Veículo aparece entre os produtos mais financiados pelos consumidores do sexo masculino, aponta CDLCDL-BH/Alisson J. Silva

O financiamento normalmente é a saída encontrada por boa parte da população para poder adquirir um bem de maior valor agregado, como um imóvel ou um veículo. Em Belo Horizonte, a maior adesão a esse tipo de serviço acontece por parte dos consumidores do sexo masculino, como aponta a pesquisa "Educação Financeira", divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH). O estudo mostra que 54,3% dos homens entrevistados possuem alguma espécie de financiamento, enquanto entre as mulheres esse percentual é de 39,6%.

Realizada anualmente, essa é a primeira vez que a pesquisa traz um recorte baseado nos tipos de produtos bancários adquiridos pelos consumidores da capital mineira. Entre os homens que contam com a ajuda da linha de crédito, 35,3% têm financiamento de automóveis e 19% da casa própria, enquanto no grupo das mulheres esse percentual é de 28,8% para veículos e 10,8% para imóvel. A economista da CDLCDL-BH, Ana Paula Bastos, explica que a maior média salarial do sexo masculino é determinante para essa diferença entre os gêneros.

"As mulheres compram, tradicionalmente, itens de menor valor agregado, enquanto os homens, dos quais boa parte é responsável pelas famílias, adquirem os produtos mais caros. Isso se explica pelo fato de a mulher ainda ganhar um pouco menos que os homens, mesmo exercendo, na maioria das vezes, o mesmo cargo", analisa a economista.

Um dos reflexos disso é que o sexo feminino é o responsável pela maioria dos empréstimos em Belo Horizonte. Do total de mulheres entrevistadas, 8,7% afirmam utilizar o serviço de financiamento, sendo que 5,8% recorrem a bancos ou financeiras e 2,9% solicitam o recurso a terceiros. No grupo masculino, 8,2% revelam contar com o produto bancário, sendo 4,7% junto a bancos ou financeiras e 3,5% com terceiros. A compra por impulso, mais comum entre as mulheres, segundo pesquisa sobre o Perfil do Consumidor da própria CDLCDL-BH, também contribui, na visão de Ana Paula, para a predominância feminina nesse indicador.

"Sem planejar se o gasto cabe no orçamento, essas consumidoras acabam entrando em uma situação na qual a renda não consegue suprir todas as despesas. E para conseguir honrar parte dessas dívidas, muitas belo-horizontinas acabam recorrendo aos empréstimos", explica a economista. Quando analisados sob o ponto de vista socioeconômico, os empréstimos são mais utilizados por consumidores da classe C/D, conforme admitido por 10,6% das pessoas.

No que diz respeito à contratação de produtos bancários como previdência privada e seguros, os homens também são maioria. Dos belo-horizontinos entrevistados, 40% possuem investimento em previdência privada, contra um percentual de 32,7% entre as mulheres. Além disso, 74,1% detêm algum tipo de seguro, número também superior aos 71,1% registrado no grupo das consumidoras.

O seguro de automóvel (28,2%) é o mais popular entre os homens, seguido pelo de vida (27,1%) e o residencial (18,8%). Um dado que chama a atenção, é que, na análise por faixa econômica, nenhum entrevistado da classe E possui seguro de automóvel, apesar de 17,6% terem financiamentos de veículos. "A restrição orçamentária tem tido um peso muito grande nessa classe, porque ou a pessoa paga o financiamento ou o seguro. Não há dinheiro para os dois".

Os consumidores da classe A/B predominam quando o assunto é seguro, seja ele de qualquer natureza. Dos entrevistados, 62,5% têm seguro de vida; 60,7% de automóvel e 44,6% de residência.

A partir da faixa etária dos entrevistados, ainda é possível traçar um perfil de escolha dos produtos bancários. A pesquisa mostra, por exemplo, que os idosos são os consumidores que mais possuem seguro de vida (60%), seguro residencial (30%) e empréstimo em banco/financeira (20%). Já os adultos com idade de 35 a 64 anos são a maioria no consumo de previdência privada (45,5%), de financiamento de automóvel (35,6%) e da casa própria (21,2%) e de seguro de automóvel (33,7%).