Tradicionais festas juninas aquecem diversos ramos do comércio. É a oportunidade para aumentar o faturamento

Gustavo Perucci

Publicação: 29/05/2016 04:00

Maria Isabel Freire, dona da Spazio Fantasias, diz que espera faturar 30% a mais nos meses de junho e julho
Bandeirinhas, estalinho, chapéus, canjica, amendoim. Quem circula pela cidade já começa a perceber a movimentação do comércio com a chegada da época das festas juninas. E a expectativa é de que a tradicional comemoração dos santos populares resulte em lucros para os mais variados tipos de loja, mesmo com a crise que assola todo o país.

Há 15 anos no mercado de aluguel de fantasias, Maria Isabel Freire explica que o período junino é um dos mais movimentados em sua loja, a Spazio Fantasias. Depois do halloween, a época das festas juninas é a mais lucrativa para a empresária, ficando à frente do Natal e até mesmo do carnaval. "O perfil do cliente do carnaval de rua, que cresceu muito em Belo Horizonte, é de alguém que usa um chapéu, um colar havaiano, que sai para os blocos de short, camiseta... Ou faz a própria fantasia", afirma.

O incremento de faturamento médio nos meses de junho e julho fica em torno de 30%, e Maria Isabel não acha que este ano será diferente. Além de sempre lançar uma nova linha de fantasias, a tradição das festas em Minas e seu público-alvo são as justificativas para que a expectativa seja boa. Além dos vestidos típicos das festas juninas, a linha country costuma ter mais demanda. A empresária, que foca somente no público adulto, acrescenta que as mulheres são as que mais procuram seus produtos, já que a fantasia masculina é mais simples e, geralmente, feita em casa.

"O público é basicamente o feminino, porque trabalho muito pouco com peças infantis. O homem tem a opção de botar os retalhos numa calça jeans, camisa xadrez, paletó, chapéu e pronto", acrescenta. O carro-chefe são os vestidos, mas também são oferecidos acessórios avulsos, como chapéus, tranças postiças, entre outros. A empresária aponta ainda que existe uma mudança no perfil dos vestidos, deixando o lado 'jeca' um pouco de lado para ganhar um pouco mais de sensualidade. "O vestido junino hoje já tem uma proposta diferente, não é mais aquela coisa muito comprida, caipira. É uma linha mais sexy, com sainhas mais curtas, babado. Alugam normalmente o conjunto, o vestido e o chapéu", completa.

Sócia-proprietária da Chocobel, Mônica Mafra aposta, além dos doces típicos, em descartáveis e peças de decoração para os dois próximos meses
Uma das lojas mais tradicionais de Belo Horizonte, a Chocobel aposta, além dos doces típicos, em descartáveis e peças de decoração para os dois próximos meses. Terceira data mais importante para o negócio, a chegada das festas juninas chega a aumentar em 40% o faturamento, atrás somente da Páscoa e do Natal. "A Páscoa é o nosso Natal", brinca Mônica Mafra, sócia-proprietária.

"No período junino investimos bastante e temos um retorno gratificante. Temos uma variedade de itens de festa junina grande, mas o valor agregado do material é um pouco baixo. Tem muita saída, mas bandeirinhas, papel de seda, pratos decorados e descartáveis são baratos. É uma época que aumenta o movimento, mas em termos financeiros, econômicos, o retorno é menor que outras datas", explica Mônica. Durante os meses de junho e julho, a venda de doces, como a tradicional paçoca, chega a triplicar.

Sem receio da crise, a empresária afirma que, pelo público que atende e pelas parceria firmadas há anos, o faturamento neste período deve ser bom como no passado. "Trabalhamos muito com escolas. E, por mais que façam algo pequeno, não deixam a data passar em branco. Já investimos sabendo que, mesmo que o público em geral não corresponda, temos um público-alvo bem definido, como as escolas, prefeituras do interior, clubes e empresas. Já sabemos que temos clientes específicos, que já trabalhamos em parceria há algum tempo."

Os produtos com mais saída nesta época na Chocobel, além dos doces, são peças de decoração, como espantalhos, copos, prato e talhares descartáveis, guardanapo estampados, toalhas de mesa, forminhas, balões juninos, chapéu (de todos os modelos, como o desfiado, de caubói e com trança), saco de pipoca, bandeirinha, traque e também estalinho.

CURSOS Tradicional ponto em Belo Horizonte, a Maria Chocolate trabalha basicamente com peças de decoração típicas das festas juninas. Conhecida por fornecer matéria-prima, embalagens e equipamentos de confeitaria, além, é claro, de chocolate, a loja não investe muito em produtos específicos para esse período festivo. A expectativa é de aumento de vendas de 10% nos próximos três meses.

Supervisora de vendas da Maria Chocolate, Ana Paula dos Santos diz que nesta época a loja trabalha basicamente com peças de decoração típica das festas juninas 

"Durante a época de festas juninas não trabalhamos com milho, amendoim, essas coisas. Nesse período, somos mais voltados para a decoração. Lançamos uma linha semana passada, focada em quem vai fazer uma festa em casa. Tem copos decorados, toalhas, adereços típicos. Além das festas juninas, temos um aumento bom de vendas com a chegada do frio. Cresce a venda de chocolate. Mas também vendemos matéria-prima para as comidinhas de festa junina, como açúcar, corante e palitos para a maçã do amor, por exemplo", diz a supervisora de vendas da Maria Chocolate, Ana Paula dos Santos.

Um dos diferenciais da loja é a oferta, durante todo o ano, de cursos. No início de junho, dois deles são voltados para a festa junina. Na quinta-feira, um curso ensinará receitas de brownie junino e verrine de paçoca. Já no dia 7 é a vez de aprender a fazer trufa de paçoca e rocambole de coco queimado. O primeiro já está esgotado. O segundo ainda tem vagas. As inscrições podem ser feitas pelo site www.mariachocolate.com.br. "Sempre buscamos trazer algo com alguma inovação, dando uma outra roupagem aos doces tradicionais. Os cursos lotam rápido. Por isso, é bom as pessoas ficarem de olho no nosso site, onde divulgamos a programação com bastante antecedência", completa Ana Paula.