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Isto é Dinheiro online ( Blogs ) - SP - Brasil - 12-03-2016 - 12:23 -   Notícia original Link para notícia
"A grande fortuna está na China", diz Carlos Wizard Martins

Desde que vendeu o grupo Multi, dono das escolas de inglês Wizard e Yázigi, para o grupo britânico Pearson, por R$ 1,9 bilhão, o empresário Carlos Wizard Martins se tornou um empreendedor em série. Em 2014, ele comprou a rede de lojas de alimentação saudável Mundo Verde, na época com 250 pontos de venda e hoje com 400 unidades. Em 2015, se associou ao craque Ronaldo para criar uma rede de franquias de escolas de futebol, a Ronaldo Academy; adquiriu as marcas esportivas Topper e Rainha, da Alpargatas, por R$ 48,7 milhões; e ainda se tornou um dos maiores acionistas da Logbras, empresa de galpões logísticos com mais de 1,5 milhão de metros quadrados disponíveis para locação. A julgar pelos seus passos mais recentes, é melhor não duvidar de suas ambições. "Vou assinar um contrato com o Jack Ma, do Alibaba, para vender os produtos da Ronaldo Academy na China", diz Wizard. "Vamos entrar em uma plataforma com 800 milhões de consumidores." Ele também se prepara para montar uma rede de lojas das marcas Topper no país asiático. "Fiz reuniões com investidores, donos de uma rede de varejo na China. É um projeto muito ambicioso", diz o empresário que estuda mandarin há dois anos. Acompanhe os principais trechos da entrevista:


No ano passado, o senhor comprou a Topper e a Rainha, criou uma rede de escolas de futebol com Ronaldo Fenômeno e se tornou um dos maiores acionistas da Logbras. De onde vem tanto otimismo?
Existem dois tipos de empreendedores. O que tem a visão de médio e longo prazo e aquele que se preocupa em pagar as contas no fim do mês. Quando comecei, em 1987, o País passava por um momento difícil, com sucessivos planos econômicos, inflação, entre outros problemas. Tive a disciplina e consegui montar uma rede de 200 escolas de idiomas e, quando o Plano Real foi criado, estava pronto para crescer. No fim, eu tinha mais de mil escolas e ainda comprei a Yázigi, que havia sido fundada em 1950, e não tinha mais do que 250 escolas. Portanto, a minha visão é de médio e longo prazo. Se eu ficar olhando a crise, a Lava Jato, os problemas do Congresso, eu saio do Brasil.


O sr. vendeu o Multi em 2013 e hoje possui investimentos em vários negócios. Qual é a estratégia?
Depois da venda, estávamos capitalizados. E existem dois problemas, ou você não tem dinheiro para nada ou tem muito dinheiro para investir.


Gostaria de ter o seu segundo problema...
Pois é (risos), doei 10% para a igreja Mórmon e contratei uma equipe de gestão para me ajudar a definir o que faria com o dinheiro. Decidimos que um terço seria destinado a comprar moeda forte no exterior, outro um terço em imóveis e o restante em novos negócios.


E como andam os negócios?
Em 2014, quando compramos a Mundo Verde, a rede contava com 250 lojas. Um ano e meio depois já contabilizávamos 400 lojas e a meta para 2018 é chegar a 600 unidades e um faturamento de R$ 1 bilhão. Enquanto o varejo de alimentos cresce a uma média de 5%, o varejo de alimentos saudáveis salta 10% ao ano. Os outros negócios, tanto as marcas esportivas como a Ronaldo Academy, também têm a ver com um estilo de vida saudável.


Como foi essa sua sociedade com o Ronaldo?
Ele me procurou e disse que pretendia criar uma empresa com o "Fenômeno" das franquias. Hoje temos escola nos Estados Unidos e contrato assinado para montar mais de 30 unidades na China. Na próxima semana, inclusive, vou me encontrar com Jack Ma, fundador do Alibaba (o maior comércio eletrônico do mundo), porque ele vai distribuir produtos da Ronaldo Academy na China.


O que será vendido?
No começo, achávamos que venderia bola de futebol, camiseta e equipamentos esportivos. Mas eles querem muito mais. Já temos todos os fornecedores e vamos vender mais de 30 produtos. Até chaveiro e pulseira com a marca Ronaldo Academy serão comercializados. Eles têm 800 milhões de clientes. A grande fortuna está na China.


Isso abre portas para as marcas Topper e Rainha? 
Abre um potencial gigantesco para as marcas. O Xi Jinping, presidente da China, está estimulando o investimento no futebol. Na última vez que estive lá, fiz reuniões com investidores, donos de uma rede de varejo na China, para montar lojas da Topper. É um projeto muito ambicioso.


É mais fácil fazer negócio no Brasil, nos Estados Unidos ou na China?
Pela nossa raiz ser brasileira, seria mais fácil aqui. Mas, se você analisar o lado técnico, a burocracia e a tributação, o Brasil é um péssimo lugar para fazer negócio. Tivemos casos em que levamos seis meses para abrir uma escola. Na China, você abre em menos de 30 dias.


E que conselho daria para quem está lutando contra essa crise?
Acho que, no momento de crise, temos de mudar a estratégia. Se eu sou um vendedor de seguros e costumo bater em dez portas, tenho de passar a bater em 20 portas. O Brasil é um país com 200 milhões de consumidores.


(Nota publicada na Edição 958 da Revista Dinheiro, com colaboração de Luís Artur Nogueira)


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