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Isto é Dinheiro online ( Negócios ) - SP - Brasil - 02-07-2016 - 13:35 -   Notícia original Link para notícia
A conta chegou

A Volkswagen vai pagar multa recorde de US$ 14,7 bilhões para se livrar do maior escândalo de fraude de emissão de poluentes da história automotiva e evitar o risco de ser proibida de vender nos EUA



A montadora alemã Volkswagen vive um dos seus períodos mais complicados desde os tempos da Segunda Guerra Mundial, quando sua fábrica, em Wolfsburg, foi bombardeada pelas Forças Aliadas. Desta vez, o problema que caiu como uma bomba foi a descoberta, em setembro do ano passado, de uma fraude no sistema que mede a emissão de poluentes, instalado em 11 milhões de seus veículos a diesel em todo o mundo. A medida visava evitar que seus carros fossem impedidos de serem comercializados nos EUA, que possui rígidas regras de impacto ambiental. Agora, a conta da manobra ilegal chegou. Na segunda-feira 27, a montadora chegou a um acordo com a Justiça americana para solucionar a crise que ficou chamada de Dieselgate. Pela determinação, ela pagará uma multa de US$ 14,7 bilhões, um valor sem precedentes cobrado de uma empresa automotiva no mercado americano. "Levamos muito seriamente o compromisso de fazer as coisas certas e esses acordos são um significativo passo a frente", disse, por meio de comunicado, Matthias Müller, o CEO que assumiu depois de Martin Winterkorn renunciar por conta do escândalo.


O compromisso assumido pela Volkswagen será pesado. Mas foi necessário para que a empresa não fosse proibida de vender carros nos EUA, o maior mercado do mundo. Ela deverá gastar US$ 10 bilhões com a recompra de 475 mil automóveis de dois litros (carros de passeio, como Golf, Jetta e Passat) vendidos nos EUA e que emitiam até 40 vezes mais do que o nível permitido pela regulação local. A empresa também precisará investir US$ 4,7 bilhões em esforços para zerar as emissões de carbono de automóveis e em programas para mitigar o impacto ambiental do diesel, além de outros US$ 603 milhões para dar fim às ações judiciais em 44 Estados. No total, a montadora terá de desembolsar US$ 15,3 bilhões. Também são esperadas penas em outras partes do mundo.


O impacto da multa americana nas finanças da Volkswagen, que equivale a quase 20% do valor de mercado da montadora, poderá resultar em cortes de salários dos trabalhadores alemães e na redução de verbas de desenvolvimento de novos modelos. O caso também coloca em xeque a própria produção de veículos a diesel pelo mundo. Müller disse ao jornal alemão Handelsblatt que a montadora precisa decidir se continuará investindo no desenvolvimento de motores a diesel. Também outras empresas devem ser arrastadas pelo Dieselgate. Desde o fatídico mês de setembro, a Mitsubishi admitiu ter fraudado exames de eficiência energética e a Renault pediu um recall de 15 mil veículos com sistemas de filtros defeituosos. Além disso, estudos comparando os testes de laboratório com o desempenho no mundo real encontraram problemas em carros da Honda, Hyundai, Mazda, Nissan e Volvo.


A discussão chegou ao Brasil. O caso pode prejudicar um lobby da indústria de autopeças. Nas próximas semanas, a Câmara dos Deputados deve avaliar uma portaria que estimula a produção de carros a diesel no País. O momento não poderia ser pior. "O mundo está indo para um caminho de descarbonização, e voltar atrás seria um retrocesso", diz Alfred Szwarc, consultor especialista em emissão de poluentes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).



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