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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 18-02-2017 - 07:57 -   Notícia original Link para notícia
Unilever rejeita oferta de US$ 143 bi da Kraft Heinz

Americana, que tem Lemann entre seus controladores, insistirá em acordo com dona da Dove


A Unilever rejeitou oferta de compra de R$ 143 bilhões da gigante Kraft Heinz, que tem o brasileiro Jorge Paulo Lemann entre os donos. -LONDRES- A gigante Kraft Heinz - que tem o grupo 3G, do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, entre seus controladores - bem que tentou, mas sua proposta de compra foi rejeitada pela Unilever. A anglo-holandesa anunciou, ontem, que rejeitou a oferta de 120 bilhões de libras (o equivalente a US$ 143 bilhões) feita pela dona de marcas como o ketchup Heinz e o cream cheese Philadelphia. Lemann é conhecido por suas propostas de compra ambiciosas: ícones americanos, como o Burger King e a cerveja Budweiser, estão sob seu guarda-chuva.


SCOTT OLSON/AFPPrazo. Unilever considerou baixo o valor oferecido. Pelas regras, Kraft tem até março para fazer oferta ou terá de ficar seis meses sem tentar nova proposta


A proposta, que avalia os papéis da anglo-holandesa em US$ 50 - um prêmio de 18% em relação ao valor de fechamento da véspera -, "fundamentalmente subestima a Unilever", afirmou a dona dos sabonetes Dove e dos sorvetes Ben & Jerry's em nota. "A Unilever rejeitou a proposta já que não vê mérito, seja financeiro ou estratégico, para seus acionistas. A Unilever não vê base para outras discussões".


A Kraft Heinz, porém, não se deu por vencida: "Apesar de a Unilever ter recusado a oferta, esperamos poder concluir um acordo sobre as condições de uma transação."


NOVOS HÁBITOS


O acordo uniria duas das maiores fabricantes de comida processada do mundo, em um contexto de mudança nos mercados. Com os consumidores buscando alimentos mais saudáveis, o setor tem buscado se consolidar para reduzir gastos.


"As escolhas do consumidor estão mudando, trocando alimentos processados pelos frescos. Os millennials logo vão ultrapassar os baby boomers como a maior geração viva, e millennials não são muito chegados em comida processada", explicou ao jornal britânico "Independent" Mark Jones, advogado e especialista na indústria de alimentos e bebidas no escritório Gordons.


O diário de negócios americano "The Wall Street Journal" ("WSJ") ressalta que a Kraft vem tentando se adaptar a esses novos tempos. Entre as medidas adotadas estão a remoção de corantes artificiais de produtos como macaroni & cheese, muito popular nos EUA, e a criação de uma marca de refeições congeladas que tenta usar ingredientes na moda para atrair consumidores mais jovens.


Pelas regras de fusão do Reino Unido, a Kraft Heinz tem até o fim deste ano fiscal - que termina em 17 de março - para fazer uma proposta formal pela Unilever. Caso contrário, terá de se afastar da anglo-holandesa por seis meses.


Caso o acordo - que seria pago em dinheiro e ações - se concretize, ele será a segunda maior fusão da História, atrás apenas da compra do grupo alemão de mídia Mannesmann pela Vodafone do Reino Unido em 2000, por US$ 183 bilhões, segundo dados da Dealogic citados pelo jornal "Financial Times".


O negócio também criaria uma das maiores corporações do mundo, com vendas combinadas de US$ 84,8 bilhões no ano passado. Essa cifra a colocaria no segundo lugar do ranking das empresas de comida e bebidas, logo atrás dos US$ 91,2 bilhões registrados pela Nestlé, segundo dados compilados pela Bloomberg.


"A entidade combinada teria uma enorme pegada e seria capaz de barganhar ainda mais com supermercados", disse ao "Independent" o analista de mercado Neil Wilson, da ETX Capital, ressaltando que um acordo deve enfrentar forte avaliação de órgãos reguladores e autoridades de concorrência.


AÇÕES EM ALTA


Um dos controladores da Kraft Heinz, o 3G Capital - dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - é conhecido por choques de gestão nas empresas que compra, com fortes cortes de gastos.


O "WSJ" lembra que, atualmente, as gigantes do consumo sofrem com vendas fracas em um setor muito competitivo e saturado, no qual é difícil elevar os preços em função da inflação persistentemente baixa em vários mercados - o que compensaria o avanço lento das vendas.


Ontem, as ações da Kraft Heinz encerraram cotadas a US$ 96,65, alta de 10,74%. Já as da Unilever saltaram 14,63%, a 37,97 libras.


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