Patamar é o menor em dois anos e, após decisão do BC de cortar 0,75 ponto, instituições financeiras reduzem juros nas linhas de crédito
Brasília - Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto percentual, de 13% para 12,25% ao ano. O corte, anunciado na noite de ontem pela instituição, foi o quarto consecutivo. Com isso, a Selic está agora no mesmo patamar visto em janeiro e fevereiro de 2015, dois anos atrás. A decisão era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 68 instituições consultadas 67 esperavam corte de 0,75 ponto percentual da Selic e apenas uma aguardava redução de 1 ponto percentual.
No mercado, havia a percepção de que um corte de 1 ponto percentual da Selic era possível, em função da inflação recente, mas não era provável. Isso porque o BC vinha sinalizando a intenção de promover corte de 0,75 ponto percentual, como fez em janeiro. No mês passado, aliás, este corte gerou críticas à comunicação do BC, já que a maior parte do mercado esperava por 0,5 ponto. A avaliação agora era de que, se optasse por 1 ponto, novamente contrariando o mercado, o BC voltaria a atrair críticas para sua comunicação.
O novo corte nas taxas de juros foi bem recebido entre os empresários mineiros. "Mesmo que seus efeitos não sejam sentidos em curto prazo, esses cortes representam, ainda assim, um respiro para a economia. Quando o Copom reduz os juros básicos, o objetivo é alavancar e incentivar os investimentos produtivos responsáveis pela geração de emprego e renda. A tendência é que o crédito fique mais barato, o que pode impactar positivamente o consumo", avaliou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (-BH), Bruno Falci.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Júnior, a decisão de reduzir os juros foi acertada uma vez que tem impacto no aumento da confiança do empresário e estimula o investimento. "Atualmente, os juros elevados constituem um dos maiores entraves ao avanço da competitividade das empresas brasileiras. Nossa expectativa é de que os juros brasileiros recuem rapidamente para patamares compatíveis com aqueles praticados no resto do mundo", afirmou Machado. Ainda de acordo com ele, "a redução nos custos de financiamentos dará um fôlego às empresas e às famílias endividadas, estimulando o consumo, a produção industrial e a geração de empregos".
Efeito dominó
Tão logo o BC anunciou o corte na Selic, três grandes bancos anunciaram redução nas taxas cobradas de seus clientes. O Bradesco anunciou a redução em suas taxas de juros, minutos após o Banco Central decidir por um novo corte na Selic para 12,25% ao ano. As novas condições, que entram em vigor a partir de 1º de março em toda a rede de agências do banco, valem para pessoas físicas e jurídicas.
Entre as linhas de crédito que tiveram redução no caso dos indivíduos, a de empréstimo pessoal teve sua taxa mínima cortada de 1,89% para 1,83% ao mês, e a máxima de 7,72% para 7,66% ao mês. A modalidade Credfácil Veículo, que tem como garantia o próprio bem, foi reduzida de 5,92% para 5,86% ao mês, no caso do juro máximo. Na modalidade CDC Outros Bens, a taxa máxima foi cortada de 5,90% para 5,84% ao mês.
Já entre as linhas de financiamento para pessoa jurídica, a de Capital de Giro teve redução de 3,49% para 3,43% ao mês na taxa mínima, e de 6,95% para 6,89% na máxima. Na modalidade Credinvestimento, capital de giro com múltiplas garantias, a taxa máxima passou de 6,79% para 5,99% ao mês. Já nos cartões de crédito, para o portfólio da bandeira Elo, os juros máximos do rotativo, que contam com novas regras a partir de abril, ficarão entre 3,1% a 9,9% ao mês a partir da próxima fatura. A taxa máxima cobrada anteriormente na modalidade era de 16,9% ao mês.
O Banco do Brasil também anunciou na noite de ontem nova redução de juros, acompanhando o quarto corte seguido da Selic. As principais quedas, de até 0,12 ponto percentual ao mês, ocorrerão, de acordo com a instituição, em linhas de crédito para capital de giro voltadas a micro e pequenas empresas, com destaque para operações de recebíveis. Os novos juros entram em vigor a partir do dia 1º de março.
Na pessoa física, por exemplo, a taxa mínima do cheque especial passa de 4,42% ao mês para 4,36% enquanto a máxima vai de 12,95% ao mês para 12,89%. No crédito imobiliário, as linhas contempladas pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a taxa mínima passa de 11,29% ao ano para 10,80% ao ano e a máxima de 11,49% para 11,00%. Já para a linha crédito hipotecário (CH) do banco, o juro mínimo passa de 12,29% para 11,80% ao ano e o máximo de 12,51% para 12,02%.
