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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-04-2016 - 11:46 -   Notícia original Link para notícia
Varejo faz parcelamento a perder de vista

No vale-tudo para recuperar vendas, empresas oferecem desconto progressivo e até isenção de parcela


"Os parcelamentos são esticados. Mas quem faz compras em prazos mais longos tem que saber que paga mais juros" Miguel Ribeiro de Oliveira Diretor da Anefac


-SÃO PAULO- Para evitar a repetição de mais uma queda histórica das vendas, como em 2015, o varejo está lançando mão de toda sorte de estratégias para fisgar o consumidor. São ações que incluem prazos de até seis anos para financiamento, descontos progressivos para quem compra mais produtos e isenção do pagamento de uma das parcelas para quem paga em dia as prestações do carnê da loja.



EDILSON DANTASPromoções em série. Grandes redes recorrem a estratégias típicas de "atacarejos" e se multiplicam os descontos na linha de "compre mais, pague menos"


A rede de supermercado Extra, do Grupo Pão de Açúcar, adotou uma tática usada pelos "atacarejos", lojas que combinam o autosserviço dos supermercados com atacado, onde quem leva mais, paga menos. Desde o início deste mês, mil produtos oferecidos pelo Extra estão com descontos de 20%. Quem leva dois produtos, ganha desconto de 50% na segunda unidade. E se comprar três unidades do mesmo item, a terceira sai de graça. A cada 15 dias, esse grupo de produtos será trocado.


Queremos criar um novo hábito nos consumidores, num momento em que estão procurando preços. Quem compra três itens, tem desconto médio de 33% e pode estocar  diz Luis Moreno, presidente do Multivarejo, divisão alimentar do GPA.


A estratégia, por enquanto, não tem data para acabar. Moreno vê semelhanças entre a estratégia do Extra e os "atacarejos", mas destaca que nos supermercados a oferta de produtos é mais diversificada.


Vi vantagem em comprar mais itens e ter um desconto maior. Como a inflação está corroendo o valor do dinheiro, o consumidor deixa de ser fiel às marcas e aos locais de compra e sai em busca do melhor preço  diz a dona de casa Apparecida Loretto, que fez compras no mercado na última semana.


PROMOÇÃO DE ITENS MAIS CAROS


Até mesmo lojas de produtos mais caros, como vinhos, estão usando a estratégia do "leve mais e pague menos" para reduzir os estoques. A World Wine, com lojas no Rio de Janeiro e São Paulo, oferece descontos de até 50% para quem compra seis unidades de um de seus rótulos incluídos nas promoções. Um vinho branco francês da marca Montgravet, safra 2014, vendido na Páscoa pelo preço cheio, custava R$ 101. Quem comprou seis unidades pagou R$ 50,50 em cada uma.


 Fazemos este tipo de promoção há um ano, quase todas as semanas. Com elas, mantivemos a clientela que procura ofertas mesmo num momento de retração da economia  diz a sommelier e responsável por uma das lojas da World Wine em São Paulo, Vanessa Azevedo.


No mercado de veículos, as vendas nas concessionárias caíram 27,8% no primeiro trimestre. Vale tudo para tentar esvaziar os pátios. A japonesa Nissan decidiu oferecer financiamentos de até 72 meses para seus carros, são dois anos mais que os 48 meses de antes. O prazo médio do mercado é de 40 meses.


Já estamos vendo um movimento de volta às lojas dos clientes que estavam indecisos. Eles dão seu veículo usado como entrada e aproveitam o financiamento  diz José Macedo, diretor de vendas da Nissan, lembrando que o valor de entrada baixo, R$ 9 mil para um modelo March, também é atrativo.


Para quem dá 30% do valor do veículo e financia em 72 meses, o juro médio fica em 1,45% ao mês. Quem dá 70% de entrada, por exemplo e financia em 24 meses, tem juro zero. Macedo admite que o risco de inadimplência é mais alto com prazos maiores, mas afirma que na Nissan ela está em níveis "controlados".


 Os bancos são pressionados pelos parceiros comerciais a conceder mais crédito para desovar os estoques. E os parcelamentos são esticados. Mas quem faz compras em prazos mais longos tem que saber que paga mais juros diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).


Numa simulação feita pelo especialista, um carro de R$ 35.000 financiado com taxa de juros média de 2,32% ao mês em 40 vezes sai por R$ 54.093. Quando o prazo sobe para 72 meses, o preço final é de R$ 72.338.


NEM PROMOÇÕES SALVAM 2016


A Casas Bahia oferece opções de pagamento em até 14 vezes sem juros no cartão de crédito da bandeira e 18 vezes no carnê, isentando a última prestação para os clientes que estiveram com as parcelas em dia. No Ponto Frio, o prazo de financiamento fica em 14 vezes, no cartão da marca. No ano passado, os prazos de financiamento variavam entre dez e 12 vezes em ambas. Em nota, a Via Varejo, que administra as duas marcas, informou que em alguns casos pontuais o financiamento pode chegar a 24 meses.


Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), o tombo histórico do varejo de 4,3%, em 2015, deve se repetir. Só não se sabe em que magnitude. A Confederação Nacional do Comércio estima retração de 3,9%.



As vendas pararam de crescer e as empresas usam essas estratégias defensivas para roubar mercado dos concorrentes. Mas este ano será novamente ruim para o varejo - diz Felisoni.


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