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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 24-03-2017 - 08:58 -   Notícia original Link para notícia
Se­na­do po­de al­te­rar lei da ter­cei­ri­za­ção

Um dia após Câ­ma­ra apro­var pro­je­to de 1998, pre­si­den­te do Se­na­do diz que vo­ta­rá pro­pos­ta na Ca­sa pa­ra atu­a­li­zar tex­to



Bra­sí­lia - O pre­si­den­te do Se­na­do, Eu­ní­cio Oli­vei­ra (PMDB-CE), afir­mou on­tem que pau­ta­rá "de ime­dia­to" o pro­je­to so­bre a ter­cei­ri­za­ção nas re­la­ções de tra­ba­lho, cu­jo re­la­tor é o se­na­dor Pau­lo Paim (PT-RS). Na quar­ta, a Câ­ma­ra apro­vou em ca­rá­ter ter­mi­na­ti­vo ou­tra pro­pos­ta que per­mi­te a ter­cei­ri­za­ção pa­ra to­das as ati­vi­da­des da em­pre­sa. Co­mo já ha­via si­do apre­cia­do pe­lo Se­na­do, o tex­to se­gui­rá pa­ra san­ção pre­si­den­cial. "É pre­ci­so que a gen­te atua­li­ze es­se pro­je­to que foi apro­va­do na Câ­ma­ra", de­fen­deu Eu­ní­cio. Du­ran­te co­le­ti­va de im­pren­sa, o pre­si­den­te re­for­çou di­ver­sas ve­zes que o Se­na­do é a "Ca­sa re­vi­so­ra", por­tan­to tem o di­rei­to de "fa­zer e re­vo­gar leis de­sa­tua­li­za­das e ade­quá-las ao mo­men­to".

A pro­pos­ta apro­va­da na Câ­ma­ra é de 1998. Já a do Se­na­do, que faz par­te da cha­ma­da Agen­da Bra­sil, é de 2015. "Se tem la­cu­na, e não es­tou di­zen­do que te­nha ou que de­va ser ve­ta­do, é na­tu­ral que se apro­ve ou­tro pro­je­to no Se­na­do. O pro­je­to que tra­mi­ta no Se­na­do se­rá pa­ra com­ple­men­tar a pro­pos­ta apro­va­da na Câ­ma­ra", de­fen­deu o pee­me­de­bis­ta.

Paim já ha­via afir­ma­do que, ca­so o pro­je­to da Câ­ma­ra fos­se apro­va­do, pe­di­ria pa­ra que Te­mer ve­tas­se o tex­to, mas Eu­ní­cio pon­de­rou que es­ta se­ria uma ini­cia­ti­va in­di­vi­dual. "Uma coi­sa não tem na­da a ver com a ou­tra, os pro­je­tos po­dem ser com­ple­men­ta­res", des­ta­cou Eu­ní­cio. Se­gun­do ele, o pre­si­den­te Mi­chel Te­mer fa­rá uma "se­le­ção do que vai apro­var ou ve­tar" en­tre as duas pro­pos­tas.

Eu­ní­cio se com­pro­me­teu a pau­tar o pro­je­to de Paim "de ime­dia­to", as­sim que che­gar ao ple­ná­rio da Ca­sa. O re­la­tó­rio de Paim au­to­ri­za a ter­cei­ri­za­ção, mas fo­ram ne­go­cia­das sal­va­guar­das ain­da no go­ver­no da ex-pre­si­den­te Dil­ma Rous­se­ff, co­mo uma 'qua­ren­te­na' en­tre a de­mis­são de um fun­cio­ná­rio no re­gi­me de CLT e a con­tra­ta­ção de­le co­mo pes­soa ju­rí­di­ca (PJ), re­co­lhi­men­to an­te­ci­pa­do de par­te dos en­car­gos tra­ba­lhis­tas, com res­pon­sa­bi­li­da­de so­li­dá­ria da em­pre­sa con­tra­tan­te se es­tes não fo­rem pa­gos, e a re­pre­sen­ta­ção pe­lo sin­di­ca­to da ca­te­go­ria.

Em fe­ve­rei­ro, Eu­ní­cio ha­via fei­to um acor­do com o pre­si­den­te da Câ­ma­ra, Ro­dri­go Maia (DEM-RJ) pa­ra ace­le­rar a tra­mi­ta­ção do pro­je­to da ter­cei­ri­za­ção. O ob­je­ti­vo ini­cial era prio­ri­zar a pro­pos­ta da Câ­ma­ra. De acor­do com Eu­ní­cio, ele e Maia têm uma "di­nâ­mi­ca" de co­lo­car em vo­ta­ção tu­do o que ti­ver si­do apro­va­do na ou­tra Ca­sa Le­gis­la­ti­va.

