LUCIEN NEWTON

Publicação:22/05/2016 04:00

Com os avanços tecnológicos, científicos e fisiológicos, observamos uma maior expectativa de vida da população mundial nos últimos anos. Encerrar a carreira de trabalho e depender de uma aposentadoria, muitas vezes baixa, tem levado o público acima dos 60 anos a voltar os olhares para o modelo de negócio pautado no franchising e prolongar a carreira profissional. Devido a isso, alguns negócios têm procurado por candidatos mais experientes e maduros. Esse caminho leva a desafios, vantagens e cuidados necessários tanto para franqueadores quanto para franqueados que se encontram nessa faixa etária.

Muitas tendências de negócios e estratégias voltadas para o público mais experiente foram apresentadas na principal convenção de franchising no mundo, a International Franchise Association (IFA), realizada anualmente nos Estados Unidos. Na conferência, foi possível observar um aumento em relação à demanda, principalmente nos Estados Unidos. E percebemos, no Brasil, o varejo dar os primeiros passos nesse sentido. Podemos citar alguns dos fatores para o interesse desse público, como a escolha pela franquia, por oferecer menor risco no mercado varejista ao empreendedor ,e por uma realização pessoal. Digo isso, pois supõe-se que, quase sempre, esse público já conquistou e cumpriu seu ciclo executivo e começa a mirar mais para esse desejo pessoal.

Por procurar algo mais seguro, estável e que ofereça uma qualidade de vida e estabilidade financeira, esse grupo busca franquias justamente pela aversão ao risco alto. Há segmentos mais indicados para esse nicho, mas o mais importante é estar ciente de que não existe franquia ruim e, sim, franquia errada para o perfil do franqueado. Por isso, as pessoas acima dos 60 anos devem ficar atentas aos desafios, ao seu gosto e características do segmento. Sendo assim, podemos apontar alguns atributos típicos do nicho de franquias que atendem a esse perfil, como negócios que demandam mais conhecimento e experiência do que um trabalho físico e corrido.

A chegada deste novo perfil no mundo do franchising é benéfica para as redes, que podem obter reflexo positivo com relação a uma gestão mais participativa, evoluída. E que acaba gerando contribuições relevantes para a marca. Para conquistar esse público, as redes devem estar abertas a ouvir a opinião de seus franqueados. Por ter mais experiência acumulada e maturidade profissional, o empreendedor após os 60 anos, muitas vezes, não se sujeita a seguir normas e regras. Ele tem a tendência de se impor mais. E isso é um desafio para o segmento de franquias, pois o sistema é pautado em padronizações, normas e regras. É normal ficarmos mais rígidos e inflexíveis em algumas decisões com o passar do tempo, mas no cenário do franchising a disciplina torna-se fundamental para que a relação com o franqueador seja equilibrada.

Já o desafio dos franqueadores é entender que a transferência natural de conhecimento para um novo franqueado com esse perfil deve ocorrer de modo diferenciado para que ele consiga captar todas as minúcias do negócio. Para os empreendedores após os 60, fica o estímulo para estar alinhado com as tecnologias envolvidas no processo de gestão das franquias; estar preparado para a linguagem, interesse e perfil do público-alvo da rede, funcionários e demais gestores; ficar atento aos cursos oferecidos pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que podem contribuir muito; conversar com especialistas da área e com franqueados da rede de interesse; estar ciente dos termos, contratos, relacionamentos, suporte e treinamentos prometidos pela marca.