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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 19-11-2016 - 08:09 -   Notícia original Link para notícia
Natal com menos presentes e oportunidades

Com perspectiva de vendas reduzidas, diminuem as encomendas à indústria e a oferta de vagas temporárias


-RIO E SÃO PAULO- A falta de apetite para o consumo natalino, reflexo do desemprego e da queda na renda, produziu efeito em cascata no varejo e na indústria. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que o Natal será de menos presentes e de lembranças mais baratas que no ano passado. Com as perspectivas de vendas reduzidas pelo comércio, as encomendas à indústria encolheram, e as vagas de emprego temporário sumiram. Nem mesmo um câmbio mais favorável ao preço dos importados de Natal foi capaz de animar os empresários.


MARCOS ALVES25 de Março. Associação Comercial de São Paulo estima que vendas na capital recuem de 5%a 6% em relação a 2015


De acordo com a Eletros, associação que reúne fabricantes das linhas branca, marrom e portáteis, no terceiro trimestre - período em que produzem para garantir o estoque do varejo no fim do ano - as encomendas recuaram 13,13% em relação ao mesmo período de 2015. A linha de televisores registrou queda de 9,96% na comparação anual, enquanto os eletroportáteis recuaram 19,45%. As indústrias da Zona Franca de Manaus também sentiram fortemente a retração da demanda.


- Não tivemos o chamado "aquecimento" para o Natal. As quase 7.000 vagas temporárias que são criadas simplesmente não foram abertas. É um reflexo do momento econômico ruim que vivemos, que, este ano, teve também a instabilidade política, o que gerou muito pessimismo - explica Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).


Dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) mostram que a fabricação de ar-condicionado split de janeiro a agosto deste ano (dado mais recente) caiu 60% na comparação com o mesmo intervalo de 2015; a de micro-ondas teve queda de 40%; e a de TVs, 20%. As fábricas do polo trabalham hoje com 56% de sua capacidade instalada e empregam 40 mil pessoas a menos do que em 2014: de 127 mil vagas naquele ano para 80 mil atualmente.


- Hoje, a maioria das empresas opera em apenas um turno (já foram três). É o pior quadro do polo de Manaus desde o início dos anos 2000 - diz Périco.


O pessimismo dos comerciantes do Rio e São Paulo explica boa parte da queda nas encomendas. Com base no desempenho do varejo no decorrer de 2016, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) estima que as vendas de fim de ano na capital vão recuar entre 5%e 6% em relação ao ano passado, quando o desempenho local do setor foi o pior desde o início do Plano Real, lembra Alencar Burti, presidente da ACSP. No Rio, tanto o presidente da (/Rio), Aldo Gonçalves, quanto o do Polo Saara, Toni Haddad, esperam que as vendas ao menos não caiam em relação ao Natal de 2015. A crise financeira do estado, que tem atrasado salários, é apontada como um fator agravante para o comércio local.


- Vai ser o Natal dos presentinhos - comenta Gonçalves.


ESTOQUE DE IMPORTADOS


Apesar de não projetar alta nas vendas, Haddad espera que as compras de fim de ano tragam alívio aos caixas dos lojistas, já que nem a Olimpíada ajudou o comércio carioca:


- Esperamos vender 25% mais que nos meses anteriores. Se ficarmos igual ao Natal do ano passado, está dentro do viável.


Apesar do câmbio mais favorável, as encomendas de importados, principalmente de artigos de Natal, que são 100% feitos na China, foram inferiores em relação a 2015. Segundo Haddad, os comerciantes ainda têm estoque para escoar:


- O que vai influenciar os preços é a vontade do comerciante de querer vender.


A baixa do dólar também não refletiu em melhora de perspectiva das vendas de importados para o Natal nos supermercados. Levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que elas devem aumentar apenas 0,7% em relação a 2015, com variação de preços de 9,23%, em média. Considera otimismo a previsão de vendas gerais 0,67% maiores do que as do fim de 2015. Na visão dos empresários do setor, refrigerante e cerveja serão os que apresentarão melhor resultado: aumento de 4,43% e 4,08%, respectivamente. Entre os produtos natalinos, frutas secas (2,68%) e panetone (2,12%) lideram as projeções de vendas. Em contrapartida, o peru tem queda de 1,55% na expectativa de venda em relação ao ano anterior.


- Apesar de estarmos em um momento econômico difícil, a época sempre foi a melhor para o nosso segmento, e esperamos que isso se confirme - destacou o presidente da Abras, Fernando Yamada.


O presidente da Associação dos Supermercados do Rio de Janeiro, Fábio Queiróz, acredita que o volume de vendas deve ser igual ao do ano passado, com faturamento entre 7% e8% maior, em linha com a previsão para a inflação do ano:


- Nesse momento, é preciso aumentar as promoções para fomentar as vendas e a indústria. A orientação ao consumidor é pesquisar. Quanto à cesta de Natal, apesar de ter muitos importados, que virão com preço menor que no ano passado, as aves estão mais caras. Então, ela deve sair pelo mesmo preço de 2015.


A pesquisa do SPC e da CNDL identificou que 107,6 milhões de consumidores deverão presentear alguém este ano, contra 109,3 milhões em 2015. O levantamento também mostra que, em termos reais (quando descontada a inflação), o gasto médio por presente deve cair 5,34%, para R$ 109,81, em relação a 2015.


- Por conta do orçamento mais restrito, os brasileiros gastarão menos e vão preferir pagar em dinheiro, o que tem a ver com acesso menor ao crédito e insegurança de assumir parcelas - explica Marcela Kawauti, economista do SPC Brasil.


SHOPPINGS OTIMISTAS


Ainda de acordo com o levantamento, cresceu a quantidade de brasileiros que planejam comprar menos presentes no Natal. Mais de um quarto (28,7%) dos consumidores ouvidos disseram que serão mais contidos. No ano passado, eles eram 22,8% da amostra de compradores.


Os shoppings estão otimistas. Apesar de levantamento recente do Ibope apontar que o consumidor continua reduzindo suas visitas aos centros comerciais em todo o país, eles apostam nas promoções e na estrutura de lazer que oferecem para aumentar o fluxo de pessoas e as vendas. Diego Marcondes, gerente nacional de Marketing da Ancar Ivanhoe, que administra seis shoppings no Rio, entre eles Nova América e Botafogo Praia Shopping, aposta num crescimento de 5% nas vendas em relação a 2015:


- Mais do que um centro de compras, é um local de entretenimento. As pessoas não vêm só para comprar.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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