Do lado das empresas, o BB reduziu os juros do cheque ouro empresarial de 8,47% ao mês para 8,43% a taxa mínima e de 13,64% ao mês para 13,60% a máxima. "A redução continuada da Taxa Selic contribui para melhorar o ambiente econômico e cria condições objetivas para a retomada do consumo do crédito por pessoas físicas e jurídicas", destacou o presidente do BB, Paulo Caffarelli, em nota à imprensa.
Na sequência do corte da Selic, o Itaú Unibanco também anunciou nova redução de juros. O banco repassará, conforme nota à imprensa, o corte integral da taxa básica, de 0,75 ponto, para pessoas físicas e jurídicas. "Acreditamos que a política monetária vem sendo conduzida de forma a beneficiar o crescimento econômico sustentável num ambiente de baixa inflação", afirma Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, em nota. A redução dos juros será estendida, segundo o Itaú, a todos os clientes que utilizam as linhas de empréstimo pessoal, cheque especial, cartão de crédito e financiamento de veículos. Para as micro e pequenas empresas, houve corte nas taxas do cheque especial, capital de giro e contas garantidas.
Prévia da inflação sobe sem assustar
Rio de Janeiro - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,54% em fevereiro, após subir 0,31% em janeiro. O resultado, divulgado na manhã de ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a menos acentuada para o mês de fevereiro desde 2012, quando ficou em 0,53%. Com o resultado, o IPCA-15 acumula aumento de 0,85% no ano. A taxa acumulada em 12 meses recuou de 5,94% em janeiro para 5,02% em fevereiro, o menor patamar desde junho de 2012, quando estava em 5%. Em fevereiro de 2016, o IPCA-15 tinha ficado em 1,42%.
Cinco dos nove grupos que integram o IPCA-15 registraram taxas maiores de variação na passagem de janeiro para fevereiro, segundo o IBGE. Os resultados foram maiores em Habitação (de -0,22% em janeiro para 0,18% em fevereiro), Artigos de residência (de -0,23% para 0,34%), Saúde e cuidados pessoais (de 0,48% para 0,83%), Educação (de 0,18% para 5,17%) e Comunicação (de 0,49% para 0,84%). Na direção oposta, os resultados foram mais comportados em Alimentação e bebidas (0,28% para -0,07%), Vestuário (de -0,18% para -0,31%), Transportes (de 0,71% para 0,66%) e Despesas pessoais (de 0,76% para 0,37%).No período, o IPCA-15 acelerou de 0,31% para 0,54%.
Os gastos das famílias com educação subiram 5,17% em fevereiro, dentro IPCA-15. O grupo foi responsável por 0,24 ponto percentual da taxa de inflação de 0,54% registrada no mês, segundo o IBGE. O movimento reflete os reajustes praticados no início do ano letivo. As mensalidades dos cursos regulares subiram 6,94% em fevereiro, item de maior impacto sobre o IPCA-15 do mês, o equivalente a 0,21 ponto porcentual.
Arrecadação tem aumento no mês
Brasília - A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 137,392 bilhões no primeiro mês de 2017, um aumento real (já descontada a inflação) de 0,79% na comparação com igual mês de 2016. Em relação a dezembro, houve aumento de 7,26%. Entre as razões para o aumento no recolhimento de impostos está uma arrecadação extraordinária de R$ 487 milhões com ganho de capital na alienação de bens.
Duas grandes operações financeiras que ocorreram no mês de janeiro podem estar relacionadas a esse resultado, ambas no setor de energia. O leilão de privatização da Celg, distribuidora de energia goiana, ocorreu no fim de novembro, mas a liquidação da operação foi em 30 de janeiro. O vencedor foi a italiana Enel, que pagou R$ 2,187 bilhões. Já a chinesa State Grid gastou R$ 14,19 bilhões para adquirir o controle da CPFL Energia em 23 de janeiro. Agora, a companhia pretende comprar as ações da CPFL ainda no mercado.
Além disso, as receitas administradas por outros órgãos subiram 60,86% em janeiro, passando de R$ 3,242 bilhões no mesmo mês de 2016 para R$ 5,494 bilhões no primeiro mês deste ano. As desonerações concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 7,567 bilhões em janeiro deste ano, conforme a Receita Federal. No mesmo mês do ano passado, as desonerações haviam atingido R$ 7,504 bilhões. Só a desoneração da folha de pagamentos custou aos cofres federais R$ 1,211 bilhão em janeiro.
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