Dom WalmorDom Walmor menciona delações da Odebrecht durante Missa da Unidade e pede correção de "descompassos da sociedade, começando pelos principais dirigentes"
Unir forças para reconstruir o país, com o apoio de Deus, principalmente após a divulgação da lista com 108 nomes de políticos e outras pessoas que serão investigados por corrupção, incluindo algumas das principais lideranças nacionais. Essa foi uma das mensagens do arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmordom Walmor Oliveira de Azevedo, durante a celebração da Missa da Unidade, que reuniu ontem cerca de 15 mil católicos no ginásio do Mineirinho, na Região da Pampulha, na capital mineira. O ritual, que marca a última ceia de Jesus com os apóstolos, emocionou fiéis e abriu os eventos do tríduo pascal, que começa a com a ceia e termina com a ressurreição.

"Quando nós tomamos conhecimento de listas, de nomes ou de corrupção, em qualquer instância da sociedade, isso nos entristece muito, nos surpreende. Mas nós precisamos levantar a cabeça para uma grande reconstrução nacional, na Justiça, na paz, na honestidade e no amor. Não há outro caminho", disse o arcebispo. O chefe da Cúria MetropolitanaCúria Metropolitana destacou que o momento é de perseverar para alcançar tempos melhores. "Não podemos perder a esperança, precisamos corrigir os descompassos da sociedade começando principalmente pelos principais dirigentes. Por isso, olhar a Cristo é aceitar a conversão, um novo caminho na verdade e na vida. Esperamos que todos se abram à verdade do Evangelho e nós possamos fazer um novo caminho e reconstruir como é preciso a nossa sociedade brasileira", acrescentou.

Dom WalmorDom Walmor iniciou a celebração da Missa da Unidade, que ocorre há 37 anos em Belo Horizonte, cumprimentando os fiéis em uma meia volta no ginásio. Muitas pessoas se emocionaram ao apertar as mãos do religioso, entre elas a faxineira Maria de Jesus Nazareno, de 48 anos. "É uma energia muito boa que ele passa e nós precisamos disso para manter a nossa fé", afirmou. Além de cumprimentar os adultos, o arcebispo metropolitano também abraçou várias crianças, recebendo o carinho dos pequenos. Ele destacou a necessidade da união, símbolo maior da celebração de ontem. "Nós nos congregamos para renovar a força da união que vem de Deus, porque, do contrário, por nós mesmos não conseguimos avançar na solidariedade e no amor. Por isso, a Missa da Unidade tem uma grande importância para nos firmar no caminho da comunhão e da fraternidade e, assim, abrindo o tríduo pascal, quando nós temos que seguir os passos do Senhor para experimentar a vitória da vida sobre a morte", disse.

Fé A relação entre vida e morte não sai da cabeça da funcionária pública Rosanilda Lúcia de Jesus, de 59 anos. Ela encontrou na Missa da Unidade a oportunidade para buscar paz de espírito depois que a vizinha, Adriana Maria da Cruz, de 39, foi assassinada após ser sequestrada no estacionamento do Itaú Power Shopping, em Contagem na Grande BH. Quatro bandidos abordaram a vendedora do Leroy Merlin com a intenção de roubar seu carro, mas um deles acabou enforcando Adriana com um cadarço e os criminosos jogaram o corpo na lagoa da Várzea das Flores, também em Contagem. "É um momento de aprendizado e de fé. Preciso dessa fé para buscar força e vencer a violência, que contaminou a sociedade", afirma.

O aposentado Jader Soares, de 54, disse que a situação do país está muito difícil e que, sem Deus no coração, piora. "Não podemos ficar desprotegidos nesse momento complicado. Vim agradecer a Deus, que nunca me deixou na mão", afirma. O seminarista Lucas Moreira Reis, de 26, ligado à paróquia São João XXIII, na Região do Barreiro, lembrou que o momento é de unidade dentro da igreja, mas também com outras instâncias da sociedade. "A quebra de conjunto causa a corrupção. Por isso, desejo experiência para que possamos nos unir com outros setores. O nosso fundamento é a unidade", diz.

Há cinco anos exercendo o sacerdócio, o padre Carlos Maria dos Santos, da paróquia Santo Cura Dars, no Bairro Prado, Região Oeste de BH, lembrou o recado do Papa Francisco para a semana santa. "O Papa nos pede o encontro dos irmãos. É o momento de revermos a as nossas condutas e perceber que o amor de Deus é para todos", afirmou o pároco.