Birô de crédito diz que 890 mil consumidores têm contas atrasadas em Belo Horizonte
Pela primeira vez em 11 anos, o porteiro Paulo Roberto de Souza, 53, vai passar o Natal com o nome limpo. Nessa quarta-feira (16), ele renegociou sua última dívida, referente à conta de luz, e vai tirar o nome do cadastro negativo. "Era uma dívida de 2013, que daria R$ 275. Mas eles baixaram para R$ 124. Vou pagar e recuperar meu crédito. Antes, eu tinha que juntar dinheiro para pagar à vista", conta Souza. A mulher de Souza, Elizete Oliveira, comemorou a conquista. "Agora vou conseguir comprar uma máquina de lavar". Souza conseguiu um desconto de 55% no Super Feirão Limpa Nome, que a Serasa realiza no estacionamento do Minas Shopping até o próximo sábado, das 8h às 18h.

De acordo com o diretor de operações da Serasa Experian, Amador Rodriguez, as negociações dependem do tempo da dívida e do perfil de cada devedor. "As empresas participantes estão dispostas a renegociarem e os descontos podem chegar a 90% sobre o valor devido", destaca Rodriguez. Essa é a segunda vez que o feirão é realizado em Belo Horizonte. Na primeira, em março deste ano, mais de 6.700 pessoas passaram pelo evento.

A capital mineira foi escolhida para sediar essa edição presencial devido ao alto índice de inadimplência. Segundo a Serasa, 890 mil consumidores têm dívidas atrasadas. Isso significa 49% da população adulta. A média nacional é de 40%.

"No feirão presencial, o consumidor chega, retira o extrato e, caso o credor esteja participando, vai negociar diretamente. Ou então pode tentar a negociação pelo feirão online, que vai funcionar até o dia 26 de novembro", explica Rodriguez. No Minas Shopping, o consumidor encontrará 13 empresas, entre bancos, financeiras, varejo e também a Cemig. Já no site, são mais de 40 credores dispostos a renegociarem. "A chance de conseguir uma boa condição é muito alta. O consumidor pode conseguir redução da dívida ou então mais prazo para pagar", afirma.

Para o aposentado Daniel Felix Fernandes, 62, a oportunidade garantiu uma economia de mais de 70%. "Eu tinha uma dívida de cartão que, com os juros, já passava de R$ 6.000. Consegui pagar só o que eu devia, e caiu para R$ 1.678. Agora vou conseguir pagar e limpar meu nome", conta.

No primeiro dia, o feirão recebeu 800 pessoas das 8h às 16h. A expectativa é a de, no mínimo, repetir os 6.700 visitantes da última edição.

Na hora. Quem for ao feirão negociará direto com Bradescard, Bradesco Cartões, Leader, Recovery, Net, Claro, Embratel, Casas Bahia, Ponto Frio, Avon, Olé Consignado, Losango e Cemig.

Calote cai, mas vendas também

Segundo pesquisa da Serasa, de julho para agosto, cerca de 3.000 belo-horizontinos saíram das estatísticas de nome sujo. Dados do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC), divulgados nessa quarta-feira (16) pela Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas (CDLCDL-BH), também apontam redução do ritmo da inadimplência. Em outubro, o número de dívidas junto ao SPC da CDLCDL caiu 1,59% em relação a setembro.

De acordo com o vice-presidente da CDLCDL-BH, Marco Antônio Gaspar, a desaceleração mostra que tem menos gente devendo porque o volume de pessoas parcelando as compras é menor. "Tem menos gente se endividando e isso reflete em queda nas vendas do comércio".

Frases

"Eu comprei um celular há uns dois anos, mas não gostei da operadora. Usei só dois meses, troquei, e acabei esquecendo de pagar a conta. Com juros, estava dando R$ 260, mas consegui baixar para R$ 90."

Eunides Ferreira

Cozinheira

"Há dois anos, eu emprestei meu cartão e a dívida ficou para mim. Com os juros, era para dar mais de R$ 6.000, mas negociei e vou pagar R$ 1.678, à vista. Se não fosse isso, não teria como pagar."

Daniel Felix Fernandes

Aposentado