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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 30-03-2016 - 08:44 -   Notícia original Link para notícia
Aperto recorde no bolso

Juros ao consumidor saltam em fevereiro. Taxa do cheque especial é a maior em 22 anos


- BRASÍLIA-



Em fevereiro, mês em que as famílias estão com os orçamentos apertados por causa das férias, gastos com impostos e material escolar, os juros cobrados dos consumidores bateram recordes, segundo dados do Banco Central ( BC). A taxa do cheque especial atingiu 293,9% ao ano, ou 12,10% ao mês - a mais alta para o período dos últimos 22 anos. Em dezembro de 2014, os juros estavam em 201%. Foi a modalidade de crédito que mais subiu em 16 meses, com alta de 46,22%.


O maior vilão, no entanto, ainda é o rotativo do cartão de crédito: a taxa bateu 447,5% ao ano no mês passado, o que significa um aumento de 115,9 pontos percentuais em relação a dezembro de 2014 ( alta de 34,9%). No período, o percentual médio pulou de 12,96% ao mês para 15,22%.


Em fevereiro, as condições do empréstimo pessoal e do consignado também pioraram. No caso do CDC, a taxa média alcançou 122,8% ao ano, ou 6,90% ao mês, com alta de 20,5% em 16 meses. Os juros do crédito com desconto em folha chegaram a 29,5%, considerando trabalhadores do setor privado, servidores públicos e aposentados do INSS.


Para se ter uma ideia do peso da alta dos juros no crédito para o consumidor, uma dívida de R$ 1 mil no cheque especial pula para R$ 6.218,56 em um período de 16 meses. Se ainda valesse a taxa de degastar zembro de 2014, de 9,62% ao mês, a dívida ficaria em R$ 4.347,47, uma diferença de R$ 1.871,09.


Considerando essa mesma dívida no cartão de crédito, se em 16 meses o consumidor pagar apenas o mínimo da fatura, ao fim desse período ele terá desembolsado R$ 1,609,18 e, ainda assim, teria um saldo devedor de R$ 746,89. Mantida a taxa de dezembro de 2014, de 12,96% ao mês, ele teria pago R$ 1.453,55, com um saldo devedor de R$ 565,99.


Com uma taxa média mensal de 6,90% ao mês, um empréstimo pessoal de R$ 1 mil pularia para R$ 2.908,33 em 16 meses - contra R$ 2.551,88 se a taxa houvesse permanecido nos 6,03% ao mês registrados em dezembro de 2014. As simulações foram feitas pelo professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas ( FGV/ Eaesp), Fabio Gallo.


RENEGOCIAR DÍVIDA É ESSENCIAL


Quem está pendurado no cheque especial ou devendo o cartão de crédito deve procurar os agentes financeiros para negociar, aconselha Gallo. Outra dica é tentar substituir essas dívidas, que são mais caras, pelo empréstimo com desconto em folha, cujas taxas são mais em conta.


- Com desemprego em alta e queda na renda, o consumidor tem de tomar cuidado. Na hora de renegociar a dívida, é preciso ver se a prestação cabe no orçamento, para não ter de fazer novos empréstimos. Também é importante, depois, não as eventuais sobras - explica Gallo.


Para a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor ( Idec), Ione Amorim, o primeiro passo é se organizar, cortar gastos e avaliar a capacidade de assumir uma renegociação de dívida. É preciso dar prioridade ao pagamento de serviços essenciais, como luz, gás e água. Depois, deve- se selecionar as dívidas mais caras, com taxas de juros elevadas, como cartão de crédito e cheque especial, e tentar um empréstimo em condições mais acessíveis.


- Somar tudo e procurar uma linha de crédito mais barata como crédito pessoal ou consignado, se tiver condições para contratar. Se estiver com o nome negativado, deve- se entrar em contato com o credor e tentar um acordo dentro da capacidade de pagamento. Se tiver muitos credores, procure ajuda de entidades de defesa do consumidor para intermediar a negociação - diz Ione.


O relatório do BC revela que o crédito consignado foi a modalidade que mais cresceu em 12 meses, com alta de 8% - acima da média, de 0,8% -, passando de R$ 275,2 bilhões para R$ 277,4 bilhões. Já as despesas com cartão de crédito nas operações à vista caíram 3,4% entre janeiro e fevereiro.


Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, os dados mostram que os consumidores estão mais cautelosos:


- Fevereiro é um mês de ajuste no orçamento.


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