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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 28-02-2016 - 12:35 -   Notícia original Link para notícia
O lema é compartilhar

Compartilhar não é uma palavra exatamente nova. Mas ela vem ganhando um significado diferente nos últimos tempos. Carro, sofá de casa, roupa, todo tipo de produto e serviço passou a ser consumido coletivamente, numa tentativa de diminuir custos e o impacto ao meio ambiente. "Não há peso em comprar, mas posso dar uma utilização mais racional aos recursos e ainda ganhar uma grana", analisa o professor de empreendedorismo do Ibmec João Bonomo.



Quando se fala em roupa, utiliza-se a modalidade de aluguel, com a diferença de que cada peça tem uma dona. As empresas, então, funcionam como ponte entre dois públicos. De um lado, muitas mulheres estão interessadas em disponibilizar roupas que são usadas pouquíssimas vezes e passam a maior parte do tempo paradas no armário. Na outra ponta, consumidoras que até teriam condições de pagar caro por um vestido de festa mas preferem alugar um diferente em cada ocasião.



A seguir, conheça a história de três jovens mineiras que transformaram o costume de compartilhar roupas em negócio. Como o mercado ainda é novo, elas adaptam a ideia ao desejo das clientes.


 



Vestido Jovani 



 


Armário Compartilhado

A administradora de empresas Ana Luisa Elisei Almada, de 30 anos, nunca entendeu por que as mulheres pagam caro por um vestido de festa, que acaba parado no armário. Decidida a encontrar uma solução para o impasse, ela inaugurou a Armário Compartilhado, no Bairro Floresta. "Todo mundo tem dúvida do que fazer com o vestido que compra. Muitas deixam de vender porque sentem carinho pela peça. Ao compartilhar, as clientes ganham dinheiro e o vestido continua sendo delas", comenta.



Há dois anos, a loja abriu as portas com 27 vestidos e hoje são mais de 600. De tempos em tempos, Ana Luisa muda o portfólio para sempre oferecer o que há de mais moderno e o que mais agrada suas clientes. Tecido, atualidade, estado de conservação e modelo diferenciado são alguns dos critérios usados para receber uma peça. "Tafetá já foi muito usado, só que não tem mais procura. Pode até ser um vestido bonito, mas acabo não pegando", exemplifica. Isso também define o preço do aluguel.



As mulheres que decidem compartilhar nunca deixam de ser donas do vestido. Contanto que não esteja previsto um aluguel, elas podem pegar a peça de volta a qualquer hora. Outra vantagem é ter a chance de recuperar o dinheiro investido na compra. Em geral, elas recebem 35% do valor líquido do aluguel, descontando os serviços de terceiros, como costureira, bordadeira e lavagem.



Todos os vestidos do Armário Compartilhado estão disponíveis para prova. "Optamos pela loja física por acreditar que as mulheres desejam experimentar os vestidos, para ver se vão ficar bem no corpo delas." Os preços variam de R$ 250 a R$ 1,1 mil, incluindo a lavagem, ajustes e reparos necessários, que ficam por conta da empresa. O mais caro é da marca norte-americana Terani, inteiramente bordado, que não para na loja. Ana Luisa observa que as clientes, a maioria formandas, mães de noiva e madrinhas de casamento, até pagariam caro por uma peça, mas preferem poupar e alugar.



A equipe do Armário Compartilho trabalha para ser referência no segmento plus size. O site, inclusive, já conta com uma barra específica para mulheres com manequim acima de 44. Outro plano é abrir franquiais nos principais centros urbanos do Brasil e compartilhar vestidos entre as lojas, aumentando, assim, a oferta. A loja também aluga brincos, pulseiras, bolsas e sapatos.
 


 


Special Closet

O plano era alugar os vestidos de festa parados no armário para comprar outros com o valor arrecadado. Bem que ela tentou, mas Mariana Paranaíba, de 22, não conseguiu fechar negócio com as lojas de aluguel. Nenhuma aceitava peças de terceiros. Ao perceber que as amigas encontravam a mesma dificuldade, ela idealizou a Special Closet, com a intenção de alugar os vestidos das interessadas. Atualmente, mais de 300 ocupam as araras de sua loja, no Barreiro.



