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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 08-03-2017 - 09:24 -   Notícia original Link para notícia
Famílias consomem menos

Para IBGE, despesas do brasileiro foram afetadas pela piora do mercado de trabalho e recuo do crédito. PIB per capita cai 9,1% em três anos, refletindo no empobrecimento da população




PIB divulgado hoje (ontem) se refere ao ano passado, é espelho retrovisor. Os índices a seguir refletem o que está acontecendo agora" Henrique Meirelles, ministro da Fazenda 



 


Rio - O consumo das famílias caiu 4,2% em 2016 ante 2015, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentro dos resultados das contas nacionais que contaram com os números do Produto Interno Bruto (PIB). No quarto trimestre de 2016, o consumo das famílias caiu 0,6% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, o indicador mostrou queda de 2,9%, completando oito trimestres consecutivos de quedas, mas foi o menos intenso desde o segundo trimestre de 2015.



Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a deterioração do mercado de trabalho e dos indicadores de juros, crédito e renda ao longo do ano, foi a principal causa da piora no consumo das famílias. Ela destacou que a massa salarial real caiu em 2016, enquanto em 2015 tinha ficado estável.



"A população empobreceu", afirmou Rebeca, ao analisar a divisão do PIB pelo número de habitantes, o PIB per capita. De 2014 a 2016, o PIB per capita caiu 9,1%. No mesmo período, a população cresceu 0,9% ao ano.
A queda de 9,1% é "bastante relevante", de acordo com ela. "Nos três últimos anos, como a população continua crescendo, a queda do PIB per capita amplificou. O bolo encolheu e a quantidade de pessoas aumentou. Tem que colocar muita água no feijão", afirmou em coletiva para apresentar os números da economia brasileira em 2016. No ano passado, o PIB per capita caiu 4,4%, enquanto a retração do PIB foi de 3,6%. Em 2015, o PIB per capita havia caído 4,6%, para uma queda do PIB de 3,8%.

GOVERNO O consumo do governo, por sua vez, caiu 0,6% em 2016 ante 2015. No quarto trimestre de 2016, esse indicador subiu 0,1% em relação ao terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, mostrou queda de 0,1%., no menor recuo em sete trimestres seguidos de perdas.

INVESTIMENTOS A participação de investimentos no PIB do Brasil atingiu o menor patamar da série histórica iniciada em 1996. A taxa de investimentos chegou a 16,4% do PIB em 2016, após três anos seguidos de queda. Em 2013, era de 20,9% e, em 2015, 18,1%. "Essa taxa caiu bastante nos últimos dois anos porque a gente teve duas quedas seguidas de mais de 10% no investimento. E, olhando por dentro dos componentes do investimento, houve queda em tudo. A construção, que pesa mais de 50% do investimento, é uma das atividades econômicas que mais sofreram com toda a crise que a gente está tendo. Além disso, a produção de máquinas e equipamentos caiu, e a importação também. Então, houve toda uma conjunção de fatores", disse Rebeca Palis.



A taxa de poupança de 13,9% em 2016 também foi a menor da série, iniciada em 2010, informou o IBGE. A taxa de poupança em 2015 tinha sido de 14,4%. A taxa de poupança também vem recuando desde 2013, quando alcançou 18,3%, respectivamente.

PREOCUPAÇÃO Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), acredita que a retomada da economia só vai acontecer quando o governo retomar seus gastos e investimentos públicos. Para ele, o cenário é visto com muita preocupação, mesmo com a queda na taxa de juros e da inflação. "Tem a questão cambial que joga contra a indústria, e a questão fiscal da política obsessiva com a questão dos gastos acaba limitando a retomada econômica", criticou, em entrevista ao G1.



Miragaya considera impossível apostar se haverá crescimento de 0,5% ou 1% este ano. "Pode dar zero ou até negativo", diz. Para o presidente do Cofecon, o que agrava o quadro é a queda no consumo das famílias e a retração dos gastos do governo e nos investimentos da indústria. "O consumo das famílias e a do próprio governo não mostra reação, tampouco dos investimentos", diz.



Diante do cenário apresentado pelo IBGE, o presidente da de Belo Horizonte (-BH), , afirma que a expectativa do movimento lojista é de que o governo federal se mantenha firme na adoção de medidas para a retomada do desenvolvimento econômico brasileiro. "Com a queda da inflação e a redução da taxa de juros pelo Banco Central, o esperado é que famílias e empresários voltem a consumir e investir e que 2017 seja o pontapé definitivo para a retomada da estabilidade econômica", avalia Falci.


 


O pior entre 
39 países

O Brasil amargou o pior resultado no Produto Interno Bruto (PIB) num ranking de 39 países que já divulgaram seus dados oficiais de atividade econômica, segundo informações compiladas pela Austin Rating. O resultado foi inferior ao de países que notadamente enfrentam desafios na área econômica, como a Grécia (0,3%), ou passaram por guerras recentes, como a Ucrânia (2%) e a Rússia (-0,8%). A Índia liderou o ranking com um crescimento de 6,9% no ano passado, enquanto a economia chinesa avançou 6,7%, no segundo lugar da lista. A média de crescimento dos países que formam os Brics - Brasil, Rússia, Índia e China - foi de 2,3% em 2016. No quarto trimestre do ano passado, o Brasil  ficou também na lanterna do ranking, o pior resultado entre os 38 países que forneceram comparação com o quarto trimestre de 2015 (-2,5%).


 


palavra de especialista


 


Guilherme Leão,
chefe do Departamento de 
Economia da Fiemg


 


Impacto em Minas


 


"A queda do PIB com um índice negativo de 3,6% em 2016 mostra a gravidade da crise provocada por erros na política econômica em anos anteriores. E, quando abrimos os dados, vemos que a indústria como um todo teve queda (-3,8%) superior ao PIB, basicamente com a construção civil e a indústria de transformação, registrando reduções superiores ao PIB. As indústrias automotiva, metalúrgica, de máquinas e equipamentos, de alimentos e bebidas e extrativa mineral tiveram as maiores quedas. Como a economia mineira é muito concentrada nesses setores e foi mais afetada pela parada da Samarco, podemos esperar um desempenho pior para o PIB de Minas. Por outro lado, mais uma vez o consumo das famílias cai muito acima do PIB (-4,2%), como reflexo do desemprego e da queda na renda e do endividamento. Mas o dado mais grave é a redução de 10,2% nos investimentos, que caem desde 2014 e já acumulam redução de 30%. Com isso, há uma depreciação de máquinas, equipamentos e infraestrutura e uma defasagem na inovação e há uma redução do PIB potencial, que é o que o país poderia crescer no momento da retomada. Nós já entramos em 2017 carregando um PIB negativo de 1,1%, o que vai exigir um esforço maior para retomar o crescimento e crescer 0,7% previsto até agora. O governo vem tomando medidas no rumo certo e o cenário macroeconômico de curto prazo está favorável, mas o risco maior para a recuperação econômica hoje é o político, que gera incertezas. É um cenário muito delicado não só pela Lava-Jato, mas também pelas investigações da chapa Dilma-Temer."


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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