Leitura de notícia
Super Notícia ( Notícias ) - MG - Brasil - 13-02-2017 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Crise expulsa comerciantes dos street malls da capital

Associação de lojistas aponta um índice de 30% de desocupação para shoppings mais novos
A crise que afugenta o consumidor do comércio está levando muitas lojas a fecharem as portas na capital. Só que os impactos são diferenciados. Enquanto nos shoppings convencionais o volume de pontos comerciais para locação é pequeno, nos centros de venda de bairro, os chamados street malls, a situação é mais complicada. Uma cena comum é a de lojas em sequência sem uso, e apenas um ou dois restaurantes em atividade na praça de alimentação.

A desocupação no país está na casa dos 30% para shoppings que entraram em operação depois de 2012, conforme o último levantamento do Ibope Inteligência. E para os empreendimentos consolidados, a média é de 10%.

E são vários os motivos para que os lojistas deixem o local ou se estabeleçam em lojas de rua, conforme o superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping MG), Alexandre Dolabella França. Além da economia em uma fase ruim, ele ressalta que os custos são altos, em especial, para os pequenos empreendedores.

"A proposta dos street malls é boa, de comodidade para o consumidor, que pode ter acesso a compras e serviços sem precisar sair do bairro, só que os custos altos estão afastando os lojistas", observa França.

Um lojista do Central Park Shopping, no bairro Betânia, na região Oeste de Belo Horizonte, que pediu para não ser identificado pela reportagem, conta que os custos em um mall chegam a ser quase o dobro do de uma loja de rua. O comerciante calcula que o número de lojas vagas no local chega a 40% do total. "Isso é ruim. Afinal, um lugar vazio afasta as pessoas e, logo, impacta negativamente nas vendas. Menos gente circulando é possibilidade de vendas reduzida."

E o problema não restringe-se no street mall do bairro Betânia. Na mesma região, no Espaço Buritis, localizado no bairro que dá nome ao empreendimento, nem mesmo a localização próxima de um centro universitário conseguiu manter a praça de alimentação cheia. Hoje, um restaurante está em funcionamento. Num espaço que poderia ser ocupado por 23 lojas, há 11 com as portas abertas.

A advogada Cristina Mourão, moradora do Buritis há seis anos, prefere fazer compras no bairro, e reclama do fechamento de vários estabelecimentos comerciais em função da crise, tanto no street mall quanto nas ruas. "Muitas lojas encerraram as atividades, em especial, no ano passado. Até salão de beleza está fechando as portas", diz.

No bairro Luxemburgo, região Centro-Sul, o Woods Shopping convive com o mesmo problema. Considerando os três andares do empreendimento, há dez espaços para locação fechados e apenas 13 lojas em atividade. A reportagem procurou a administração dos shoppings citados na matéria, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Vantagem é a proximidade

Uma das vantagens de ter uma loja no bairro é a proximidade com o consumidor, afirma o vice-presidente da de Belo Horizonte (-BH), Marco Antônio Gaspar. "O lojista oferece conveniência, facilidade. Há, inclusive, redes de supermercado que investiram em formatos menores para atingir os consumidores de bairro." O problema, segundo Gaspar, é quando a comodidade é trocada pelo menor preço, ofertado nas lojas dos shoppings de grande porte. "Em momentos de crise, o consumidor procura o preço mais em conta."

FOTO: Juliana Gontijo

Cristina Mourão reclama que até salões de beleza estão fechando

Falta de vocação determina fracasso

O perfil dos empreendedores também interfere na quantidade de lojas em funcionamento nos street malls, conforme o professor de gestão de vendas do Ibmec/MG Victor Barcala. "Boa parte dos lojistas de shoppings de bairro é formada por pequenos empreendedores. E eles, no geral, têm menos fôlego para sobreviver em momentos de crise."

Barcala observa que os lojistas com empreendimentos menores tendem a ter menos capital de giro para suportar as adversidades de uma economia em recessão. "É diferente das redes nacionais presentes nos shoppings de grande porte", compara.

Outro problema, na avaliação do especialista, é a falta de planejamento de uma boa parcela dos pequenos empreendedores. "E, se a pessoa se tornou empresário sem ter vocação, por necessidade em razão do desemprego, as chances de dar certo são menores", frisa.

Com vendas em baixa e custos altos, o superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping MG), Alexandre Dolabella França, ressalta que a vacância está elevada nos malls. "Em média de 30% para os que entraram em operação recentemente", diz.

Queda. As vendas dos shoppings mineiros tiveram, em média, recuo de 10% em 2016, conforme a Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping MG).


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.