Copom aponta inflação mais favorável do que o esperado/Marcelo Camargo/ABr

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou ontem uma nova redução na taxa básica de juros básicos (Selic), de 0,25 ponto percentual. A taxa, que estava em 14% ao ano, caiu para 13,75% ao ano. A decisão foi unânime.

No mês passado, o comitê também reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, a primeira queda em quatro anos.

De acordo com comunicado divulgado pelo BC após a reunião, "a inflação recente mostrou-se mais favorável que o esperado, em parte em decorrência de quedas de preços de alimentos, mas também com sinais de desinflação mais difundida".

O Copom destaca ainda, entre outros fatores, que as projeções para a inflação de 2016, nos cenários de referência e mercado, recuaram e se encontram em torno de 6,6%. As projeções para 2017, nos cenários de referência e mercado, situam-se em torno de 4,4% e 4,7%, respectivamente.

Para 2018, as projeções encontram-se em torno de 3,6% e 4,6%, nos cenários de referência e mercado, respectivamente. Além disso, na visão do comitê, os passos no processo de aprovação das reformas fiscais têm sido positivos até o momento.

Repercussão - Em nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Olavo Machado Junior, afirma que o ideal seria uma redução mais ambiciosa, tendo em vista que o Brasil persiste em recessão e que a inflação segue desacelerando.

"Com o pouco espaço fiscal disponível, em todos os níveis da administração pública, o País depende exclusivamente da política monetária para estimular a recuperação da produção", afirma.

Na avaliação do presidente da Fiemg, a demora em iniciar o afrouxamento monetário contribuiu significativamente para a deterioração nas condições econômicas ao longo de 2016. Da mesma forma, segundo ele, a falta de ousadia no início desse processo de redução de juros atrasa o próximo ciclo de crescimento. Nesse meio tempo, o número de desempregados não para de aumentar e a indústria amarga uma das piores crises da sua história.

"Não temos tempo a perder. Há justificativa para ousadia na redução da Selic. A economia brasileira pede socorro", conclui.

O presidente da Câmara dos Dirigentes LojistasCâmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH), Bruno FalciBruno Falci, faz uma avaliação positiva da decisão. "O corte dos juros chega para dar início aos investimentos produtivos que geram emprego e renda e alavancam a atividade econômica", afirma, em nota.

"Afinal, o atual cenário de intensa desaceleração da atividade econômica pedia essa medida. Os juros elevados já tinham se constituído como um grande entrave para o aumento do investimento. E sem investimentos, o País enfrenta mais dificuldades em sair da recessão e voltar a crescer", diz.

Como consequência da inflação alta e da taxa de juros em patamares elevados, o comércio vem sofrendo queda nas vendas ao longo de todo o ano de 2015 e 2016. De acordo com levantamento da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH), as vendas do comércio varejista da Capital apresentaram queda de 1,8% no acumulado do ano (Jan.Set.16/Jan.Set.15).

"Para o varejo, o retorno da queda nos juros é um fator primordial para fomentar o crédito. Mas é preciso que essa queda venha acompanhada de um controle da inflação. Afinal ela tem um efeito tão prejudicial quanto os juros elevados, pois corrói o poder de compra do consumidor e eleva seu custo de vida. O movimento lojista espera também que o governo federal adote uma política de responsabilidade fiscal e implante medidas que possam estimular a atividade produtiva, para que a economia brasileira retorne ao caminho do desenvolvimento", afirma.

Com juros e inflação em alta, o desempenho do varejo da capital mineira deve fechar o ano de 2016 com queda de 2,97%. Para 2017, a CDLCDL/BH ainda não fez a previsão da expectativa de crescimento para os setores de comércio e serviços. Com informações da Agência Brasil.