Levantamento mostra que 23% dos brasileiros jogam sem critério documentos e cartas no lixo
Jogar documentos e faturas no lixo sem muito critério, não colocar senha no smartphone e anotar a senha num papel carregado junto com o cartão estão entre os comportamentos mais arriscados que uma pessoa pode ter, tornando-a exposta a um risco maior de ser vítima de algum tipo de fraude. Se você age desse jeito, saiba que não está sozinho. Mas seu comportamento é de risco e um verdadeiro prato feito para os fraudadores. O Brasil é o país americano com comportamento mais arriscado no uso de cartões, segundo pesquisa realizada pela ACI, empresa de soluções de pagamentos e serviços bancários eletrônicos. Além disso, o país fica na segunda posição global entre aqueles que mais registram fraudes, perdendo apenas para o México.

O estudo Global Consumer Card Fraud 2016, intitulado "De onde vêm as fraudes com cartões", foi feito em 20 países, quatro deles nas Américas - Estados Unidos, Brasil, México e Canadá.

De acordo com o levantamento, realizado em parceria com o Aite Group, mais de um quarto dos consumidores brasileiros (27%) deixa seus smartphones desbloqueados quando não estão em uso, e 23% jogam documentos e cartas com informações pessoais no lixo.

E não é só isso: 22% acessam o internet banking sem softwares de proteção ou a partir de computadores públicos; 15% carregam consigo suas senhas anotadas em papel; e 11% fornecem informações pessoais em e-mails e telefonemas que buscam dados bancários.

Nem o cuidado salvou. A analista de marketing Mariana Lopes conta que não está no grupo dos brasileiros descuidados com o uso do cartão e de seus dados pessoais. "Eu picoto os papéis com meus dados de forma que não é possível conseguir qualquer tipo de informação. Só faço compras pela internet no meu notebook com antivírus atualizado e procuro adquirir produtos e serviços em sites renomados", diz.

Embora seja cuidadosa, ela já teve cartão clonado três vezes. "A primeira vez foi em 2013. Depois, no ano passado, e, agora, no dia 14 de agosto. Compraram passagem aérea, entrada de parque aquático e mais um serviço oferecido na internet", conta. Ela ficou sabendo das compras feitas com seu cartão de várias formas - a última foi por um e-mail de compra. "Eu também recebo notificação do banco via SMS para as compras feitas no cartão", diz.

Conselhos "Nunca perca seu cartão de vista"

Além de evitar os comportamentos de risco mais óbvios, como anotar senhas, há diversos outros cuidados que as pessoas podem tomar para evitar golpes, alerta o diretor geral da ACI no Brasil, Hugo Costa: "Um deles é usar sempre cartões com chip, pois são mais seguros". Ele também recomenda não perder o cartão de vista quando for a restaurantes ou postos de combustíveis, por exemplo. "Ao usar caixas eletrônicos, fique atento: sempre cubra o teclado ao digitar senhas e não utilize o equipamento se houver cabos e fios aparentes", orienta.

Problemas Primeiro passo é não reconhecer compra

Se você percebeu que seu cartão foi clonado, deve entrar em contato com a operadora do cartão, diz o professor de direito civil do Ibmec-MG Flávio Pedron. "O primeiro passo é não reconhecer a compra e pedir o bloqueio do cartão", diz. Ele lembra que há casos em que a operadora já procura o cliente quando percebe que uma compra é bem diferente dos habituais daquele usuário.

Caso o cartão não seja bloqueado e o valor não seja estornado, o consumidor pode pedir o ressarcimento na Justiça se comprovar que não fez a compra. A situação é passível de indenização por danos morais e materiais.

A analista de marketing Mariana Lopes, que já teve cartões clonados três vezes, sabe de cor os procedimentos. Em todos os casos, ela telefonou para a central de relacionamento, e os problemas foram resolvidos. Mas, por via das dúvidas, também fez um seguro para o cartão.

O advogado da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH) Reginaldo Moreira diz que todos os cuidados para evitar problemas devem ser tomados por consumidores e lojistas. "No caso da loja física, é pedir documento de identidade", aconselha Moreira.