Quem está esperando os descontos da Black Friday pela internet, no próximo dia 25, para comprar itens com preços até 80% mais baratos deve ficar atento. Em muitos sites, as promoções da data já foram antecipadas e o que estava em oferta na semana passada pode não ter o mesmo preço reduzido nesta semana. Muitas vezes fica difícil detectar até mesmo o valor de referência da mercadoria, devido à volatilidade dos preços.

Conforme levantamento feito pelo Hoje em Dia, a prática é comum em alguns sites de lojas de departamentos. Essa constante rotatividade de preços configura uma estratégia dos grandes comerciantes varejistas para tentar driblar a concorrência e pode transformar-se em armadilhas para o consumidor.

"Os sites de e-commerce têm uma equipe específica de precificação, que acompanha os produtos da loja na concorrência para maximizar o lucro da própria loja. Essa relação de mercado é muito dinâmica, fazendo com que os valores das mercadorias mudem praticamente a toda hora", explica Guilherme Dias, criador do pelando.com, um comparador de preços on-line, que apresenta também avaliações de consumidores sobre um mesmo produto em relação às ofertas oferecidas em diferentes sites.

Tradicional no Brasil desde 2010, mas sempre com edições polêmicas, o Black Friday movimentou no ano passado R$ 1,5 bilhão, valor que supera em R$ 872 milhões o faturado em 2014, segundo dados do organizador.

Pegadinha

Segundo especialistas em defesa do consumidor, não há limites para mudanças de preços on-line. O que não pode acontecer é na hora da concretização da compra o valor aparecer alterado ou o site cair e, no retorno, a mercadoria tiver um preço diferente do ofertado antes do período de ociosidade.

"O consumidor tem que imprimir todas as etapas da compra. Se o site cair, ele deve ligar imediatamente para o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa. O Procon só consegue atuar quando há essa comprovação documental da compra ou números dos protocolos de atendimento", explica Marcelo Barbosa, coordenador do Procon Assembleia.

Pesquisa

Para garantir que a compra de determinada mercadoria disponível on-line seja efetuada pelo melhor preço é preciso pesquisar muito. E ter disciplina financeira.

"A mercadoria pode até ter desconto de 90%, mas só valerá a pena se o consumidor tiver como pagar os 10% restantes. Acompanhar antecipadamente o preço em estabelecimentos físicos e on-line ajuda a garantir que os descontos oferecidos na Black Friday são verdadeiros", alerta Christian Printes, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Para evitar o que se apelidou, nas redes sociais, de Black Fraude, Procons de todo o país se reuniram com entidades que vão ofertar na data e criaram uma lista de dicas. Pela internet, por exemplo, as ofertas devem ter um selo que as destaque dos demais produtos, já que não há obrigatoriedade que todos os itens do site estejam em oferta.

"Pela internet, ainda tem uma particularidade que vale ressaltar, a partir do recebimento da mercadoria o consumidor pode desistir da compra em até sete dias", diz Barbosa.

Com a concorrência acirrada, amanhã pode ser o melhor dia para realizar as compras

Quinta-feira, véspera da Black Friday, pode ser o melhor dia para as compras on-line. Segundo especialista, as lojas virtuais estarão atentas às postagens dos concorrentes e essa disputa pode ser benéfica para o consumidor.

"Essas variações fazem com que a véspera da Black Friday se torne um dia muito atraente para as compras. Todo mundo está ligado no que vem no grande dia e o consumidor pode se aproveitar disso para garantir boas ofertas", explica Guilherme Dias, criador do pelando.com.

Após 2012, quando grandes sites de departamentos acabaram ficando fora do ar devido ao grande número de acessos constantes, as empresas ficaram mais atentas e começaram a antecipar suas promoções. Já tem portal oferecendo descontos durante todo o mês. A Black Friday se transformou em Black Week, com descontos durante toda esta semana.

A ansiedade do consumidor pode atrapalhar os estoques para o grande dia. "Quem já está na Black Week, por exemplo, pode ter seus produtos esgotados antes da data oficial", avalia Marco Antonio Gaspar, vice-presidente da Câmara de Dirigentes e Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).