Volume de registros no SPC da CDLCDL-BH é o maior para o mês de maio nos últimos quatro anos

A alta da inflação e o maior endividamento das pessoas fizeram com que o nível de inadimplência dos consumidores da capital mineira atingisse o maior patamar para o mês de maio nos últimos quatro anos. Segundo levantamento da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH), o volume de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no quinto mês deste ano foi 4,26% maior do que o observado em igual período do exercício passado.

Dados da entidade revelam ainda que em maio de 2015 a alta no número de pessoas inadimplentes havia sido de 2,97%, enquanto no mesmo mês de 2014 e 2013 esses índices foram de 3,99% e 3,16%, respectivamente.

Na avaliação da economista da entidade, Ana Paula Bastos, o comportamento é preocupante. Isso porque, tradicionalmente, a inadimplência atinge picos nos meses de janeiro, março e abril para, a partir de maio, começar a decrescer. Em 2016, porém, isso não aconteceu.

"Nos três primeiros meses do ano é normal ter elevação nos índices, mas depois se espera um decréscimo, o que não tem ocorrido neste ano", alerta a economista. A justificativa, segundo ela, está na infeliz combinação de alta da inflação, aumento do desemprego e falta de planejamento das famílias.

Já o número de dívidas em atraso na Capital registrou crescimento de 4,08% em maio na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Para Ana Paula Bastos, esse aumento demonstra, sobretudo, a dificuldade dos consumidores em realizar um planejamento financeiro de longo prazo. "Com a inflação em alta, planejar as finanças fica ainda mais difícil. Com o encarecimento no custo de vida, a perda na renda é constante", afirma.

Quando comparado com o mês anterior, o índice de dívidas em atraso apresentou queda de 0,42%. "Essa retração é reflexo do término do pagamento das despesas de início de ano como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e matrículas escolares", explica Ana Paula.

Sobre o perfil das dívidas, ela destaca que em maio, as mulheres foram responsáveis pelo maior crescimento da inadimplência na Capital (4,45%), na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Entre os homens essa alta foi de 3,38%. A justificativa para isso, conforme a economista, está no fato de as mulheres terem o hábito de realizar compras parceladas sem planejamento financeiro, além de o desemprego entre o público feminino estar em um patamar maior do que entre os homens, fator que afeta diretamente na renda e na capacidade de pagamento das contas.