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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 06-03-2016 - 12:06 -   Notícia original Link para notícia
Muito além do nude

Símbolo da liberdade feminina, lingeries ficam cada vez mais bonitas e confortáveis. De olho no mercado, profissionais apostam na exclusividade e luxo para conquistar as clientes


Das volumosas fofocas à tanguinhas, a história da lingerie revela não somente a trajetória das roupas de baixo desde que longas vestes foram criadas com o intuito de cobrir os seios das mulheres no século III a.C. Imaginar o quanto peças íntimas e seu design mudaram no último século dá pano pra manga para refletir o papel das mulheres ao longo dos anos, principalmente porque muitas continuam a exercer a mesma função, ainda que venham em shapings completamente diferentes.




Da antiga palavra francesa 'linge', que significa linho, o termo lingerie foi introduzido como um eufemismo para roupas de baixo escandalosas, mas nos dias atuais perpetuam também como símbolo feminino, já que as mulheres não abriram mão de usar as caminickers (camisolas costuradas às calcinhas) sequer na Segunda Guerra Mundial quando as calças compridas começaram a ser usadas ou quando sutiãs foram queimados como símbolo de liberdade.



Para a grande maioria, o mundo da lingerie sempre foi envolto em mistério, como se peças íntimas mais rebuscadas devessem ser reservadas apenas para ocasiões especiais ou pudessem ser aceitas apenas em forma de presente. À parte de preconceitos e paradigmas, há quem trabalhe duro para que calcinhas e sutiãs sejam adquiridas com naturalidade, como quem compra roupas.

Consultora íntima Desde 2006, o nome Chris Gontijo é sinônimo de lingerie que combina conforto e sensualidade - algo difícil, quando o assunto é roupa íntima. A antiga importadora de ursos de pelúcia mantém uma sala onde comercializa sutiãs, calcinhas, hobbies e camisolas de marcas como Roberto Cavalli, Dolce & Gabanna e Oscar De La Renta. Entretanto, o forte de suas vendas está nas peças de fabricação própria. De renda francesa, algodão com renda, tule e seda, as peças fabricadas por Chris são lançadas no formato de coleções e renovadas mensalmente, pompa que ela aposta contar como diferencial se comparada às lojas convencionais. "Muitas lojas ficam meses com a mesma peça e chega uma hora que a cliente enjoa, por isso tenho novidades todos os meses", conta a proprietária cujo preço médio de um conjunto de calcinha e sutiã de renda francesa não sai por menos de R$150, podendo chegar a R$500.



Sabendo do conservadorismo das mineiras, Chris criou seu ambiente estrategicamente para que a cliente se sentisse à vontade para experimentar suas peças e desde meados do ano passado dispensou as funcionárias para atender a todas as clientes pessoalmente. Para ela, o atendimento personalizado do dono se transforma em uma consultoria e resulta em muito mais vendas. "Consigo criar uma intimidade maior e a cliente acaba ficando aqui por cerca de duas horas", orgulha-se. Dentre os predicados da moça está o dom da persuasão. "Com jeitinho já convenci que shortinhos não são os modelos mais indicados para cheinhas e fiz com que uma cliente recém-operada do estômago se sentisse linda com um baby doll", comemora.



Uma das questões mais trabalhadas por Chris em sua consultoria é que a lingerie deve agradar primeiramente à mulher, entretanto, a grande maioria ainda entra em sua loja pensando na preferência masculina. "Se elas perguntam o que o homem mais gosta, logo rebato perguntando o que ela mais gosta. Falo que uma lingerie deve ser gostada como uma peça de roupa porque da mesma forma que melhora a auto estima, também pode surtir efeito contrário", avisa. Das clientes fiéis de Chris está Heloá Lima de Paula que admite não passar dois meses sem adquirir quatro conjuntos completos. "Ela sabe o que fica bom em cada cliente e direciona a compra. Saio de lá querendo comprar tudo", confessa.



Há 17 anos no comércio de lingeries, Joia Senedese defende a ideia de que esconder a lingerie é coisa do passado, porém acredita que, para deixar alcinhas e bojos à mostra é essencial investir em peças bonitas e de qualidade. "A lingerie não é mais tratada como underwear, mas como acessório. Existem alças e tecidos lindos que podem e devem ser mostrados, além da dar a impressão de que você se preocupa com o que veste embaixo da roupa", defende.



Sem espaço fíxo para comercializar suas luxuosas peças, Joia foi buscar na Europa inspiração para mostrar seu acervo às clientes. Mirando no público que não gosta de cabines e também não se sente à vontade recebendo os vendedores em suas casas, Joia recepciona as moçoilas em uma charmosa suíte de hotel apostando no conforto, privacidade e bons espelhos que esses espaços oferecem. Com um público formado por mães e filhas, amiga, noivas e suas madrinhas, Joia se esmera na reunião."Preparo o ambiente com mimos e snacks para elas se divertirem muito". O modelo de vendas de lingerie em suítes de hotel rendeu a Joia um prêmio do Sebrae como modelo de negócio inovador.



Apaixonada por lingeries há tempos, Joia comemora o fato que tons nude e chocolate são cada vez menos procurados pelas mulheres de hoje. "Em meu acervo as peças mais vendidas são as de cores extravagantes como as de tons framboesa, azuis e laranjas, o que significa que as mulheres têm se preocupado em combinar a lingerie com o tom da roupa, por exemplo", explica. Para a comerciante outras evoluções no comércio de peças íntimas também são motivo para comemorar. "A substituição da fabricação da calcinha string (sustentada por um fio nos quadris) pela calcinha de rendas largas é um sinal de evolução já que as indústrias perceberam que o modelo string era inconcebível porque estava deformando o corpo da mulher brasileira que tem quadril largo", enfatiza. Para a especialista, outras mudanças positivas nos quesitos molde e conforto também podem ser celebradas, sendo possível dormir de sutiã e até de espartilhos. "Antigamente a mulher se concentrava apenas na beleza da lingerie. Agora por mais sexy que seja, ela tem que ser confortável. E isso é possível", exalta.


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