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Portal O Tempo ( Economia ) - MG - Brasil - 15-01-2017 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Colaboração entre empresas é o segredo de polo de móveis

Concorrentes se unem por benefícios comuns, para reduzir custos e negociar com fornecedor
Maior corredor varejista de móveis da América Latina, com mais de 200 lojas e uma arrecadação mensal de R$ 8,5 milhões em ICMS, segundo a de Belo Horizonte (-BH). Esse é o retrato do comércio moveleiro da avenida Silviano Brandão, na região Leste da capital, que não existiria, segundo a presidente da associação de lojistas do corredor (Alo Silviano Brandão), Eliana Reis, se não fosse a colaboração entre os lojistas. "Se não fosse a união dos lojistas, a Silviano Brandão não estaria aqui, como outros centros comerciais de rua que já acabaram na cidade", afirma.

Entre as conquistas que a empresária lista estão promoções conjuntas, mudanças no trânsito local para não prejudicar os comerciantes, ações coletivas de segurança tanto com empresas privadas como com a Polícia Militar e criação de setores ao longo da avenida, com síndicos e sub-síndicos, para solucionar problemas localizados.

A colaboração entre competidores, conhecida como "coopetição", está se tornando uma tendência de mercado, segundo o analista de desenvolvimento territorial do Sebrae Minas, Haroldo Santos. "A 'coopetição' cria sinergia nas empresas e ajuda no surgimento de polos como o da Silviano Brandão", avalia Santos.

Em momentos de crise, a "coopetição" também é uma alternativa porque reduz custos, explica o executivo da AGR Consultores, Julio Ferreira. "A 'coopetição' acontece quando objetivos comuns ou complementares são utilizados por empresas concorrentes para otimizar recursos e trazer economia para ambas", explica.

Eliana lembra que a colaboração foi importante quando obras para a construção da Linha Verde, entre 2006 e 2007, retiraram a passagem de carros da avenida. "Ficamos um ano e oito meses (com a via) sem passar carro por causa da obra. Foi um período muito difícil, e sobrevivemos porque negociamos com o poder público", conta Eliana.

As promoções conjuntas, como a liquidação realizada pelos lojistas da avenida em agosto, são um exemplo de como a união pode ajudar na hora da crise. "Fazemos a liquidação desde 2012, e a adesão é de 100% dos lojistas, que dividem os custos de mídia. Conseguimos em seis dias um faturamento equivalente ao de três meses, e já chegamos a reunir mais de 300 mil pessoas", diz.

Vantagem. Cerca de 150 lojistas da Silviano Brandão se reúnem em um grupo de WhatsApp. "O mais importante é a informação. Evitamos roubos e fraudes informando os colegas no grupo", conta o lojista Paulo Araújo.

FOTO: Daniel Magalhães/Divulgação

Virginia Gherard defende a 'coopetição' dentro das organizações

Conceito é aplicado de logística a treinamentos

A "coopetição", colaboração entre empresas concorrentes, é utilizada em vários setores da economia e de maneiras diversificadas, conta o executivo da AGR Consultores, Julio Ferreira. "A 'coopetição' pode acontecer em campanhas publicitárias conjuntas, mas também em soluções de logística, como utilização de uma mesma empresa de distribuição, treinamento de equipes de vendas e até utilização da mesma mão de obra de manutenção", explica Ferreira.

Para a diretora executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), Virginia Gherard dos Santos, empresas com a gestão mais moderna, como as startups, utilizam a "coopetição" com mais facilidade. "Empresas muito grandes, mais tradicionalistas, evitam", diz.

Princípio pode ser usado internamente

O conceito de colaboração entre competidores também pode ser usado dentro das empresas. "Acontece quando a competição é bem utilizada para um bem maior, que é o resultado geral da empresa", explica a diretora executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), Virginia Gherard dos Santos.

"A 'coopetição' interna é muito utilizada em empresas que atuam muito na área comercial e com grupos de vendas regionais", acrescenta o executivo da AGR Consultores, Julio Ferreira.

"Nesses casos, porém, é importante ter uma governança forte e um código de ética sólido para evitar que a concorrência entre os funcionários não seja prejudicial aos objetivos da empresa como um todo", pondera Ferreira.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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