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Portal O Tempo ( Economia ) - MG - Brasil - 23-08-2016 - 03:00 -   Notícia original Link para notícia
Empreender ou aplicar é questão de opção individual

Texto espalha que investir é melhor do que abrir empresa
Empreender ou investir? Com a retração do consumo, a velha e conhecida carga tributária alta e juros convidativos nas aplicações financeiras, o dilema ganhou força com um texto, de autoria indeterminada, que tem circulado nas redes sociais, afirmando que investir é mais vantajoso do que abrir uma empresa no Brasil. Partindo de uma hipótese de alguém que tenha R$ 500 mil, a mensagem destaca que, enquanto o Tesouro Direto oferece remuneração anual de 18%, o setor produtivo convive com baixas margens de lucro, sacrificadas pelos impostos. Entretanto, analistas contestam a simplificação de tal comparação e afirmam que não há uma opção melhor ou pior.

O gerente da área de Inteligência Empresarial do Sebrae MG, Felipe Brandão de Melo, afirma que não é possível generalizar, pois a escolha entre empreender e investir é uma decisão pessoal, e não uma receita generalizável. "O texto reúne um monte de pequenas verdades, que são verdades quando analisadas separadamente, como a alta carga tributária, por exemplo. Mas são simplificações, e precisamos lembrar que meias verdades podem ser meias mentiras", destaca Melo. Para ele, tanto para investir quanto para empreender, a capacidade de a pessoa de avaliar e aceitar o risco é determinante.

O professor de ciências contábeis do Ibmec/MG Paulo Machado afirma que a elevada remuneração atribuída Tesouro Direto, de 18%, só está tão alta porque é vinculada à inflação, que deve cair. "Esse não é o normal. E é preciso levar em conta que esses títulos têm vencimentos a longo prazo", diz.

O diretor da Intermedium Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (IDTVM), Ricardo Couto, explica que existem várias modalidades de Tesouro Direto, mas nenhuma tem remuneração de 18% ao ano. "Ela já chegou a 17%, mas hoje é de 13%, e, se descontarmos o Imposto de Renda com a alíquota de resgate de dois anos após a aplicação, vai cair para 11%", destaca. "Não é uma comparação justa, pois o Tesouro é uma opção para quem quer fazer a gestão de um patrimônio que já tem. E o setor produtivo é totalmente diferente: tem um risco maior porque a expectativa de retorno também é maior", ressalta.

Estímulo errado. O presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, ressalta que geralmente a aplicação dá um retorno maior do que o mercado produtivo devido ao modelo adotado pelo governo brasileiro. "Em geral, a estimulação do governo é maior para as aplicações do que para a atividade produtiva. Deveria ser o contrário, mas o incentivo é para emprestar dinheiro para ele mesmo", destaca.

O vice-presidente da (-BH), Davidson Cardoso, afirma que, tanto no empreendedorismo como no investimento, tem que ter conhecimento. "Só é viável se houver um plano. Tem que conhecer bem o mercado, a concorrência, e fazer projeções. A carga tributária não vai determinar a escolha, pois, mesmo sendo alta, todos os concorrentes pagam. Quem sofre é o consumidor, que tem o imposto repassado para o preço".

Mitos espalhados nas mídias sociais

O que diz o texto:

"A média de lucro vai de 3% a 5% (varejo), 6% (farmácias e drogarias), 10% (postos de gasolina) 11% a 13% (alimentação e serviços), para citar alguns exemplos"

O que diz o vice-presidente da -BH Davidson Cardoso:

"Não há como generalizar a margem de lucro de um negócio, pois ela vai variar de acordo com o ramo de atividade e com o custo fixo de cada empresário"

O que diz o texto:

"Em média, 40% do seu investimento vai para o governo; 24% vai para os trabalhadores; e descontada a parte do banco (capital de giro, desconto de recebíveis, etc), a você será permitido ficar com apenas 7% do que gerou"

O que diz o professor do curso de ciências contábeis do Ibmec/MG Paulo Machado:

"De fato, as alíquotas dos impostos são grandes, mas para uma empresa do Simples, por exemplo, na área de comércio, não ultrapassa 11,61%"

O que diz o texto:

"Uma aplicação no Tesouro Direto indexada ao IPCA rende hoje pouco mais de 18% ao ano"

O que diz o diretor da IDTVM, Ricardo Couto:

"A rentabilidade já foi de 17% ao ano. Atualmente ela é de 13%"

Avaliação

Investidor de fora está interessado

São Paulo. O interesse dos investidores no Brasil está bastante forte e deverá continuar dessa forma nos próximos seis a 12 meses, disse o diretor executivo responsável por Corporate e de Banco de Investimento do Itaú BBA, Christian Egan. Segundo ele, das fusões e aquisições, cerca de 50% das operações foram "cross border", ou seja, com estrangeiros investindo no Brasil.

"Apesar da situação econômica e dos desafios no Brasil, o capital estrangeiro está vendo oportunidades no país", disse o diretor nessa segunda-feira (22), em almoço com a imprensa. O executivo afirmou ainda que os investidores estão aproveitando eventos de liquidez no mercado para recompor seus portfólios.

Fomos surpreendidos com fluxo de investidores estrangeiros para mercados emergentes superior ao esperado", disse Egan. Segundo ele, o mercado vai surpreender, com empresas mais preparadas para utilizar o mercado de ações.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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