Após muitos anos de liderança alternada entre automóveis chamados populares, como o Palio e o Uno, da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), e o Gol, da Volkswagen, o segmento tem novos líderes de venda: o Onix, da GM do Brasil, e o HB20, da Hyundai. A mudança foi provocada pelo encolhimento da demanda no setor e pela pequena diferença de preço entre os novos líderes e os antigos, além de algumas vantagens tecnológicas dos novos preferidos do mercado, conforme análise de especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO.

Só para se ter uma ideia, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no acumulado até setembro deste ano, o Onix, da GM, liderou as vendas, com 105,1 mil unidades emplacadas, seguido pelo HB20, da Hyundai, com a comercialização de 85,8 mil veículos do modelo.

A diferença do líder Onix para o Palio, da Fiat, o carro mais vendido da montadora neste ano até setembro, em quarto lugar, com 48,6 mil emplacamentos, foi de 56,5 mil unidades. Em 2012, por exemplo, quando a montadora italiana ainda liderava o segmento de automóveis e comerciais leves, foram vendidos 130,8 mil modelos de Palio. O veículo era apenas o terceiro em vendas, atrás do Gol (Volkswagen), em primeiro, e do Fiat Uno, em segundo.

Essa alternância na lista de modelos mais vendidos também provocou mudança no mercado. Em 2012, a Fiat liderava o mercado de automóveis, com participação de 22% e dois carros entre os três mais emplacados no País, seguida pela Volkswagen (21,2%) e pela GM (17,7%).

Hoje, a GM assumiu a ponta no segmento de automóveis com participação de 16,8%, seguida pela Fiat, que caiu para a segunda posição depois de 12 anos ininterruptos, abocanhando 15,3% de fatia. Depois, aparece a Vollswagen (12,2%) e a Hyundai, em quarto, com 1% do market share. A montadora coreana só aparecia na lista de 2012 na nona posição.

Crise - Para o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato Dynamics, consultoria especializada no mercado automotivo, Milad Kalume Neto, a mudança no ranking de veículos mais vendidos no Brasil aconteceu devido a dois fatores, principalmente. O primeiro foi a crise econômica, que impactou na compra de "carros de saída", considerados mais básicos e com preços mais acessíveis. O segundo motivo, conforme ele, foi o desenvolvimento do design e de novas tecnologias e equipamentos sem grande alterações de preços.

"Os carros populares deixaram de ser vendidos porque quem compra esse tipo de veículo é a massa e, a partir do momento que temos uma crise, esse público recuou na compra desses modelos. Aliado a isso, novos designs e novas tecnologias e equipamentos, que acabam trazendo novos elementos em um patamar de preço não muito diferente, atraindo esses mesmos consumidores", explicou.

A avaliação do chief executive officer (CEO) da consultoria MegaDealer, José Rinaldo Caporal, é parecida. "O Onix e o HB20 são modelos que caíram nas graças dos consumidores e acabaram alavancando as vendas das montadoras porque representam uma parcela importante dos emplacamentos de cada uma", disse.

"Outro aspecto é que a venda frotista, que era o forte da Fiat e Volkswagen também caíram bastante. O que compunha a liderança da Fiat eram as vendas diretas, que tinham uma participação relevante para a montadora, e as vendas através das concessionárias não existe mais", afirmou.