O número de belo-horizontinos que quitaram dívidas e regularizaram sua situação financeira apresentou crescimento considerável em outubro. No décimo mês do ano, o índice de recuperação de crédito na capital mineira subiu 3,06% frente a setembro. A alta foi a maior de 2016 para essa base de comparação, segundo dados divulgados ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).

O pagamento antecipado da primeira parcela do 13º salário para parte dos consumidores, como aposentados e pensionistas, assim como a restituição do imposto de renda contribuíram para que os belo-horizontinos colocassem as contas em dia.

Vice-presidente da CDLCDL-BH, Marco Antônio Gaspar afirma que os recursos injetados na economia no segundo semestre deram um novo fôlego ao orçamento das famílias neste fim de ano. Ele acredita que a tendência é de que haja mais recuperação de crédito em novembro e dezembro.

"Nesses meses há o pagamento geral do 13º salário, quando a grande maioria das pessoas aproveita para quitar as dívidas menores e regularizar a situação. A primeira parcela que sai hoje (ontem), principalmente, as pessoas utilizam para quitar os débitos e limpar o nome. Por isso temos aquela correria do Natal, porque normalmente a 1ª parcela é para pagar dívidas e a segunda para as compras dos presentes de fim de ano", explica Gaspar.

As mulheres foram as responsáveis pela maioria dos cancelamentos de registros no SPC da CDLCDL-BH (55,73%) em outubro. A explicação para a maior participação feminina é de que este grupo tem o hábito de fazer compras de menor valor agregado. Os homens responderam por 44,27% da regularização dos débitos. Na análise por faixa etária, os belo-horizontinos com idade entre 50 e 64 anos foram os que mais recuperaram crédito no mês: 25,59%.

A melhora observada frente a setembro, no entanto, não se repetiu nas outras bases de comparação feitas pela pesquisa. Em outubro de 2016, contra o mesmo mês no ano passado, o volume de consumidores quitando dívidas foi 2,90% menor. A queda também foi verificada nos primeiros dez meses do ano, intervalo em que houve retração de 3,72% em relação a igual período de 2015.

O aumento do desemprego no último ano, associado à falta de planejamento de parte dos moradores da Capital, está entre os motivos para a deterioração de ambos os indicadores de recuperação de crédito. Gaspar analisa que, sem renda fixa e com os juros elevados, a capacidade dos consumidores em regularizar a situação financeira acaba sendo comprometida.

"Estamos tentando refazer a educação financeira dos consumidores por meio da mídia, orientando para que as pessoas não façam muitas dívidas e se planejem antes de gastar. E felizmente o consumidor brasileiro está aprendendo a fazer isso, comprando mais à vista. Mas infelizmente a crise, com desemprego, faz com que a inadimplência continue alta", afirma.