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Isto é Dinheiro online ( Investimentos ) - SP - Brasil - 08-04-2017 - 11:09 -   Notícia original Link para notícia
Crédito para todos

Os bancos querem emprestar mais dinheiro para pessoas físicas, e não são os únicos. Saiba como aproveitar esse momento



Cláudio Gradilone



07.04.17 - 18h00 - Atualizado em 07.04.17 - 18h0542



Divulgada no dia 29 de março, a edição mais recente do relatório de crédito mensal do Banco Central (BC) reforçou dados que vinham sendo divulgados desde o início do ano. Agora, quando o assunto é empréstimo, as pessoas físicas são mais importantes para os bancos do que as empresas. Pelos dados do BC, no fim de fevereiro, os indivíduos deviam R$ 1,566 trilhão aos bancos. Esse total supera em R$ 63 bilhões o total devido pelas empresas. Ainda que pouco representativa em comparação com o total da carteira, essa diferença é inédita.



Desde 2007, quando o C começou a divulgar esses números de forma sistemática, pessoas jurídicas sempre foram mais importantes do que as pessoas físicas no crédito. A explicação para essa reversão é a conjuntura difícil, tanto econômica quanto jurídica. Grandes tomadores de empréstimos, como as empreiteiras, tiveram de se retirar do mercado devido às turbulências da Lava Jato. A desaceleração da economia também diminuiu o apetite por crédito. A ordem, na maioria dos departamentos financeiros das grandes empresas, é pagar as dívidas.



Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco: "A inflação de alimentos será menor do que as correções salariais. vai sobrar mais dinheiro para o consumo" (Crédito:Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress)



"Quando existe uma recessão tão profunda quanto a que estamos vivendo, tanto as empresas quanto as pessoas físicas reduzem sua alavancagem", diz Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Porém, Trabuco diz estar mais otimista com as pessoas físicas. "Pela primeira vez em alguns anos, a inflação de alimentos será menor do que a média das correções salariais", diz ele. "Isso reduz o peso da alimentação no consumo das famílias, algo muito importante para as faixas de renda mais baixa, e vai sobrar mais dinheiro para o consumo." Trabuco, que falou com a DINHEIRO durante um seminário do Bradesco BBI na terça-feira 4, avalia que o crescimento econômico deverá se acelerar a partir do segundo semestre deste ano.



Tudo isso torna os bancos mais propensos a abrir as carteiras e oferecer mais empréstimos aos indivíduos do que vinham fazendo até o fim de 2016. "A concessão de créditos para a pessoa física parou de cair", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, associação das financeiras. Isso vai além dos bancos. "Os empresários de varejo também estão se movendo e voltando a financiar pequenos gastos do consumidor", diz Tingas. Os banqueiros, tanto os gigantes quanto os de menor porte, vêem esse cenário como uma oportunidade para voltar a emprestar dinheiro.



Thiago Alvarez, um dos fundadores da GuiaBolso: "Ao romper a barreira da conveniência, o cliente consegue de fato pagar menos pelo crédito" (Crédito:Simon Plestenjak)



"Nos últimos anos houve diversas mudanças na legislação, que tornaram mais fácil para os bancos menores tanto captar recursos quanto emprestar dinheiro, especialmente por meios digitais", diz João Vítor Menin, presidente do banco mineiro Intermedium. "Pela primeira vez em muito tempo, os bancos de menor porte não precisam repassar os créditos que originam para os concorrentes maiores", diz ele. Sergio Furio, fundador da fintech Creditas, anteriormente denominada Bankfácil, uma plataforma digital de intermediação de crédito, nota o apetite renovado da clientela.



"A demanda do primeiro trimestre de 2017 praticamente dobrou em relação ao mesmo período de 2016", diz ele, sem revelar números. "Estamos notando que o cliente está mais confiante para tomar dinheiro emprestado." Furio diz que é possível perceber uma mudança, especialmente nos micro e pequenos empresários, nos quais as contas da pessoa física e as da pessoa jurídica se confundem. "A demanda apenas para rolagem de dívidas diminuiu, agora notamos mais tomadores de crédito propensos a investir e a gastar", diz ele. Além da disposição renovada, a tecnologia torna mais fácil ao tomador comparar prazos e preços.



Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi:"Os empresários de varejo também estão se movendo e voltando a financiar pequenos gastos do consumidor" (Crédito:Divulgação)



Não se iluda, empréstimo no Brasil continuará a ser caro. No entanto, com um pouco de pesquisa e planejamento, será possível reduzir, ainda que levemente, o peso dessa fatura no bolso. Basta perguntar a Thiago Alvarez, um dos fundadores da fintech GuiaBolso. Fundada em 2013 e com 3,3 milhões de clientes cadastrados, a empresa colocou um novo aplicativo de gestão financeira no ar no fim de fevereiro. Os resultados superaram as expectativas. "Notamos que a maioria dos clientes usa as linhas de crédito mais convenientes, que são as mais caras", diz Alvarez. Segundo ele, 35% dos clientes estão no cheque especial, e 15% usam as linhas do rotativo do cartão de crédito.



Isso não ocorre por indolência, mas por uma dificuldade prática do cliente em encontrar e contratar uma linha mais barata. Aplicativos como o da GuiaBolso proporcionam mais visibilidade do mercado. "É possível comparar taxas e encontrar, por exemplo, um empréstimo mais barato em uma linha de crédito pessoal", diz Alvarez. "Ao romper a barreira da conveniência, o cliente consegue de fato pagar menos pelo crédito." O GuiaBolso não divulga quantos clientes já contrataram essa linha, embora ainda sejam poucos devido ao lançamento recente.



Menin, do Intermedium, diz que o movimento é amplo e diversificado. "Os bancos menores investiram em canais de distribuição alternativos", diz ele. Os nichos são variados. Vão da antecipação de recursos por meio das vendas com cartão de crédito até empréstimos concedidos com garantias reais, como imóveis e mesmo veículos. "Não são dezenas de bilhões, mas é o suficiente para mover os pratos da balança", diz ele. "Essas novas alternativas não vão deslocar os grandes bancos, mas oferecem ao cliente um fôlego financeiro e um tempo para renegociar taxas melhores."


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