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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 17-04-2016 - 11:38 -   Notícia original Link para notícia
Uma saída persa para a indústria brasileira

Com fim de embargo, governo prevê triplicar exportações ao Irã. Bancos, porém, não fazem intermediação



"Podemos triplicar, a curtíssimo prazo, as exportações para o Irã" Armando Monteiro Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior



-BRASÍLIA- Com estoques altos por causa do desaquecimento da demanda interna, boa parte da indústria pode encontrar alívio num distante país do Oriente Médio: o Irã. Com o fim das sanções comerciais lideradas pelos Estados Unidos, anunciado no início do ano, o mercado persa passou a ser destino de missões de empresários do mundo todo, inclusive do Brasil, que sempre teve boas relações com o Irã.



PEDRO KIRILOSEspera. José Flosi, gerente de Exportações da Fanem, fez acordo para vender incubadoras de alta tecnologia ao Irã



- Podemos triplicar, a curtíssimo prazo, as exportações para o Irã - disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.



Isso significa que, se antes das sanções os iranianos importavam US$ 2 bilhões por ano do Brasil, o montante deverá saltar a US$ 6 bilhões. Segundo Monteiro, após visita a Teerã de representantes do governo e segmentos da economia no fim de 2015, as autoridades do país apresentaram uma lista de itens prioritários na pauta de importações.



ADAPTAÇÃO DE VEÍCULOS



Encabeçam a lista os veículos automotivos. Luiz Moan, presidente da Anfavea, espera que nos próximos dias cerca de dez montadoras fechem uma venda de US$ 5 bilhões, incluindo 140 mil automóveis, 40 mil caminhões e 17 mil ônibus. A venda não vai desocupar os pátios nacionais, mas ajuda a retomar a produção. O pedido do Irã tem especificações como funcionamento dos veículos com gás natural, o combustível mais abundante por lá.



- Se conseguirmos vender tudo isso em um período de um ano, o Irã estará entre os nossos quatro maiores mercados no exterior - disse Moan.



O país tem interesse em geradores de energia, bombas para irrigação, defesa, bens de capital e equipamentos hospitalares. Segundo Clara Porto, gerente de exportação da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), o setor já vende ao Irã, mas quase todas as exportações de US$ 1,9 milhão em 2015 foram feitas por meio dos Emirados Árabes Unidos, com os custos maiores da intermediação:



- A tendência é que bancos do mundo todo passem a fazer operação de fechamento de câmbio com o Irã.



Embora o embargo tenha caído, ainda perduram as barreiras financeiras para receber diretamente do Irã. Por enquanto, as companhias precisam passar por entrepostos, como Dubai, ou lançar mão de trading companies, que são intermediárias, com os seus custos embutidos.



Para Tatiana Palermo, secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, a venda de carnes para o Irã já é um dos grandes destaques, mas pode ser incrementada com o fim das sanções, assim como a venda de milho:



- Sem sanções, os pagamentos ficarão mais fáceis, assim como comércio. O Irã é parceiro tradicional do Brasil.



O governo brasileiro foi informado por Teerã que as operações via sistema financeiro internacional estarão prontas para funcionar normalmente neste semestre. Segundo Monteiro, há interesse do Banco do Brasil em atuar. O ministro disse que, a favor do Brasil, está a gratidão do Irã. Há seis anos, no auge da crise com os EUA, o Brasil se solidarizou com os iranianos, ao defender o direito de explorar energia nuclear para fins pacíficos.



DE SILICONE A AVIÃO



A Abimo identificou potencial de US$ 5 milhões em novos negócios com o país persa, em produtos como cadeiras de dentista, próteses de silicone e suturas.



Há grande interesse na área de defesa, com a renovação da frota - uma encomenda de 50 aeronaves da Embraer foi anunciada em fevereiro -, na construção de pontes, aeroportos, ferrovias e estradas, além de investimentos vultosos em petróleo e gás.



Com taxa de fertilidade maior do que a de países europeus, o Irã era, há dez anos, um mercado atrativo para a indústria de equipamentos neonatais Fanem, que exporta US$ 10 milhões por ano. A partir de 2007, com o embargo econômico, ela passou a ter dificuldade para enviar produtos e receber pelas vendas. José Flosi, gerente de Exportações, diz que a saída foi buscar intermediários:



- O produto ficou mais caro, além de atrasar a entrega e, em determinado ponto, até Dubai passou a ter problemas em fazer negócios com o Irã.



Em 2015, Flosi viajou ao Irã em missão comercial e conseguiu indicativos de um acordo para exportar 400 incubadoras de alta tecnologia. O negócio pode representar 20% do valor total das exportações da Fanem este ano.



Ele, porém, não encontrou um banco brasileiro que ofereça contrato de câmbio com o Irã, para efetivar a venda.


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