Avanço de Trump em pesquisa também afeta Bovespa, que cai 2,46%

-SÃO PAULO E RIO- A crescente aversão ao risco nos mercados internacionais - após pesquisa mostrar o republicano Donald Trump pela primeira vez à frente da democrata Hillary Clinton na corrida presidencial americana desde maio - fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuar 2,46% ontem, a 63.326 pontos. O mercado de câmbio, por sua vez, sentiu os efeitos do fim do prazo para a repatriação de recursos de brasileiros no exterior. Com menos fluxo de dólares, a cotação da moeda subiu 1,63%, para R$ 3,255.

RICHARD DREW/APEm queda. Operadores na Bolsa de Nova York: temor por ascensão do republicano pesou em mercados no exterior

- O mercado de ações no mundo todo está caindo muito, respondendo negativamente às intenções de voto nos EUA: Donald Trump aparece com 46% contra 45% de Hillary Clinton em uma pesquisa. Ele já deu indicações favoráveis a barreiras comerciais e a elevações de taxas de juros - afirmou Lenon Borges, analista da Ativa Corretora.

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,58%, e o S&P 500 recuou 0,71%,também influenciadas pela corrida eleitoral americana. CAUTELA EM VÉSPERA DE FERIADO No Brasil, Bolsa e câmbio foram influenciados também por uma postura de maior cautela dos investidores, já que o mercado não abre hoje devido ao feriado de Finados. E, hoje, será um dia movimentado nos mercados globais, já que o Federal Reserve (Fed, banco central americano), vai anunciar sua decisão sobre a taxa de juros no país. A expectativa é que a taxa seja mantida no atual patamar, entre 0,25% e 0,50%, mas o mercado ficará atento ao comunicado do Fed após a reunião e em que medida haverá uma sinalização sobre o comportamento futuro dos juros nos EUA.

Além do real, outras moedas de países emergentes se desvalorizaram ontem. O peso mexicano perdeu 1,82%, o peso colombiano, 1,33%. O rand sul-africano caiu 1,22%, e a lira turca, 0,76%.

- Na última semana, o fluxo de entrada de recursos por causa da repatriação distorceu um pouco o real. O dólar chegou a ser negociado a R$ 3,10. Era uma distorção que não tinha como o mercado enfrentar porque tinha um fluxo. Agora, começa a correção - afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor. VALE SOBE COM ALTA DO DÓLAR A Bovespa seguiu a tendência do mercado americano, com a insegurança gerada pela ascensão de Trump nas pesquisas. Para as companhias brasileiras, como a Petrobras, preocupa o fato de o republicano ter o protecionismo entre suas bandeiras. As preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal caíram 4,7%, a R$ 16,86, e as ordinárias (ON, com voto) recuaram 3,8%, a R$ 17,93.

Favorecida pela alta do dólar, a Vale foi uma das poucas companhias com peso no Ibovespa que avançaram: 0,67% as ações PN e 0,99% as ON.