É como se o vestido continuasse no guarda-roupa da dona. Isso porque a peça está sempre à disposição da cliente, desde que ela faça a solicitação com antecedência. Além de desocupar o armário, a mulher lucra nos períodos em que a roupa estaria guardada. A dona ainda tem a possibilidade de reverter o valor das comissões, que variam de 30% a 35% do valor do aluguel, em outros alugueis. "Por isso, falo que com um único vestido você pode ganhar um closet inteiro de opções", destaca Mariana. Outra vantagem é saber que a peça passará por manutenção sempre que for devolvida.



Boa parte das clientes são do interior, principalmente de cidades universitárias. Em muitos casos, elas se juntam para fazer uma visita à loja e procurar o vestido dos sonhos para a formatura. As peças mais requisitadas do acervo são as que foram usadas em concursos de miss (Mariana já fez parceria com várias candidatas, inclusive de BH). Mesmo com a distância, ela quase não fecha contratos pela internet. Praticamente todos os vestidos precisam de ajustes, portanto é recomendado que a cliente visite a loja para garantir que as medidas fiquem perfeitamente ajustadas ao corpo.



A dona da Special Closet tem percebido o potencial do mercado no interior. Até que existem lojas de aluguel em cidades pequenas, mas as mulheres não querem correr o risco de vestir uma roupa que todas já usaram. Diante disso, o plano dela é abrir lojas em outros municípios. "Como recebo muitos vestidos, poderia trocar o estoque a cada três meses. A dona pagaria uma taxa pequena para já receber 100 peças com potencial alto de faturamento e, assim, conseguiria atender público, sempre com novidades", analisa. Mariana estuda, ainda, montar outra loja na capital.


 


 


My Open Closet


 


Os vestidos do My Open Closet chamam a atenção pelas etiquetas. No acervo, constam peças de marcas internacionais como Dolce & Gabbana, Emilio Pucci e Valentino. "Muitos garimpei durante a vida. Trabalho com moda em São Paulo há muito tempo e tive acesso a bazares exclusivos", explica a economista mineira Lorena Barreto, de 30, que vive na ponte aérea para atender as clientes de BH. Mabel Magalhães, Vivaz, Patricia Bonaldi e Barbara Bela reforçam o time.



Em pouco tempo, formou-se uma fila de interessadas em ocupar parte do armário e Lorena está até com dificuldade de atender a demanda. Ao contrário de que imaginou, as mulheres não demonstram resistência em entregar seus vestidos. "Geralmente, são consumidoras de moda, que estão com muitos vestidos legais em casa, têm apego por eles, mas estão cansadas de usar. Entendem o conceito de economia compartilhada e têm afinidade com tecnologia", analisa.



Os vestidos não precisam ter necessariamente etiqueta de peso, nem ser de última tendência. O que mais importa é o modelo e o tecido. O mais procurado é da marca Patricia Bonaldi, com manga comprida, corpo bordado de pérolas e saia volumosa. Na loja, ele custaria R$ 5,4 mil, mas pode ser alugado por R$ 650. É a dona da peça quem decide o preço do aluguel, que costuma ser de 10% a 15% do valor da compra. Ela também pode assumir todos os trâmites do aluguel, mas normalmente as clientes preferem deixar tudo aos cuidados da empresa. "Quero garantir que o vestido volte para a dona ainda em bom estado, não quero esgotá-lo. Com 10 aluguéis, a cliente ganha o mesmo dinheiro que se tivesse optado pela venda e continua tendo o vestido dela", calcula.



Se o pedido for de BH ou São Paulo, Lorena leva os vestidos disponíveis para a cliente experimentar. Quando a interessada está distante, ela deve informar suas medidas para que sejam feitos os ajustes necessários, o que não exclui a possibilidade de troca. A ideia agora é oferecer um serviço de prova a distância, muito comum no exterior. "A cliente paga uma taxa de prova e mando para ela mais de um vestido durante a semana. Ela devolve o que não quiser", esclarece.
A "dona" do armário adianta que, em breve, vai compartilhar vestidos de noiva.



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