Ana Paula Bastos explica que as mulheres consomem mais/Alisson J. Silva

A inadimplência entre as belo-horizontinas cresceu 4,9% em fevereiro deste ano, frente a igual mês de 2015. A alta foi a maior nos últimos quatro anos, levando em conta a mesma base de comparação. Entre os homens da capital mineira, também houve crescimento do inadimplemento, no período, de 3,73%. O hábito de não avaliar a situação financeira antes de ir às compras assim como a falta do monitoramento das receitas e dos gastos ao longo do mês são as principais razões apontadas para o aumento do índice entre as consumidoras. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH).

De acordo com a pesquisa da CDLCDL-BH, 18,5% das mulheres nunca (4,9%) ou raramente (13,6%) analisam as condições das finanças previamente. Com relação ao acompanhamento das receitas e despesas, 5,9% afirmam nunca fazê-lo e 16,7% raramente adotam a medida. Entre os homens, no entanto, todos afirmam controlar o quanto ganham e consomem, mesmo que raramente (10,8%).

"As mulheres consomem mais em relação aos homens, porque são elas que, na maioria das vezes, vão ao supermercado, sacolão, para fazer as compras da semana, por exemplo, e não têm o costume de avaliar as suas finanças. Elas são responsáveis por muitas despesas pequenas que, se não forem colocadas no papel, podem causar um desfalque no orçamento. Por outro lado, os homens têm o hábito de controlar as contas, como mostra a pesquisa", explica a economista da CDLCDL-BH, Ana Paula Bastos.

De modo geral, o número de pessoas inadimplentes no SPC da CDLCDL-BH cresceu 4,73% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano anterior, reflexo dos juros elevados e da inflação que impactam a economia nacional. Na comparação mensal com janeiro deste ano, porém, houve uma ligeira queda, de 0,11%. Ana Paula Bastos explica que essa redução tem a ver com a desaceleração do consumo em Belo Horizonte, em fevereiro, devido ao menor número de dias úteis.

O número de dívidas em atraso também teve aumento considerável de 6,88% no último mês na comparação com fevereiro de 2015 e cresceu 0,29% frente a janeiro. "A inflação alta, o aumento do custo de vida, que diminuiu a capacidade de pagamento, a taxa de juros em patamares elevados, tudo isso dificulta a negociação das dívidas e contribui para o aumento da inadimplência. Além disso, há ainda a falta de planejamento financeiro das pessoas, que ainda compram muito por impulso e com crédito a longo prazo", afirma Ana Paula Bastos.

Faixa etária - Normalmente responsáveis financeiramente por suas famílias, os consumidores na faixa acima dos 50 anos representaram o maior percentual (33,45%) entre os inadimplentes em fevereiro, situação que vem se repetindo nos últimos meses. Com o aumento do custo de vida, esse grupo acaba sentindo mais os efeitos da crise econômica.

"Essa faixa de consumidores teve o custo elevado pelo aumento da inflação, desemprego, e como a maior parte é de aposentados, a renda já é reduzida e os gastos, ao contrário, acabam ampliados. Na maioria das vezes, essas pessoas são responsáveis por toda a família".