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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 12-06-2016 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Nem o amor resiste

Para enfrentar a recessão, casais mais precavidos limitam despesas com a data usando armas que vão do corte dos presentes a comemorações mais econômicas
A crise de expectativas que atingiu a economia não abalou a confiança dos casais no romance, mas os namorados estão mais precavidos em 2016 e colocaram limites às comemorações; muitos desistiram de presentear. Desta vez, os itens caros, como joias e viagens, foram trocados por jantares a preços mais modestos, passeios econômicos, e presentes sem tanto apelo, que, na média, não ultrapassam R$ 100.

Daniella dos Reis, contadora, e o bancário Paulo Henrique de Souza gostam de comemorar a dia dos namorados com romântico jantar japonês, ao custo de R$ 300, hábito mantida há cinco anos. Hoje, porém, eles vão quebrar a tradição e programaram um roteiro mais modesto para confirmar a data no calendário, mesmo em época de retração econômica. O menu japonês foi trocado por uma festa organizada pela igreja frequentada por Daniella e Paulo Henrique.

"Compramos com antecedência os ingressos para o jantar da igreja em homenagem aos namorados. A festa vai ter a participação de vários casais e custou R$ 80 para nós dois. Combinamos também não nos presentear, porque recentemente compramos um ar-condicionado para casa", explica Daniella. Juntos há cinco anos, eles ficaram satisfeitos com o programa de custo mais baixo, mas o comércio varejista não aprovou.

As estratégias dos namorados brasileiros para fazer frente a instabilidade econômica não ajudam a melhorar os resultados do setor para o mês de junho. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mantém sua projeção de queda de 8,5% nas vendas neste mês, maior baixa desde 2004, quando teve início a série histórica de dados da instituição. Em Belo Horizonte, a (-BH) calcula que o presente vai ser magro, com o preço médio de R$ 88,50, valor 13% menor na comparação com o registrado no ano passado.

Em outros tempos, quando a economia brasileira experimentava momentos de pleno emprego, os empresários do setor automotivo Tobias Nunes e Morgana Nunes já se presentearam com joias, viagens e itens de maior valor. Neste ano, o dia dos namorados vai ser comemorado em um restaurante com padrão de preços mais baixo que o de costume. Os namorados pretendem gastar não mais que R$ 200.

O presente do casal será simbólico, para que a data não passe em branco. O ajuste faz parte da estratégia de Tobias e Morgana de fazer pequenos cortes no orçamento para enfrentar a crise econômica, que derrubou a renda, o emprego e o Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país). Tobias explica que o casal adequou gastos do dia a dia e também refez planos, como as viagens de férias. "Antes saíamos de férias mais de uma vez por ano, agora, até a economia melhorar, vamos fazer só uma viagem."

DO TOPO AO CHÃO Em 2008, as vendas do dia dos namorados chegaram ao topo e turbinaram o resultado de junho, que teve crescimento de 11%. O mês seguiu com resultados positivos até 2014, para cair 1,1% em 2015, com projeção de um freio forte, de 8,5% esse ano. Fábio Bentes, economista da CNC, diz que o Dia dos Namorados está entre os seis melhores momentos de vendas do ano para o comércio, mas que não vai alavancar o setor agora. Além da queda da renda do brasileiro, o economista lembra que o comércio tem no crédito o seu principal motor. "Os juros são os mais altos dos últimos cinco anos. Em média as instituições financeiras estão cobrando 70,8% ao ano, o que faz reduzir o consumo."

Desde que se encontraram há nove anos, Amanda Muci e Tiago Dornela nunca deixaram de comemorar o dia dos namorados. Amanda é patologista clínica e Tiago, analista de sistemas. Como Daniella e Paulo Henrique, Tobias e Morgana, o casal está preocupado com o futuro e disposto a frear gastos. "Estamos vendo que os preços subiram muito. Há pouco tempo gastávamos R$ 50 na ida ao cinema, agora o programa com o lanche não custa menos de R$ 100." Neste ano, eles combinaram frear as despesas, sem comprometer o romantismo. O jantar japonês vai ficar por conta de Tiago e Amanda lhe comprará um presente. "Vou gastar R$ 150 porque acho um valor mais adequado para o momento, mas poderia com certeza, gastar R$ 300 com o presente", calcula Amanda.


Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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