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Portal O Tempo ( Cidades ) - MG - Brasil - 08-04-2017 - 10:36 -   Notícia original Link para notícia
Desrespeito a faixas de ônibus gerou 341 multas por dia em BH

Média leva em conta os registros do primeiro bimestre; infração cresceu 17,5% comparando-se com 2016



Confuso. Especialistas apontam conflito no tráfego da avenida Nossa Senhora do Carmo


RAFAELA MANSUR


Uma média de 341 pessoas foram multadas por dia em Belo Horizonte por transitar em faixas ou vias exclusivas para o transporte coletivo de passageiros nos dois primeiros meses do ano. A infração é uma das três mais cometidas na capital, mas, segundo especialistas em trânsito, nem sempre a culpa é do motorista - o descumprimento consciente da medida por parte dos condutores está aliado, muitas vezes, a falhas estruturais das pistas.

Em janeiro e fevereiro, 20.161 infrações por invasão de faixas exclusivas foram registradas na cidade, o que representa aumento de 17,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando ocorreram 17.144 autuações deste tipo. Nas pistas exclusivas, somente ônibus de transporte coletivo de passageiros podem circular. Já nas faixas exclusivas, os demais veículos podem trafegar em um trecho curto, somente para realizar conversões. A capital tem 23,1 km de faixas ou pistas exclusivas para Move e 31,3 km de faixas exclusivas ou preferenciais para o transporte coletivo - a última alteração nessa extensão aconteceu em 2014.

O empresário Vinicius Ziviani, 35, chegou a receber três multas de uma só vez. "Eu estava vindo da avenida do Contorno à noite, entrei na Nossa Senhora do Carmo e mantive à direita, mas não percebi que estava na faixa exclusiva e continuei. Passei por três detectores de invasão", contou. Mesmo depois das autuações, ele ainda usa as faixas exclusivas, às vezes. "Eu tomo cuidado, claro, mas muitas vezes entro de propósito para agilizar minha viagem. A gente não pode andar na faixa do ônibus, mas os ônibus andam sempre nas outras, e as linhas tracejadas, para conversões, são curtas", disse.

A priorização do transporte público nas pistas e nas faixas exclusivas é uma tendência mundial, segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Enquanto um veículo particular transporta, em média, 1,2 passageiro, um ônibus é capaz de levar até 70 pessoas.

Análise. Para o especialista em trânsito João Luiz da Silva Dias, as faixas exclusivas são essenciais, mas melhorias estruturais nas vias são necessárias para que os benefícios sejam alcançados. "Na avenida Nossa Senhora do Carmo, por exemplo, há bastante conflito, muitas vezes os carros são empurrados para a faixa exclusiva e não conseguem retornar, porque se forma uma fila grande na faixa ao lado. Na área hospitalar, as faixas exclusivas ficam no meio da rua, é muito difícil. A questão não é simplesmente o desrespeito do motorista, às vezes, o sistema não foi bem implantado", pontuou.

De acordo com o coordenador da engenharia de transporte e trânsito da Universidade Fumec, Márcio Aguiar, as faixas ajudam a priorizar o transporte coletivo, mas nem sempre são eficazes. "É muito difícil os usuários respeitarem as faixas de forma tranquila, não existe obstáculo físico, e há sempre uma tendência de entrar na faixa para ficar livre do congestionamento. Mas, quando são multadas, as pessoas tendem a ficar mais atentas". Ele acredita que a melhor solução seria a criação de mais corredores segregados, exclusivos para ônibus, como o da avenida Antônio Carlos. "É preciso investir mais no transporte público".

A BHTrans informou que realiza pesquisa em campo e estudos técnicos para a implantação de faixas e pistas exclusivas.


Infração. Transitar na faixa ou na via exclusiva para ônibus é infração gravíssima. O motorista está sujeito a apreensão e remoção do veículo, multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira.



SAIBA MAIS


Excluídos. Apenas ônibus do transporte público podem trafegar nas faixas exclusivas; os de fretamento não têm prioridade. O mesmo acontece com os táxis, que não têm permissão para circular com os coletivos, exceto nas pistas do Move nas avenidas Antônio Carlos e Pedro I.

Experiência. Os táxis estão circulando nas pistas exclusivas em caráter experimental por 90 dias, desde o dia 6 de março. Os veículos podem trafegar somente com passageiros a bordo, na faixa da direita, mantendo os faróis acesos e o eletrovisor (placa sobre o teto) ligado. O taxista não pode realizar embarque ou desembarque de passageiros ao longo da pista de ônibus. Os resultados dos testes serão avaliados para que seja estudada a viabilidade de implantação da medida em caráter permanente.



Capital tem 57 aparelhos para flagrar infrator


Os equipamentos de fiscalização eletrônica que detectam a invasão das faixas exclusivas para ônibus são aposta da BHTrans para inibir infrações. No ano passado, esses aparelhos flagraram 104.881 veículos nessa situação. No entanto, não há previsão de instalação de novos detectores, que somam 57 atualmente.

Segundo o órgão, os detectores de invasão são importantes para que as condições de circulação do transporte público melhorem, o que pode incentivar mais usuários a utilizar os coletivos. Além disso, de acordo com a BHTrans, "a instalação desses equipamentos, não só em Belo Horizonte, mas no mundo inteiro, é um mecanismo que reduz consideravelmente o número de vítimas no trânsito".

Dos 57 aparelhos, 44 foram instalados em 2015, e outros 13, no decorrer de 2016. Os aparelhos se concentram, principalmente, nas avenidas Augusto de Lima, Cristiano Machado, Pedro II, Nossa Senhora do Carmo e Vilarinho. A fiscalização também pode ser feita pela Polícia Militar ou pela Guarda Municipal.


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