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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-12-2016 - 08:28 -   Notícia original Link para notícia
Nas compras de última hora, cautela e itens baratos

Com desemprego e inadimplência em alta, consumidor evita crediário. Lojas já fazem promoção


Na maior crise econômica desde os anos 1930 e com os salários do funcionalismo estadual atrasados, os consumidores cariocas foram às compras de Natal na última hora com cautela e comprando menos presentes. Com o desemprego e a inadimplência em alta, a preferência foi por lembrancinhas e pelo pagamento à vista para não começar o ano com dívidas natalinas. Algumas lojas, por sua vez, já iniciaram as promoções para tentar turbinar as vendas.


ALEXANDRE CASSIANONa última hora. Consumidores vão às compras na véspera do Natal no NorteShopping: valor médio do presente deve recuar este ano, preveem varejistas


Levantamento da Fecomércio RJ/Ipsos apontou que 77% dos consumidores pagariam à vista pelos presentes de Natal, enquanto 16% parcelariam as compras. Assim como no ano passado, a data é de lembrancinhas para 43% dos entrevistados, já que o brasileiro pensou duas vezes antes de mexer na carteira na mais importante data do varejo.


- A gente escolheu a dedo para quem vai dar presente este ano, só mãe e pai mesmo, além das crianças. Os amigos ficaram de fora. Só comprei à vista para não me endividar. Nada de abrir crediário - afirmou a dona de casa Fabiane Moscoso, de 32 anos, ao lado do marido, Anderson Luis de Albuquerque, de 39 anos, e dos filhos João Pedro, 10, e Vitória, 3 anos.


Eles estiveram ontem pela manhã na Saara, no Centro do Rio, para comprar as últimas lembranças. A semana que antecede o Natal recebe 25% do público esperado para as compras da data festiva.


SHOPPINGS VEEM LEVE MELHORA


A aposentada Nieta Santos também foi ao Centro do Rio para comprar os últimos quatro presentes. A lista completa deste ano foi de 15 itens, bem menor que os 40 do ano passado:


- Já comprei celular para dar de presente de Natal no ano passado, mas agora é mais um agrado.


Alguns shoppings do Rio, no entanto, comemoraram o aumento do fluxo de clientes na reta final. Na quinta-feira, por exemplo, o Nova América, administrado pela Ancar Ivanhoe, bateu recorde de pessoas recebidas no Natal, com crescimento de 5% frente ao ano passado. A expectativa é registrar um crescimento de 8% durante todo o período promocional frente a 2015.


Diego Marcondes, gerente nacional de Marketing da Ancar Ivanhoe, afirma que o resultado nos shoppings do grupo no Brasil deve registrar crescimento médio de 6%. No ano passado, a alta foi mais modesta, de 4%.


- O primeiro semestre foi atipicamente bom. Já o segundo semestre foi difícil. Com a Black Friday, novembro foi muito bom, e essas vendas não vão atrapalhar o resultado de dezembro - explica o executivo.


Na última semana de compras, com os consumidores já com todo o 13º salário no bolso, o Shopping Metropolitano Barra registrou um aumento de 11% no público e de 8% nas vendas em comparação com 2015. No dia 23, o crescimento foi de 5% frente à mesma data do ano passado.


'TERMÔMETRO EMOCIONAL'


Na avaliação de Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a recessão obrigou a antecipação das liquidações, diante dos estoques elevados do varejo, especialmente de bens duráveis, mais dependentes do crédito.


- A crise fez com que até as liquidações, que só costumam ocorrer em janeiro, começassem antes, até em novembro. O varejo emendou as liquidações da Black Friday - diz o economista.


Com isso, o gasto por presente caiu de uma média de R$ 175 por item em 2015 para R$ 166, segundo Marcondes, da Ancar. A Fecomércio RJ/ Ipsos estima um tíquete médio de R$ 232,25.


- O valor total, no entanto, cresceu de R$ 600 para R$ 650 por cliente - diz o executivo, com base nos números de quem participa da promoção de Natal dos shoppings da Ancar.


O economista-chefe da CNC diz que, apesar das encomendas menores feitas no Natal, o varejo ainda está "razoavelmente estocado", já que o desempenho das vendas foi fraco em todas as datas comemorativas do ano, como Dia das Mães, dos Pais e dos Namorados. E é isso que motiva a realização de promoções em pleno Natal.


O último dia, no entanto, tende a ser de vendas maiores, apesar da maior cautela do consumidor este ano, por causa do efeito emocional, lembra Carlos Thadeu:


- O dia 24 é um termômetro emocional. Antes do Natal, as pessoas costumam ser mais racionais, calcular o que cabe ou não no orçamento. No último dia, aumenta a influência da emoção.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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