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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 11-12-2016 - 09:39 -   Notícia original Link para notícia
Cliente some do comércio popular


Com custo alto de aluguel e condomínio e queda nos negócios de até 70%, o gerente Aílton Silva reduziu o quadro de empregados em 2016



Sônia Alves diz que, a despeito das promoções e das facilidades para pagamento oferecidas, as metas por vendedor não foram cumpridas


A recessão brasileira não poupou nem mesmo os shoppings populares, empreendimentos que costumam navegar em águas mais calmas mesmo em tempos difíceis. Ainda que os produtos oferecidos por esses centros de compras tenham como característica o apelo dos preços baixos, 2016 e este dezembro já são considerados pelos lojistas os piores períodos da história do setor. Nem mesmo promoções, pagamento facilitado e investimentos feitos em infraestrutura para atender melhor o cliente foram capazes de segurar a avalanche provocada pela crise econômica nos negócios desses comerciantes. Alguns deles temem ter de fechar as portas em 2017.

Para reforçar o desânimo, pesquisa encomendada pela de Belo Horizonte (-BH), e divulgada na última quarta-feira, indica que o Natal será magro. Com base no levantamento, 24,2% dos entrevistados - praticamente um quarto dos consumidores ouvidos - não vão comprar nada na data mais importante de vendas do varejo.Trata-se do maior percentual de clientes que não vão comprar presentes de Natal já registrado na série histórica da pesquisa, feita desde 2008. No ano passado, esse universo era de 11%, ou seja inferior à metade.

Prova disso está nos corredores dos centros de compras. A reportagem do Estado de Minas percorreu os principais shoppings populares do Centro de Belo Horizonte durante o último feriado, na quinta-feira. Segundo comerciantes, antigamente, nessa data era praticamente impossível andar com tranquilidade, tamanho era o movimento dos consumidores. E o dia servia como termômetro para as compras natalinas. Porém, diante do que se viu, os sinais não são bons.

Boxes vazios e vendedores esperavam compradores. Nada de vans às portas e até as vendas estimuladas no gogó de vendedores, que tentam atrair a clientela, diminuíram o tom. O cenário é outro. "Está muito difícil. Ninguém compra nada. Atualmente, não estou vendendo nem 30% do que vendia há quatro anos", comenta o gerente Aílton da Silva Júnior, que administra um boxe de produtos eletrônicos no Shopping Oiapoque, instalado na avenida de mesmo nome. Há 10 anos no ponto, ele diz que foi preciso, em 2016, reduzir o quadro de funcionários.

Na ponta do lápis, ele diz que paga aos empreendedores R$ 6 mil por mês relativos a aluguel e condomínio. "É um valor alto e estamos em um momento ruim para as vendas. Éramos cinco trabalhadores no boxe e, atualmente, somos três", diz. Ele revela que, se as dificuldades continuarem como agora, terá que fechar as portas em 2017. Um comerciante vizinho, que prefere não se identificar, também reclama da situação e diz que, por enquanto, dá para "segurar" as contas por dois meses. Depois disso, caso o cenário da economia não melhore, também vai abandonar a atividade no centro de compras. "Nunca vivemos nada parecido. As pessoas chegam aqui, olham os preços, perguntam sobre o produto e não levam nada para casa", diz.

Essa percepção não se limita ao Oiapoque. Em outros shoppings populares próximos a queixa é geral. Vendedor de um boxe de roupas e sapatos no Xavantes, na Rua Curitiba, há oito anos, Edi Wilson só lamenta. "Investiram até em propaganda, mas não está adiantando. Estamos é com medo de 2017", confessa. Além do baixo movimento, há ainda os boxes fechados, que, segundo lojistas, eram ocupados por aqueles que não conseguiram enfrentar a crise. "Poucos vão sobreviver. A crise fez com que as pessoas economizassem e, com isso, ninguém está colocando a mão no bolso", comenta Letícia Oliveira, que trabalha com manutenção de celulares no Xavantes.

No Uai Shopping, na Rua Saturnino de Brito, a história se repete. Sônia Alves, vendedora de uma loja de computadores e televisores há seis anos, diz que a meta de vendas está longe de ser cumprida. "No ano passado, ultrapassamos facilmente a meta de R$ 20 mil mensais por vendedora. Atualmente, não a alcançamos. Fazemos promoções, facilitamos o pagamento, mas não adianta", lamenta.

PODER DE COMPRA Os shoppings populares acreditam que, com a recessão, atrairiam consumidores de melhor poder aquisitivo. De acordo com o presidente do Oiapoque, Mário Valadares, clientes da classe A até apareceram, porém, o impacto para os vendedores ficou abaixo do esperado. "O público aqui é das classes C e D. São, justamente, essas que estão com o poder de compra mais reduzido", afirma. Ele ressalta que a expectativa para o Natal é de, pelo menos, igualar os negócios às vendas registradas no ano passado, já que aumento está descartado.


Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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