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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 14-12-2016 - 10:09 -   Notícia original Link para notícia
Sem dívidas e sem compras

Com a alta do desemprego na Grande BH, consumidores evitam fazer novas despesas. Com isso, vendas do comércio seguem em queda. De janeiro a outubro, redução na capital chega a 1,6%



Nem mesmo fortes promoções têm alavancado os negócios em BH


O aumento do desemprego está por trás de resultados negativos da economia na capital mineira. A falta de uma ocupação formal leva belo-horizontinos a se endividarem menos. Neste cenário, são raros os que compram e os comerciantes continuam amargando queda nas vendas. O efeito é dominó, tanto que empresários do varejo de BH registram redução de 1,61% nos negócios no período de janeiro a outubro, de acordo com dados divulgados ontem pela de Belo Horizonte (/BH).


O desemprego também aparece entre as causas da redução do índice de endividamento do consumidor, revelado pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Segundo a pesquisa, esse indicador caiu de 29,6%, em outubro, para 26%, no mês passado. A queda do índice de endividamento - que identifica famílias que têm contas ou dívidas contraídas em cartões de crédito, cheques pré-datados, financiamentos, entre outros - tem ocorrido desde junho. Em setembro de 2014, ele estava em 66,5%.


"O desemprego vem inibindo o consumo. O que se observa é que, ao deixar de consumir, está levando à queda do endividamento. As famílias passam por aperto orçamentário e ainda sofrem pressão da inflação", afirma o economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida. Já a inadimplência, que avalia quem não terá condições de honrar as dívidas contraídas, registrou uma ligeira alta, passando de 3,3% para 3,7% no mesmo período.


Em novembro, 85,4% dos entrevistados se endividaram por causa do cartão de crédito. Na sequência, aparece o financiamento de casa (10,2%), financiamento de carro (8,0%), crédito pessoal (6,5%) e cheque especial (5,2%). Segundo o levantamento, a confiança na economia está no nível de insatisfação. Os indicadores de perspectiva profissional (86,3 pontos), renda atual (86,1), acesso ao crédito (52,3) e perspectiva de consumo (37,7) tiveram retração. Almeida atribui o resultado aos prognósticos desfavoráveis para 2017.


No acumulado do ano, o comércio registrou retração de 1,61% em 2016. Apesar da queda, o percentual é melhor do que no mesmo período de 2015, quando houve redução de 3,48%. No entanto, vale observar que a base de comparação já era baixa. Segundo o vice-presidente do /BH, Marco Antônio Gaspar, o desempenho ruim do varejo é resultado do desemprego e da pressão inflacionária. "Este ano, tivemos uma piora considerável nos indicadores de emprego. Com menos pessoas inseridas no mercado de trabalho, o capital que circula na economia também reduz", afirma.


SEM GASTOS A empregada doméstica Maria das Graças de Lelis, de 42 anos, está sem emprego desde o início do ano. Hoje, ela começa um "bico" por somente 15 dias. Desde fevereiro, ela teve que puxar o freio. "Parei de comprar tudo: roupa, sapato, comida. A cesta básica eu consegui com a pastora da igreja que frequento", conta.


Os setores do comércio que tiveram maior queda em Belo Horizonte foram aqueles relacionados com máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,43%), papelarias e livrarias (-2,22%), tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-1,10%). Dona da papelaria Ponta de Lápis, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, Eunice Maia Alvim sente na pele a crise apontada pelos números. "Ninguém tem dinheiro e, por isso, estão deixando de comprar", afirma. As cadernetas da clientela são espelho da situação. "Nossos clientes podem fazer a compra e anotar na caderneta. Percebemos que elas diminuíram muito", reforça a pequena empresária, que resiste no mesmo ponto há 20 anos. "A loja do lado fechou há quatro meses", diz.


Com a criatividade, Eunice tem conseguido resistir. Ela colocou um ponto de internet para consumidores na loja e ainda tem investido em brinquedos e lembrancinhas para incrementar o mix de produtos. Com as estratégias, conseguiu um resultado um pouco melhor: no comparativo com setembro, outubro registrou aumento de 0,22%. Mas nesse sentido, o desempenho foi melhor também por causa do Dia das Crianças.


Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL, Criança
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