Acompanhando a alta verificada no Estado como um todo, a inadimplência em Belo Horizonte cresceu 5,64% em abril em relação ao mesmo mês de 2015, o maior índice registrado nos últimos quatro anos para o período na Capital. O percentual superou, inclusive, o índice levantado em Minas Gerais na mesma base de comparação (4,7%), divulgado no início desta semana. As informações são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).

Frente a março, a inadimplência na capital mineira também aumentou em abril. A elevação foi de 1,48%, a maior identificada nos últimos cinco anos. Em 2015, o percentual havia sido de 1,08%, contra 1,35% em 2014 e 0,92% em 2013. Abril de 2012 foi o que registrou o menor aumento, de 0,91%.

As altas contínuas da inadimplência a cada ano mostram que o crescimento da taxa vem acompanhando a piora no quadro econômico brasileiro. A economista da CDLCDL-BH, Ana Paula Bastos, destaca que o desemprego permanece sendo o principal responsável pela dificuldade do consumidor belo-horizontino em honrar com os pagamentos de suas dívidas.

"Com a elevação do desemprego, a inflação alta e as taxas de juros elevadas, fica complicado para o consumidor negociar as dívidas. Outro fator, no entanto, que a gente precisa chamar a atenção é a falta de planejamento financeiro da população", diz a economista.

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Concentração - Ana Paula Bastos explica que, hoje, a maior concentração de consumidores inadimplentes está na faixa de três a cinco anos de inadimplência. Esse dado, segundo a economista, reflete a ausência de planejamento da população que, no passado, incentivada pelas facilidades de crédito e um ambiente econômico favorável, adquiriu produtos sem avaliar o peso das contas no orçamento.

Na análise por gênero, a inadimplência novamente foi maior entre as mulheres em abril, na comparação com o mesmo mês do ano anterior: crescimento de 5,83%. Entre os homens, apesar de menor, também houve aumento do indicador em 4,72%. Para a economista da CDLCDL-BH, o hábito de comprar por impulso, mais comum no sexo feminino, contribuiu para a estatística levantada. "Ao adotar esse comportamento, a mulher fica mais vulnerável à inadimplência", afirma.

No que diz respeito à faixa etária, a maior elevação no número de inadimplentes se deu no grupo de consumidores acima dos 65 anos (26,05%), seguido pelo de indivíduos de 50 a 64 anos (12,15%); 40 a 49 (9,61%); 30 a 39 (6,23%) e 25 a 29 (0,49%). A única faixa que apresentou queda foi de 18 a 24 anos (-21,16%).

As dívidas em atraso em Belo Horizonte também tiveram alta em abril de 7,03%, na comparação com o mesmo período de 2015, e, em relação a março deste ano, apresentaram um aumento de 1,58%. "A combinação de inflação alta e juros elevados tem criado um cenário de dificuldades para os consumidores. Afinal, está cada vez mais difícil manter as despesas da casa em dia", ressalta Ana Paula Bastos.