ela trabalha com pets há quase um ano, mas já é profissional, fotografando para empresas há mais de 10. "A Pet Book foi criada para deixar as pessoas mais felizes, encantar clientes e poder mostrar para todo mundo o quanto a amizade entre pets e humanos é belíssima", ressalta.

"Entrei no ramo pet por achar ali uma oportunidade de mercado que vem crescendo bastante. A demanda é grande, graças a Deus", reconhece. "Antes de começar com os pets resolvi fazer um operatório com cerca de um mês e, no seguinte, já comecei a vender a ideia. Aprendi uma técnica para tirar as fotos dos cachorrinhos, que ficam quietinhos e até fazem poses. É como se fosse um álbum de família. As pessoas gostam muito. É só o cliente ligar que vou até a residência dele e lá mesmo faço as fotos.,Esse serviço corresponde a 25% do meu faturamento", contabiliza.