Ma­chis­mo? O re­la­tor do pro­je­to da ter­cei­ri­za­ção, apro­va­do na noi­te de quar­ta pe­la Câ­ma­ra, de­pu­ta­do Laér­cio Oli­vei­ra (SD-SE), afir­mou que a maio­ria dos tra­ba­lha­do­res do país no se­tor de as­seio e con­ser­va­ção é do se­xo fe­mi­ni­no por­que "nin­guém faz lim­pe­za me­lhor do que a mu­lher". A de­cla­ra­ção foi fei­ta du­ran­te de­ba­te pro­mo­vi­do on­tem pe­la Con­fe­de­ra­ção Na­cio­nal da In­dús­tria (CNI). "So­men­te no se­tor bá­si­co, as­seio e con­ser­va­ção, é una­ni­mi­da­de, se ter­cei­ri­za em to­do lu­gar. So­men­te nes­sa ati­vi­da­de tem mais de dois mi­lhões de tra­ba­lha­do­res, 60% des­sa mão de obra é fe­mi­ni­na, por­que faz lim­pe­za. E nin­guém faz lim­pe­za me­lhor do que a mu­lher À ex­ce­ção de mim, que sou mui­to bom", de­cla­rou.


Projeto divide opiniões


Se­gu­ran­ça ju­rí­di­ca foi o que mais se ou­viu on­tem dos em­pre­sá­ri­os co­mo jus­ti­fi­ca­ti­va em fa­vor da apro­va­ção do pro­je­to de ter­cei­ri­za­ção ir­res­tri­ta na Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos, en­quan­to as cen­trais sin­di­cais se uni­ram nu­ma du­ra no­ta ofi­ci­al afir­man­do que a pro­pos­ta "con­de­na o tra­ba­lha­dor à es­cra­vi­dão". Du­as das prin­ci­pais pre­o­cu­pa­çõ­es dos em­pre­sá­ri­os eram dar res­pal­do às sub­con­tra­ta­çõ­es de mão de obra e re­du­zir os cus­tos com a ad­mis­são de pes­so­al, o que na vi­são de­les re­sul­ta­rá em au­men­to do ní­vel do em­pre­go no país. Pa­ra as cen­trais, re­pre­sen­ta o fim dos di­rei­tos tra­ba­lhis­tas e di­vi­de as ca­te­go­ri­as profissionais.

O pre­si­den­te do Con­se­lho de Ad­mi­nis­tra­ção da MRV En­ge­nha­ria, mai­or in­cor­po­ra­do­ra bra­si­lei­ra do seg­men­to de imó­veis de pa­drão po­pu­lar, Ru­bens Me­nin, dis­se on­tem que a apro­va­ção do pro­je­to é um dos pas­sos pa­ra re­ti­rar o país do gra­ve pro­ble­ma da judicialização. Ele fez re­fe­rên­cia ao nú­me­ro de pro­ces­sos que ques­ti­o­nam o sis­te­ma de con­tra­ta­ção de mão de obra terceirizada. "Eram fa­vas con­ta­ta­das (a apro­va­ção da pro­pos­ta). Não gos­tei é que a vo­ta­ção fi­cou mui­to aper­ta­da", afir­mou, du­ran­te en­con­tro de em­pre­sá­ri­os pro­mo­vi­do on­tem pe­la As­so­ci­a­ção Co­mer­ci­al e Em­pre­sa­ri­al de Mi­nas (AC­Mi­nas) pa­ra ce­le­brar me­mo­ran­do de en­ten­di­men­tos com a ins­ti­tui­ção de en­si­no su­pe­ri­or fran­ce­sa Ske­ma Bu­si­ness School.

O pre­si­den­te-exe­cu­ti­vo da mi­nei­ra Lo­ca­li­za, uma das mai­o­res em­pre­sas de alu­guel de car­ros do país, Eu­gê­nio Mat­tar, dis­se que to­da mu­dan­ça ca­paz de des­bu­ro­cra­ti­zar as re­la­çõ­es de tra­ba­lho é bem-vin­da ao Brasil. "O Es­ta­do bra­si­lei­ro tra­ta o em­pre­sá­rio co­mo ex­plo­ra­dor e o em­pre­ga­do co­mo escravo. Is­so já mu­dou, comemorou. A apro­va­ção da Câ­ma­ra foi tam­bém co­me­mo­ra­da pe­lo pre­si­den­te da re­de de dro­ga­ri­as Ara­ú­jo, Mo­des­to Araújo. "Is­so vai ge­rar empregos. O meu ne­gó­cio é venda. Pro­mo­ção é ou­tro bi­cho e eu não po­dia fa­zer is­so (con­tra­tar tra­ba­lha­do­res em re­gi­me de ter­cei­ri­za­ção pa­ra o ser­vi­ço)", afirmou.

O pre­si­den­te da Câ­ma­ra de Di­ri­gen­tes Lo­jis­tas de Be­lo Ho­ri­zon­te (-BH), Bru­no Fal­ci di­vul­gou, por meio de on­tem, que o pro­je­to de ter­cei­ri­za­ção é fun­da­men­tal pa­ra ga­ran­tir se­gu­ran­ça ju­rí­di­ca, tan­to pa­ra tra­ba­lha­do­res quan­to pa­ra empresários. A no­ta das cen­trais sin­di­cais diz que os sin­di­ca­tos se­guem fir­mes "na or­ga­ni­za­ção de nos­sas ba­ses, co­bran­do a aber­tu­ra de ne­go­ci­a­çõ­es e a ma­nu­ten­ção da proi­bi­ção da ter­cei­ri­za­ção na ati­vi­da­de-fim". As­si­nam as no­tas For­ça Sin­di­cal, CUT, UGT, CTB, No­va Cen­tral e CSB.


Palavras Chave Encontradas: CDL
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