Profissionais afirmam que melhora só vai acontecer se houver mudança no atual modelo econômico, considerado falido e desgastado
Problemas em uma estrutura econômica falida. Esta é uma das causas apontadas por economistas de Minas Gerais ouvidos pela reportagem de O TEMPO em relação à queda de 3,8% em 2015 do Produto Interno Bruto (PIB), que soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o professor de finanças da Fumec, Leonardo Teixeira, o histórico do PIB nos últimos trimestres é consequência de uma política econômica falida. "Precisamos de uma política modificada, com ajuste fiscal. Vimos que apenas a agropecuária teve um crescimento positivo, com 1,8%. Isso muito se deve ao crescimento da soja e do milho", explicou o professor.

Para o educador, ações radicais devem ser feitas. Caso contrário, em alguns segmentos, não há expectativa de melhora. "Algumas atividades, como siderurgia e mineração, estão sofrendo muito. O nosso único alento é a perspectiva de preço e produtividade. A queda do PIB traz consequências para empresas, que precisam demitir e cortar custos. Isso reflete nas pessoas", explicou Teixeira.

Para o economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Sérgio Guerra, a divulgação dos dados já era esperada. "Não foi nenhuma surpresa. Reflete o que a gente vem observando há vários meses. Empresários e consumidores precisam confiar na economia. No entanto, para que isso aconteça, é preciso que haja uma sinalização do poder público com a adoção de medidas concretas", alertou.

A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Aline de Freitas Veloso, também destacou o setor de agropecuária. "Ainda que o ano de 2015 tenha sido de severa seca, o crescimento da agropecuária nos traz alento. O recorte com os dados de Minas Gerais sairá na próxima semana, porém, o agronegócio mineiro vem apresentando resultados positivos", afirmou.

Por meio de nota, o presidente da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH), Bruno FalciBruno Falci, afirmou que a queda demonstra mais uma vez a desaceleração da atividade econômica brasileira.

Falci destacou que a inflação acima da meta está elevando o custo de vida dos brasileiros e complicando o orçamento das famílias. Ao tentar conter o aumento dos preços, segundo ele, o governo aumentou a taxa de juros, medida que dificultou o acesso dos consumidores ao crédito e inibiu o desenvolvimento das empresas.

Para a mudança, conforme o comunicado, não há como permanecer com o atual modelo econômico, pois ele está desgastado. Falci alertou que a insistência na manutenção do plano pode levar a economia a uma retração maior que a vivida atualmente.

Para ele, o empresariado espera que o governo corte gastos públicos e crie uma agenda mínima de desenvolvimento econômico que dê folego, principalmente, para as empresas de pequeno e médio porte, gerando condições do Brasil voltar ao caminho do crescimento.