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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 28-12-2016 - 06:49 -   Notícia original Link para notícia
Calvário do seguro-desemprego

Com postos no Rio sem internet, telefone e até luz, demitidos não conseguem requerer benefício



Sem internet há 20 dias, os postos do governo do Rio que processam os pedidos de seguro-desemprego interromperam o atendimento aos demitidos. O estado não tem como arcar com o serviço sem os repasses federais, suspensos por problemas na prestação de contas. O drama de quem perdeu o emprego por causa da recessão que há mais de dois anos abate a economia brasileira parece não ter fim no Estado do Rio. Os postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) estão sem internet há mais de 20 dias, o que impede o atendimento para os trabalhadores que precisam requisitar o seguro-desemprego. De um lado, a Secretaria Estadual do Trabalho afirma que o serviço foi cortado por falta de pagamento do Ministério do Trabalho e Emprego(MTE), que remunera a secretaria pela prestação desses serviços. O ministério defende que há pendências nas prestações de contas de parcelas anteriores que impedem o repasse de recursos, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse embate, perdem os trabalhadores que passaram durante todo o ano sofrendo com greves e sistemas instáveis que dificultaram o acesso ao serviço, que agora está parado. A única opção são as poucas vagas oferecidas pela Superintendência Regional do Trabalho, o braço do ministério do Rio.



CUSTÓDIO COIMBRA



Desempregado desde outubro, João Wilton Fialho, de 51 anos, teve que conseguir na Justiça a autorização para pedir o seguro-desemprego, já que a empresa na qual trabalhava - uma prestadora de serviços da Polícia Civil - não pagou a rescisão do contrato de trabalho. Ele tenta em vão, desde o início de dezembro, uma chance de dar início ao processo. Da última vez, a atendente sugeriu que talvez só em fevereiro seria possível fazer tal agendamento.



- Tenho tentado agendar diariamente pelo site e pelo telefone, mas não consigo vaga. E já vim várias vezes aqui no posto para tentar resolver, mas nada adianta. Quando se é mandado embora, há uma expectativa de que terá pelo menos alguma renda provisória. Esperava ter alguma tranquilidade para me reorganizar - diz ele.



Antes de ser demitido, Fialho já estava há seis meses com o salário atrasado, além de vale-transporte e vale-refeição. Por enquanto, a família tem conseguido bancar as contas da casa com o salário da mulher, mas as compras de Natal foram suspensas. FALTA DE TELEFONE E LUZ EM POSTOS Com 37 anos e formação em Administração de Empresas, Luiza Napoleão Rezende Faria trabalhava no Metrô Rio, mas acabou demitida em outubro, depois da inauguração da Linha 4. Depois de muitas tentativas, conseguiu agendar horário para pedir o seguro-desemprego em 24 de novembro. Foi até o posto, mas teve o serviço reagendado para 7 de dezembro. Nesse dia, o posto estava novamente sem internet e novo horário foi marcado para 2 de janeiro.



- A gente só consegue agendar se entrar no site às 6h da manhã. Às 6h10 já não tem nenhum horário disponível. Só que quando cheguei no posto não tinha internet por falta de pagamento. E você vai perdendo tempo com isso enquanto as contas não param de chegar - diz Luiza.



O pizzaiolo Fernando Francisco da Silva, de 38 anos, também tenta há um mês agendar pela internet para dar entrada ao pedido de segurodesemprego. Preocupado com o prazo, foi a um posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine), Remarcações. Desempregada desde outubro, a administradora Luiza Napoleão Faria já teve o agendamento remarcado por três vezes , de 24 de novembro para 2 de janeiro



País fechará este ano com 21 meses consecutivos de demissões



Pela 1ª vez desde 1992, haverá corte de vagas em todos os 12 meses do ano



GERALDA DOCA



 O mercado formal de trabalho vai encerrar 2016 com perda de empregos em todos os 12 meses pela primeira vez desde 1992, quando começou a série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Segundo especialistas, pela dinâmica do mercado, o resultado de novembro será mais um saldo negativo.



Tradicionalmente, dezembro é negativo, por conta das demissões dos trabalhadores contratados para o Natal. Com isso, se a conta for feita desde o agravamento da crise, em 2015, que reverteu anos de geração positiva de emprego, o país fechará 2016 com 21 meses consecutivos de desligamentos de trabalhadores com carteira assinada acima das admissões.



O resultado do Caged de novembro será divulgado ainda nesta semana. Em novembro de 2015, o saldo negativo foi de 130.629 postos. Em dezembro do ano passado, o corte líquidos de vagas formais ficou em 596.208.



De acordo com projeções do especialista Rodolfo Torelly do site Trabalho Hoje, 2016 deve fechar com resultado líquido negativo de 1,2 milhão de postos de trabalho. O saldo é menor do que o registrado em 2015, quando foram eliminados 1,6 milhão de empregos.



Desde abril, o Caged vem apresentando, consecutivamente, saldos mensais negativos inferiores aos registrados nos mesmos meses de 2015. Mas o desempenho foi insuficiente para que o mercado formal de trabalho voltasse a criar empregos, com as contratações superando as demissões.



Isso deve acontecer entre o segundo e o terceiro trimestres de 2017, nas projeções de Torelly. Ainda assim, as perspectivas são pouco animadoras.



Para ele, o mercado formal de trabalho deverá registrar em 2017 seu terceiro ano seguido de fechamento líquido de vagas com carteira assinada. O último ano positivo foi em 2014, quando houve a criação de 396,9 mil postos.



- O mercado de trabalho vai melhorar no ano que vem. Contudo, ainda não vamos fechar 2017 com saldo positivo na geração de empregos - avaliou o especialista .



2,8



MILHÕES É o número estimado de vagas com carteira que o Brasil eliminará em 2015 e 2016.



11,8



PORCENTO Foi a taxa de desemprego do país apurada em outubro deste ano. O número ainda deverá subir.


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