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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 02-11-2016 - 10:38 -   Notícia original Link para notícia
BC limita comunicação a informações oficiais

Opiniões atribuídas ao 'corpo técnico' não devem ser consideradas, diz nota



-BRASÍLIA- Depois de instituir a lei do silêncio entre os técnicos do Banco Central (BC), o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, partiu para uma ofensiva ainda maior para tentar coordenar a comunicação do BC. Ontem, o BC soltou uma nota à imprensa para dizer ao mercado e à sociedade que informações atribuídas às fontes do corpo técnico da autarquia não devem ser levadas em consideração como oficiais.



"Informações ou opiniões atribuídas a membros do Copom ou a 'técnicos' do BC não compõem a comunicação oficial do BC e não devem ser encaradas como manifestações desta autarquia", frisou o Banco Central no comunicado.



Num longo texto, o BC expôs que comunicação com a sociedade é feita pelas mensagens, primordialmente, nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e nos Relatórios Trimestrais de Inflação. E que, de forma complementar, em discursos e entrevistas. E essas manifestações são "alinhadas às mensagens veiculadas nos documentos oficiais".



Na edição de terça-feira, O GLOBO mostrou bastidores de uma reunião entre os diretores Carlos Viana (Política Econômica) e Tiago Couto Berriel (Assuntos Internacionais) e economistas do mercado financeiro. Segundo participantes ouvidos pelo jornal, Berriel aproveitou a oportunidade para afastar uma dúvida dos analistas: se a atual diretoria usa estrategicamente algumas palavras para indicar qual será o próximo passo para a política de controle de inflação. Ele teria dito que o BC não tem um "dicionário oculto" e que usa apenas português.



A nota oficial confirma a informação de que a gestão atual não elegeu palavras-chave para orientar o mercado (prática comum da diretoria anterior): "A comunicação privilegia a mensagem como um todo e não a utilização de palavraschave para transmitir suas avaliações ou sinalizar futuras ações. Os documentos oficiais devem ser analisados em seu conjunto". IRRITAÇÃO COM 'RUÍDOS' Os diretores do BC estavam preocupados com a leitura de que a autoridade monetária mira apenas em três fatores para combater a inflação. Na ata do Copom, os diretores colocam os três maiores riscos. Na reunião, segundo fontes, Berriel teria dito que a leitura teria de ser mais abrangente. A informação também foi confirmada na nota de ontem:



"O BC avalia que condicionar a evolução futura da política monetária a fatores relevantes para a inflação transmite de maneira adequada a racionalidade econômica que guia as suas decisões. Essa forma de comunicar se baseia em dados, não em datas", disse o Banco Central na nota. "Em outras palavras, as mensagens reagem à evolução dos dados apresentados, o que ajuda a entender as ações presentes e a projetar ações futuras da autoridade monetária".



Nos bastidores, Goldfajn tem mostrado irritação e preocupação com algumas publicações na imprensa que citam "técnicos do BC". Ele soltou uma orientação interna para que ninguém passe informações para a imprensa em off, ou seja, respaldado pelo anonimato da fonte, e disse que apenas diretores devem falar. Ele não quer que ruídos sejam criados na orientação do mercado financeiro.



A ancoragem das expectativas é uma meta cara ao presidente da autoridade monetária, que quer fazer uma gestão oposta à do governo anterior, quando os analistas deixaram de levar em consideração não apenas as comunicações, mas - principalmente - as projeções do BC.


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