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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 20-03-2017 - 09:41 -   Notícia original Link para notícia
Lojistas pegam carona no dinheiro do FGTS

Na expectativa da injeção de dinheiro no mercado depois dos saques das contas inativas, comerciantes adotam estratégias para fisgar o consumidor e reverter o início de ano ruim


Flávia Ayer




Gerente da Ricardo Eletro, Juliana Oliveira diz que loja vai fazer promoções até julho. Segundo ela, clientes perguntam se já podem usar o fundo que vão receber daqui a dois meses

A injeção de dinheiro novo no mercado, com a liberação dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deixa o comércio em compasso de espera por recuperação e leva varejo a bolar estratégias para estimular consumidor a gastar a renda extra. Mais de 30,2 milhões de brasileiros poderão receber o benefício até julho. Apenas no primeiro dia de saques, em 10 de março, 3,3 milhões de pessoas receberam R$ 3,8 bilhões, segundo último balanço divulgado pela Caixa Econômica Federal. A expectativa do banco é que os saques alcancem um total de R$ 35 bilhões.
A Ricardo Eletro está de olho no dinheiro do FGTS. Um banner na porta da loja convida o cliente a aproveitar as ofertas: "Aqui seu FGTS rende mais". Desde a última quarta-feira, começaram as promoções que pegam carona no dinheiro das contas inativas. "De dois em dois dias vão soltar ofertas, até o fim de julho", ressalta Juliana Oliveira, gerente da loja na Rua dos Tupinambás, no Centro de Belo Horizonte. "Ainda está muito recente para ver o resultado, mas tem cliente que pergunta se já pode usar o dinheiro do FGTS que vai receber daqui a dois meses", conta. Ela observa que essa opção não é possível.
Até no anúncio da farmácia o benefício vira chamariz para as vendas. "Já recebeu o dinheiro do FGTS? Aplique pelo menos 10% dele aqui na farmácia Droga Clara. Saúde em primeiro lugar. Aqui tem aquele 'seca barriga' que você falava que não tinha dinheiro para comprar", anunciava o locutor Flávio César, no quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, esquina com Praça Sete, no Centro.




Embora a expectativa do governo e de especialistas seja de que o consumidor quite as dívidas com o saque das contas inativas, já tem gente querendo se endividar ainda mais com a renda extra. "Os contratos de crédito com desconto em débito em conta estão maiores. Em 15 dias, já vendemos o volume previsto para o mês e isso, com certeza, tem a ver com a liberação do FGTS", afirma a sócia da loja de crédito Din Din Fácil, Lívia Alvim Nunes. "Se a pessoa sabe que vai receber um dinheiro, ela acaba fazendo mais dívida", ressalta.

CAUTELA A de Belo Horizonte (/BH) prefere tratar com cautela o efeito da liberação do FGTS no desempenho do comércio. "Nem todo mundo vai consumir. Não acredito que haverá impacto direto no comércio. Uma grande parte vai pagar dívidas para, só então, retornar ao mercado de crédito e voltar a consumir", comenta a economista da entidade Ana Paula Bastos. Ainda não há estatísticas para medir o impacto do dinheiro do FGTS na economia, o que deve ser feito no balanço do desempenho do varejo do mês de março.



O início dos saques de contas inativas pega carona com o fim da temporada de liquidações e ofertas no comércio, o que pode incentivar o consumo. "Os três primeiros meses do ano são marcados por promoções e têm sido uma das estratégias usadas pelos empresários para atrair clientes depois da queda sucessiva nas vendas", afirma. Com cautela, a economista projeta melhora nas vendas. "A confiança do empresário e do consumidor está aumentando. Os indicadores macroeconômicos apontam que vai haver melhora", destaca.


Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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