Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 21-07-2016 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Selic continua em 14,25%

Comitê de Política Monetária do Banco Central decide manter a taxa básica de juros diante dos riscos de inflação. Foi a oitava vez sem mudança
Mais uma vez, foi unânime. Em meio a muitas mudanças de procedimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu à risca a expectativa do mercado financeiro e manteve, ontem, os juros básicos em 14,25% ao ano. Esta foi a oitava vez consecutiva que o colegiado optou pela estabilidade da Selic, que está no atual patamar desde julho do ano passado. Trata-se do período mais longo do regime de metas de inflação, implantado no Brasil em 1999, em que a taxa fica imóvel.

A manutenção de forma consensual dos juros nesta primeira decisão comandada por Ilan Goldfajn e sua equipe, porém, foi regada de muitas novidades. Uma delas foi o teor do comunicado que se seguiu à decisão, que trouxe mais detalhes em relação à avaliação do BC quanto ao cenário para a inflação. Em texto de vários parágrafos, o BC citou desafios no cenário externo e identificou riscos domésticos para o cumprimento do cenário básico de inflação. De acordo com o BC, no curto prazo "o ambiente encontra-se relativamente benigno para as economias emergentes. No entanto, a dinâmica da recuperação da economia global permanece frágil, com incertezas quanto ao seu crescimento".

A instituição lembrou ainda que, no boletim Focus, as expectativas de inflação recuaram, mas ainda seguem acima da meta para 2017, de 4,5%. No cenário de referência citado pelo BC no comunicado, a projeção de inflação para 2017 é de 4,5% e, no cenário de mercado, em 5,3%. No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicado em junho, o cenário de referência apontava 4,7% e o de mercado 5,5%.

O Banco Central destacou ainda os riscos domésticos para seu cenário básico. Entre eles, a inflação acima do esperado no curto prazo, "em boa medida decorrente de preços de alimentos", e as "incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia". Para a autoridade monetária, um período prolongado de inflação alta e expectativas acima da meta "também pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação".

Até a edição passada do Copom, em 8 de junho, o comunicado ordinariamente era composto por três partes. Na primeira, informava a definição da taxa; na segunda, aparecia o que os diretores levaram em consideração para tomar a decisão; e, na terceira, havia a citação de todos os membros do colegiado que participaram da reunião.

O novo formato do comunicado não foi a única alteração da estreia de Goldfajn no Copom. A ata também sofrerá modificações. Será conhecida mais cedo (passará a ser anunciada às terças e não mais às quintas-feiras) e terá o teor mudado. O documento da reunião passada, portanto, não poderá servir como base de comparação, assim como ocorreu com o comunicado de ontem.

Neste primeiro Copom de Ilan Goldfajn, os encontros também começaram e terminaram mais cedo. Outra alteração foi a forma de divulgação da decisão do colegiado sobre os juros. Antes, um porta-voz do BC lia o comunicado para jornalistas que aguardavam o fim do encontro na sede da instituição, em Brasília. Hoje, o anúncio passou a ser feito apenas pela internet.

Considerando que o país passa pela pior recessão de sua história, o presidente do Sistema da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, ficou decepcionado com a decisão de manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano. "Não custa lembrar que a economia brasileira passa pela pior recessão da história, que a inflação está em queda e que esses inacreditavelmente elevados juros brasileiros constituem um dos principais obstáculos ao investimento produtivo e à retomada da atividade econômica", ponderou.

Para Olavo Machado, "os juros têm que cair". Mesmo porque, o "endividamento do país está crescendo rapidamente". "A indústria, que paga os mais altos impostos no país, proporcionalmente ao que produz, sabe muito bem que essa ciranda vai terminar em carga tributária ainda mais alta. Precisamos nos mobilizar contra isso", reforçou.

Também na opinião do presidente da de Belo Horizonte (/BH), , a Selic mantida em patamar elevado se tornou um grande entrave para os setores de comércio e serviços, "pois os juros altos abalam a tomada de crédito". "Reflexo disso é o impacto na vida dos consumidores, que têm mais dificuldades de realizar compras em longo prazo e também de renegociar dívidas em atraso", justificou. Segundo ele, a expectativa dos empresários dos setores de comércio e serviços da capital é de que o Banco Central inicie no próximo mês o corte da taxa de juros. "A medida contribuiria com a retomada do desenvolvimento do setor produtivo brasileiro. A queda dos juros criaria um cenário mais propício para os consumidores quitarem suas dívidas. Com isso, mais pessoas poderão retornar ao mercado de consumo e o varejo será estimulado".


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.