Eletrodomésticos, máquinas e móveis figuram entre os produtos que mais colaboraram para o resultado negativo/Carlos Alvim/Divulgação

O menor nível da atividade econômica do País em 2016 e o elevado índice de desemprego continuam tirando o sono do varejista brasileiro. No mês de outubro, em Belo Horizonte, esses fatores novamente contribuíram para o desempenho negativo do comércio. Na comparação com igual período de 2015, os lojistas da capital mineira registraram um volume de vendas 1,27% menor. O dado faz parte da pesquisa Termômetro de Vendas da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).

Os segmentos que tiveram os maiores prejuízos nas vendas no período foram máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,48%), veículos e peças (novos e usados) (-0,61%) e tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-0,60%). As altas taxas de juros que têm sido praticadas no mercado nacional também ajudam a explicar a retração no consumo de alguns desses produtos.

"Com os juros em patamares elevados, a compra de produtos de maior valor agregado fica inviável, pois o acesso ao crédito é dificultado. Além disso, com o encarecimento do custo de vida, acabam sobrando menos recursos para as famílias realizarem suas compras", explica o vice-presidente da CDLCDL-BH, Marco Antônio Gaspar.

No acumulado do ano, o indicador acompanha movimento semelhante. De janeiro a outubro, o comércio de produtos na capital mineira registrou retração de 1,61% frente a igual intervalo do ano anterior. Apesar do volume de vendas menor, o percentual mostra um arrefecimento do processo, já que, nos primeiros dez meses de 2015, o recuo era de 3,48%.

Nesta base de comparação, os segmentos que tiveram maior influência para puxar o índice para baixo foram máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,43%), papelarias e livrarias (-2,22%), tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-1,10%), ferragens, material elétrico e de construção (-1,05%) e veículos e peças (novos e usados) (-1,02%).

A instabilidade política que continua a persistir no Brasil, reflexo das recorrentes denúncias de corrupção envolvendo parlamentares e do confronto entre os poderes Legislativo e Judiciário, é outro fator que tem desestimulado o consumo. Inseguros quanto ao futuro do País, os consumidores têm adotado um comportamento mais contido na hora de ir às compras.

"A instabilidade política não permite uma estabilidade econômica, porque aqueles que têm capital para investir ficam retraídos. Você não investe em um país instável politicamente, e, sem investimentos, não há geração de empregos. Com isso, a renda da população continua menor. E as medidas que o governo está tentando implementar agora ainda vão demorar a fazer efeito", avalia Gaspar.

Dia das Crianças - Em contrapartida, o Dia das Crianças acabou contribuindo para que os varejistas belo-horizontinos tivessem vendas positivas em outubro frente ao mês anterior. Em relação a setembro, o setor teve um incremento de 0,22% no comércio de produtos. O desempenho favorável foi observado nos segmentos drogarias, perfumes e cosméticos ( 1,97%), tecidos, vestuário, armarinho e calçados ( 1,76%), artigos diversos ( 1,21%) e papelarias e livrarias ( 1,09%).

Em Minas Gerais, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2015, o varejo registrou queda de 6% no volume de vendas. Apenas duas das 27 unidades federativas do País tiveram variação positiva: Roraima (5,1%) e Paraíba (0,8%). Frente a setembro, Minas também apresentou recuo de 0,8% no comércio. No acumulado do ano, o setor amarga retração de 1,5%.